Principal torneio de categorias de base do futebol brasileiro, a Copa São Paulo de Futebol Júnior carrega consigo a missão e o diferencial de ser um forte catalisador de talentos das mais diversas regiões do Brasil. Neste ano, uma das joias que se destacou na primeira fase da competição nacional foi encontrada bruta no Entorno do Distrito Federal e vem sendo lapidada na Academia de Futebol do Palmeiras para alçar maiores voos.
Com apenas 15 anos, o atacante Endrick chamou a atenção do país inteiro com duas grandes apresentações com a camisa alviverde. Nascido em 2006, o jovem se destacou em campeonatos na capital federal. Assim como quando deu o pontapé inicial, as maiores virtudes do futuro craque continuam sendo os dribles e a facilidade em balançar as redes adversárias com a potente perna esquerda.
O desempenho da joia na atual edição da Copinha comprova isso. Em duas partidas, Endrick marcou quatro gols, desponta como o vice-artilheiro e um dos maiores destaques do torneio nacional que reúne 128 times de norte a sul do Brasil. Os elogios ao talento precoce de Endrick extrapolam, até mesmo, a fronteira do Brasil. Artilheiro da Copa do Mundo de 1986, o inglês Gary Lineker repostou o vídeo de um dos gols do palmeirense, mostrando-se surpreso com a habilidade do brasileiro. No Velho Continente, onde é observado por clubes de ponta, o atacante foi tratado por jornais como um “novo Vini Jr.”
As exibições de “gente grande” podem até ser surpresa para quem ouve falar de Endrick pela primeira vez. No entanto, para quem o acompanha desde os primeiros chutes, as partidas em alto nível soam como um caminho natural. O jogador começou em 2010, aos quatro anos, na escolinha Gol de Letra, no Valparaíso, do empresário Fábio Rodrigues. Mesmo com idade inferior — o projeto atendia a partir seis anos —, foi aceito a pedido do pai, Douglas Ramos Sousa, chamou a atenção pela habilidade precoce e virou aposta do dono do espaço à época que, posteriormente, auxiliou nas negociações com o Palmeiras.
Um dos técnicos que trabalhou na evolução do atacante, Silas Eduardo Severino, da escolinha Brazuquinhas, conta que adaptou as atividades para adequar ao potencial do atleta. “O Endrick com quatro anos provava ser uma criança acima da média. Comecei a treiná-lo e observei diferenciais nele, além de fundamentos que podiam ser acrescentados”, explica.
“Fizemos um planejamento de trabalho. Ele treinava na primeira turma, com atletas de dois a três anos mais velhos. Ficava livre, podia driblar e fazer o que quisesse. Com jogadores da mesma faixa etária, podia usar somente a perna contrária. Ele ficava chateado, mas isso o capacitou de usar a perna ruim”, conta.
O talento do atacante rapidamente se sobressaiu. “Como ele teve uma carga de treino maior, ficou muito acima de média, além do dom natural. Isso o levou a chamar a atenção. Em todos os jogos, ele se destaca. Todos viam isso. Uma das características que mais me chamaram a atenção foram a força, objetividade e o poder de finalização”, destaca Silas.
Sempre pulando etapas na base alviverde, ele se firmou como sensação do clube. Em 170 jogos na base, o atacante anotou incríveis 167 gols, foi campeão paulista Sub-11, Sub-13, Sub-15 e Sub20 e virou xodó do elenco profissional, com quem treinou no domingo para ser observado por Abel Ferreira. Felipe Melo, por exemplo, o ajudou na obtenção do primeiro contrato de patrocínio esportivo. Um futuro chamado aos profissionais poderá acontecer em 21 de julho, quando ele completa 16 anos. Até lá, a joia bruta terá ainda mais tempo para evoluir e corresponder, em campo, toda a expectativa gerada.
Covid-19
A trajetória de Endrick na Copa São Paulo de Futebol Júnior será interrompida por alguns dias devido à covid-19. O atacante de 15 anos testou positivo para a doença e está assintomático. Ele foi isolado pelo clube paulista e perderá o jogo do alviverde na segunda fase da competição nacional contra o Mauá. Hoje, o jogador seria opção do técnico Abel Ferreira no primeiro jogo-treino da pré-temporada do time profissional contra a Portuguesa, no Allianz Parque.
*Estagiário sob a supervisão de Danilo Queiroz