Nos gramados, nas pistas, nos tatames, nas águas e nas quadras, diversas mulheres do Brasil fizeram história ao superarem seus desafios pessoais e os que surgiram com a pandemia de covid-19. A consagração de muitas veio na Terra do Sol Nascente, durante as Olimpíadas de Tóquio-2020. Até mesmo os Jogos foram marcados pela maior participação feminina. As conquistas delas reacenderam uma chama de esperança na população que enfrentou um ano difícil, além de permitir que muitas meninas pudessem se identificar com as grandes mulheres que deixaram sua marca em 2021.
Antes de abrir a lista, o Correio faz uma menção honrosa à Miraildes Maciel Mota. Neste ano, Formiga deu adeus à Seleção Brasileira. Eternizada com a camisa canarinho número oito, a jogadora se despediu durante o Torneio Internacional de Manaus, que ocorreu em novembro, e deixou um legado de coragem, força e muita determinação.
A meio-campista acumulou recordes durante a sua passagem pela Seleção. É a atleta, entre homens e mulheres, que mais esteve em Copas do Mundo (sete no total). Com a convocação para as Olimpíadas do Japão, a baiana soma a mesma quantidade de participação nos Jogos. Também é a brasileira com mais jogos com a camisa canarinho. No entanto, para além de números, Formiga foi uma importante jogadora para o desenvolvimento do futebol feminino no Brasil e no mundo, com o seu brilhantismo em campo.
Rayssa Leal
Conhecida como Fadinha, Rayssa Leal encantou a todos com o seu carisma durante as Olimpíadas de Tóquio-2020 e se tornou uma estrela do esporte mundial. Segundo o perfil Twitter Brasil, a skatista foi a 4ª atleta mais comentada do país na rede social e a única feminina na lista. A maranhense de 13 anos é também a brasileira mais jovem a integrar a delegação olímpica e a subir no pódio dos Jogos representando o país.
Rayssa conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas, o título de campeã do Oi STU Open Rio e de vice-campeã do Circuito Mundial de Skate, onde chegou a vencer duas etapas. A maranhense ainda levou para casa o troféu The Visa Awards, que premia o atleta que mais representou os Valores Olímpicos durante os Jogos, e foi eleita a skatista do ano pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk).
Rebeca Andrade
Embalada pela música Baile de Favela, de MC João, na apresentação nas Olimpíadas de Tóquio-2020, Rebeca Andrade colocou o seu nome na história da ginástica artística do Brasil. Com a performance, que resultou na prata, a paulista foi a primeira brasileira a subir no pódio dos Jogos. Pouco depois, a ginasta sagrou-se campeã no salto.
As conquistas na Terra do Sol Nascente marcam a superação de Rebeca. A ginasta sofreu lesão, passou por três cirurgias no joelho e, antes de Tóquio, ficou oito meses afastada. Se os Jogos tivessem ocorrido em 2020, como estavam marcados inicialmente, a atleta teria ficado de fora. Depois das Olimpíadas, Rebeca ainda conquistou o mundial no salto e foi vice nas barras assimétricas.
O esforço de Rebeca e a perseverança para continuar no esporte também foram reconhecidos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). A ginasta foi eleita a melhor atleta do ano durante o Prêmio Brasil Olímpico.
Bia Zaneratto
Beatriz Zaneratto foi o grande nome da Série A1 do Campeonato Brasileiro Feminino de 2021. A atacante atuou pelo vice-campeão, Palmeiras, somente na primeira fase (de pontos corridos). O tempo, entretanto, foi o suficiente para marcar 13 gols em 15 jogos e conquistar a artilharia do torneio.
A jogadora precisou deixar o Palestra quando o contrato de empréstimo chegou ao fim, em agosto. A atacante precisou retornar ao clube chinês Wuhan Xinjiyuan, onde conquistou a Superliga Chinesa.
Ao lado do atacante Hulk, do campeão brasileiro masculino Atlético-MG, Bia Zaneratto foi a jogadora que mais recebeu troféus no Prêmio Brasileirão. Foram três no total: melhor atacante; craque do campeonato; e artilheira.
Vic Albuquerque
A brasiliense Vic Albuquerque termina 2021 com a tríplice coroa. Pelo Corinthians, a jogadora conquistou os títulos de campeã do Campeonato Brasileiro, da Libertadores Feminina e do Campeonato Paulista.
