LIBERTADORES

Análise: apontamos os pontos fortes e fracos de Palmeiras e Flamengo

No esquenta da decisão, listamos o que os candidatos ao título da Libertadores têm de melhor e mais preocupante para a finalíssima brasileira no Estádio Centenário, em Montevidéu

Victor Parrini*
postado em 27/11/2021 09:40 / atualizado em 27/11/2021 14:31
Rivais decidem a Libertadores sete meses depois da final da Supercopa do Brasil, em Brasília, conquistada pelos rubro-negros -  (crédito: Alexandre Vidal/Flamengo)
Rivais decidem a Libertadores sete meses depois da final da Supercopa do Brasil, em Brasília, conquistada pelos rubro-negros - (crédito: Alexandre Vidal/Flamengo)

Acabou a espera. Neste sábado (27/11), Palmeiras e Flamengo, campeões de quatro das últimas cinco edições do Campeonato Brasileiro e das últimas duas versões da Libertadores, duelam pelo título continental no Estádio Centenário, em Montevidéu. A bola rola às 17h, mas, antes do primeiro giro do cronômetro, o Correio aponta cinco pontos fortes e fracos dos times alviverde e rubro-negro.

Atual campeão da América, o Palmeiras desembarcou no Uruguai pronto para ampliar recordes. O alviverde é disparado o clube brasileiro que mais partidas disputou na Libertadores — são 210 contando com a final — e, ao lado do São Paulo, é a equipe verde-amarela mais frequente em finais continentais (1961, 1968, 1999, 2000, 2020 e 2021). A história no torneio pode ser coroada com o tricampeonato.

Os trunfos palestrinos

Uma engrenagem campeã é composta por pilares capazes de mudar a história de partidas e brilhar em decisões como a de sábado. O primeiro ponto forte palmeirense joga isolado, debaixo das traves. O goleiro Weverton tem a missão de defender, mas, ultimamente, vem fazendo muito mais que isso, ao servir os companheiros em ligações diretas para Rony e Dudu, naquela que é a principal jogada da equipe.

“Defesa que ninguém passa”. O trecho do hino palmeirense pode ser uma referência direta a um zagueiro e uma das figuras de maior liderança da equipe. No Verdão, o sinônimo de raça, técnica e segurança atende pelo nome de Gustavo Gómez. Peça-chave na proposta de jogo do técnico Abel Ferreira, o defensor paraguaio cumpre à risca a cartilha de um bom defensor com presença ofensiva.

Para levantar mais uma taça, o Palestra conta com o experiente Felipe Melo. Ele até chegou a compor o miolo de zaga alviverde. Mas, pelas lesões, perdeu o espaço que será reconquistado na decisão contra o Flamengo. Abel Ferreira garantiu o volante entre os 11 iniciais e rasgou elogios ao comandado. “Ele tem esta aura de títulos, e nos empresta esta experiência”, declarou o técnico.

Os triunfos do time paulistas vêm sendo definidos por um trio que pode incomodar a retaguarda flamenguista. Juntos, Raphael Veiga, Dudu e Rony marcaram 33 dos 108 gols palmeirenses na temporada, ou seja, pouco mais de 30% das ações ofensivas tem a marca desses três pares de chuteiras.

Para fechar os trunfos alviverdes para decisão, é importante citar a força do conjunto. Apesar das referências, nem todos podem ser considerados craques de bola. Mesmo assim, sob a batuta do treinador lusitano, estão prontos para colocar o Palmeiras na prateleira dos maiores vencedores do Brasil na Libertadores.

As adversidades paulistas

Mesmo com altos investimentos e peças de destaque no elenco, o Palmeiras ainda é uma equipe com dificuldades para propor o jogo. Com Abel Ferreira, o time prefere se comportar de forma reativa e esperar pelo contra-golpe.

Final é um jogo à parte, mas o Palmeiras vem de três derrotas no Brasileirão e chega à decisão em situação oposta ao rival carioca. Mesmo sob algumas críticas dos flamenguistas, Renato Gaúcho e seus comandados desembarcaram no Uruguai com nove partidas de invencibilidade.

