A partida de estreia da Seleção Feminina no Torneio Internacional contra a Índia, nesta quinta-feira (25), ficará marcada pelo adeus de Formiga à camisa canarinho. A jogadora, de 43 anos, entrou em campo para representar o país pela primeira vez aos 17 anos. Nesses mais de 20 anos vestindo o manto brasileiro, acumulou recordes, conquistou importantes títulos e contribuiu com a transformação do futebol feminino no Brasil e no Mundo.
Miraildes Maciel Mota, ou simplesmente Formiga, nasceu em 3 de março de 1978, em Salvador (BA). À época, ainda estava vigente o decreto-lei de 1941, que proibia mulheres de jogarem futebol no Brasil. O decreto caiu um ano depois, em 1979, mas mesmo assim, a meia-campista sentiu os efeitos da exclusão, principalmente quando tentava dar as primeiras bicudas na redonda, nos babas (como chama as peladas no estado da Bahia) dos campos do bairro Periperi, no Subúrbio Ferroviário da capital baiana.
Formiga afirmou, em algumas ocasiões, que teve o apoio de sua mãe, quando começou a jogar futebol, aos 12 anos. Enquanto os seus irmãos só permitiam que ela participasse dos babas se eles também estivessem em campo. Porém, isso nunca a impediu de jogar sozinha, mas depois apanhava pela desobediência.
A meia-campista também teve que escutar pessoas chamarem ela de “mulher-macho” e falarem que ia engravidar cedo por estar sempre cercada de meninos. Mas, felizmente, todo o preconceito não a impediu de insistir no seu sonho, para a sorte de milhões de torcedores brasileiros, que puderam ver uma das maiores futebolistas da história em ação.
A passagem majestosa pela Seleção
Formiga dedicou exatamente 26 anos à Seleção Brasileira. A jogadora fez sua primeira aparição na Copa do Mundo Feminina de 1995, na Suécia, que também foi a segunda edição do torneio. Na ocasião, a meia-campista pegou emprestado as camisas da conquista do tetra de Romário, de Bebeto e de Dunga. O Brasil teve uma participação tímida e ficou para trás ainda na fase de grupos.
Depois que chegou à Seleção, a jogadora não saiu mais. Formiga participou de todas as edições seguintes do campeonato mundial. Ao todo, foram sete Copas do Mundo, em que a meia-campista pode brilhar nos gramados e conquistar o título de vice-campeã, em 2007, e o terceiro lugar, em 1999. Com isso, tornou-se a atleta, entre homens e mulheres, com mais participações no torneio, em todo o mundo.
A meia-campista soma a mesma quantidade de participações em Olimpíadas. Com a convocação para Tóquio-2020, juntou-se ao velejador Robert Scheidt no topo do ranking de brasileiros que mais estiveram nos Jogos Olímpicos. Formiga ainda conquistou duas vezes a medalha de prata, em Atenas-2004 e Pequim-2008.
Em 2019, ultrapassou Cafu ao se tornar a atleta com mais jogos pela Seleção Brasileira. Formiga se despede da sua emblemática camisa canarinho número oito com 29 gols e 233 jogos.
No Torneio Internacional de 2016, em Manaus, a jogadora ensaiou a sua despedida. Com uma vitória de 5 a 3 sobre a Itália, a meia-campista se aposentou em uma partida com muitas homenagens dedicadas a ela. Em 2018, desistiu da aposentadoria para voltar a vestir a camisa canarinho na Copa América. E, mais uma vez, a torcida brasileira teve a sorte de poder ver Formiga nos gramados por mais alguns anos - e em televisão aberta.
Agora, este adeus parecia que iria doer menos, mas não vai. Formiga deixa um legado de coragem, de força e de esperança. Ela, junto a tantas outras grandes jogadoras, abriu portas para que a nova geração pudesse ter seu espaço no futebol. Miraildes Maciel Mota sai de cena, abre espaço para as jovens meninas, mas entra para o panteão do esporte brasileiro e jamais será esquecida.
Programe-se
Torneio Internacional de Futebol Feminino
Brasil x Índia
Data: 25/11, às 22h (de Brasília)
Local: Arena da Amazônia (Manaus - AM)
Transmissão: SporTV
*Estagiária sob a supervisão de Marcos Paulo Lima