A camisa 17 ainda se sagrou a artilheira do Timão na temporada. A meia-atacante esteve em campo em 42 jogos e marcou 26 gols. Vic também foi eleita a melhor jogadora de agosto do Brasileirão Feminino e a craque da 3ª rodada do Paulistão.
Ana Marcela
A nadadora Ana Marcela Cunha rebatizou as águas com o seu nome em 2021. A baiana conquistou a medalha que lhe faltava na maratona aquática: a reluzente dourada olímpica.
As Olimpíadas de Tóquio-2020 foram a redenção da brasileira, que não conseguiu passe para Londres-2012 e passou despercebida na Rio-2016. No entanto, a atleta desembarcou na Terra do Sol Nascente com 66 medalhas de Mundiais.
A baiana encerrou os compromissos do ano com a conquista do quinto título Mundial para a sua prestigiada estante. Na última sexta-feira (17/12), a Federação Internacional de Natação coroou Ana Marcela, pela sétima vez, como a melhor do mundo na maratona aquática.
Carol Santiago
Maria Carolina Gomes Santiago se tornou a mulher com mais conquistas em uma única edição dos Jogos Paralímpicos. A nadadora conquistou cinco medalhas nas Paralimpíadas de Tóquio-2020, formou um pódio completo e quebrou recorde.
Na Terra do Sol Nascente, Carol Santiago foi campeã três vezes, ao subir no lugar mais alto do pódio das categorias 50m livre S13, 100m livre S12 e 100m peito SB12 (neste, quebrou recorde paralímpico). A pernambucana ainda pendurou no pescoço a prata no revezamento 4x100m livre misto até 49 pontos e o bronze nos 100m costas S12.
Beth Gomes
A atleta paralímpica Elizabeth Rodrigues Gomes, ou simplesmente Beth Gomes, foi um dos grandes nomes de superação das Paralimpíadas de Tóquio-2020, ao derrubar a barreira do etarismo. A brasileira dedicou a vida ao esporte e, aos 56 anos, veio a dourada conquista.
Beth sagrou-se campeã do lançamento de disco na classe F52 e quebrou recorde paralímpico ao atingir a marca de 17,62m, na primeira tentativa. A atleta tem esclerose múltipla. O primeiro surto da doença a tirou do vôlei, o segundo do basquete em cadeira de rodas.
Antes dos Jogos, a paulista sofreu o terceiro surto, que paralisou o lado esquerdo de seu corpo. Com isso, teve que ser reclassificada e deixou o arremesso de peso. No entanto, a “Fênix”, como ficou conhecida pela perseverança, se encontrou no lançamento de disco e renasceu das cinzas, assim como o pássaro da mitologia grega.
Luisa Stefani e Laura Pigossi
Oito dias antes da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Tóquio, a dupla, que representou o Brasil no tênis, recebeu a tão esperada ligação de que iriam participar do maior evento esportivo do mundo.
À época, Luisa e Laura sequer estavam no mesmo continente. Pigossi estava no Cazaquistão, participando de um torneio, e Stefani em casa, nos Estados Unidos.
A dupla chegou de surpresa na capital japonesa para escrever os seus nomes no rol do esporte ao conquistar a primeira medalha olímpica do Brasil na modalidade. As brasileiras batalharam até o último momento contra as adversárias russas, que saíram na frente no início do duelo. Com a virada histórica, Luisa e Laura subiram no pódio e penduraram o bronze no pescoço.
Mayra Aguiar
A judoca entrou para a história do esporte brasileiro ao pendurar a medalha de bronze no peito nas Olimpíadas de Tóquio-2020. Com o pódio, a gaúcha se tornou a primeira brasileira a conquistar três medalhas olímpicas individuais em edições seguidas dos Jogos (Londres-2012 e Rio-2016).
A medalha conquistada na Terra do Sol Nascente teve um significado diferente: superação. Mayra passou 16 meses fora dos tatames, antes dos Jogos de Tóquio. A judoca sofreu contusão, passou por cirurgia e ainda enfrentou as consequências da pandemia no mundo dos esportes.
Na capital do Japão, a gaúcha viu o sonho dourado ir embora, na fase de classificação. Com isso, a judoca caiu na repescagem, onde conseguiu se reerguer para disputar o bronze.
*Estagiária sob a supervisão de Danilo Queiroz