Chegar “inteiro” em uma final é sempre importante. Porém, Abel Ferreira não conta com 100% de seus titulares. A ausência sentida é por conta do titular da lateral direita Marcos Rocha, suspenso pelo acúmulo de cartões amarelos. Mayke pode ser a alternativa para o setor.

Diferentemente da final da Libertadores 2020, contra o Santos, o Verdão precisará resolver o duelo com o que tem de melhor e evitar depender de coadjuvantes e lampejos dos suplentes, como foi o caso de Breno Lopes, ao marcar o único gol do triunfo palmeirense no Maracanã. Os titulares precisam estar afiados.

O retrospecto é algo que pode pesar negativamente para o alviverde. Nos últimos quatro jogos contra o Flamengo, os paulistas foram derrotados em três e superados em uma decisão por pênaltis, no Mané Garrincha, no confronto que valia o título da Supercopa do Brasil.

As forças rubro-negras

Time mais popular do Brasil, o Flamengo contará com forte presença de sua torcida no Estádio Centenário. Segundo apuração do jornalista Daniel Lavieri, do UOL Esporte, até a terça-feira (23/11), o rubro-negro havia comercializado quase o dobro de ingressos da categoria quatro, em comparação ao Palmeiras. Apoio não faltará.

Reforços e retornos são as principais expectativas flamenguistas para desequilibrar a decisão continental. A equipe da Gávea contará com os “europeus” David Luiz e Andreas Pereira entre os titulares, além da ajuda mais que bem-vinda de uma cria uruguaia: o meia Arrascaeta.

Experiência e entrosamento são pré-requisitos para a conquista de um título. Isso Flamengo tem para dar e vender. Diego Alves, Filipe Luís, Rodrigo Caio, Willian Arão, Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa, todos prováveis titulares neste sábado, são os remanescentes da conquista continental de 2019 e esperam fazer a diferença novamente.

Todo campeão tem um xodó ou talismã para chamar de seu. No Flamengo, esse tipo de jogador é mais conhecido como Michael. Nas mãos do técnico Renato Gaúcho, o camisa 19 vem arrebentando e superado expectativas. Nos últimos oito jogos, o atacante balançou as redes sete vezes. Na final, pode aprontar novamente.

O Estádio Centenário faz parte da história do Flamengo. Em 1981, o rubro-negro atuou no principal palco uruguaio contra o Cobreloa e levou a melhor por 2 x 0 no jogo desempate e levantou o primeiro troféu continental. A história pode ser repetida 40 anos depois por uma geração que anseia colocar o Flamengo entre os maiores brasileiros campeões da Libertadores.

Tribulações flamenguistas

O Flamengo de Renato Gaúcho tem uma proposta de jogo muito bem definida: atacar. Isso pode ser um complicador? Até onde vai o repertório rubro-negro em partida valendo a taça da América? O time precisa encontrar alternativas para burlar a forte marcação alviverde.

Quando o assunto é bola aérea, a defesa costuma ter dificuldades para afastar os perigos. E jogando diante de um adversário retraído, que abusa de lançamentos, escanteios e bolas alçadas, a atenção dos defensores, principalmente Rodrigo Caio e David Luiz — prováveis titulares — deve ser constante.

Apesar do dito popular de que “clássico é clássico e vice-versa”, pela quantidade de peças capazes de decidir uma partida e retrospecto direto, o Flamengo detém leve favoritismo para superar os paulistas no Uruguai. Contudo, é preciso ter a cabeça no lugar e lembrar de que são 90 minutos onde tudo pode acontecer.

Em decisões, assim como o fator psicológico, o físico também precisa de cuidados minuciosos. O time carioca disputou 70 partidas oficiais na temporada 2021. Nesse período, precisou lidar com perdas por importantes por lesões, como Pedro, Rodrigo Caio, Bruno Henrique e outros nomes. O cansaço pode bater, a mente pensar e a perna não responder.

Os números da temporada mostram que o Flamengo de Renato Gaúcho é uma equipe com dificuldades para reverter derrotas. Em 2021, foram apenas quatro. A última delas sobre o Palmeiras, na vitória por 3 x 1, em pleno Allianz Parque, pelo Brasileirão. Portanto, é preciso abrir o olho para não sair em desvantagem em solo celeste.

 

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima

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