O caso de homofobia do atleta de vôlei Maurício Souza, repercutido nas últimas semanas, levou a seu afastamento do Minas Tênis Clube, além de pagamento de multa e de retratação pública. O preconceito no cenário esportivo, no entanto, não é recente. Foi cometido por atletas brasileiros de diversas modalidades, causando punições e questionamentos por parte da torcida e diretoria de clubes.
Maurício publicou, em sua página no Instagram, posicionamento contrário à sexualidade de Jon Kent, a nova identidade do Superman. Em seu perfil, o atleta repostou a foto oficial do anúncio realizado pela DC Comics: “Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar”.
A declaração causou seu afastamento direito do clube, além de multa de retratação exigida pelo Minas Tênis Clube. Em suas redes sociais, Maurício tentou, em vídeo retratar-se com pedido de desculpas por “opinião e por defender aquilo em que acredita”.
Assim como o caso de Maurício, relembre outros atletas brasileiros que deram declarações homofóbicas:
GANSO
O jogador de futebol Paulo Henrique Ganso fez uma declaração homofóbica. Na época, atleta do Santos Futebol Clube deu “Graças a Deus” por nenhum jogador de sua equipe ser gay, após ser questionado.
Após o comentário e com a repercussão negativa, Ganso pediu desculpas e afirmou ter acontecido um mal-entendido em sua fala.
MINOTAURO
O ex-atleta de MMA Rodrigo Minotauro também já fez comentários homofóbicos. Em 2011, o lutador afirmou que não teria nenhum aluno gay, pois tinha receio de que se aproveitassem do contato no momento dos treinamentos. A declaração foi em entrevista para a revista Trip:
“Eu não treinaria com gay. Eu não tenho maldade, não acho aquele contato físico sexual. Mas vai que ele tem essa maldade de ter um contato físico comigo, de ficar ali agarrando”, disparou o ex-atleta.
TANDARA
Outra ocorrência de preconceito contra orientação sexual ou identidade de gênero que também repercutiu no vôlei foi da jogadora Tandara. A jogadora se posicionou contra a presença de Tifanny na Liga Feminina de Vôlei. Tifanny é uma mulher trans, que em 2018 se tornou a primeira pessoa transgênero a frequentar a competição feminina. As duas atuam juntas na equipe do Osasco Voleibol Clube, em São Paulo
IMPACTOS NAS TORCIDAS E NOS ATLETAS
De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Monash, em Melbourne, na Austrália, 42% de atletas LGBTQIA já sofreram preconceito no esporte. Da temporada de 2019 para a de 2020, os casos de homofobia no futebol tiveram um aumento espantoso de 95% nas denúncias, segundo o relatório da ONG Kick it Out.
Nos últimos anos alguns clubes de futebol como o Bahia estão criando campanhas de conscientização contra a LGBTfobia para tentar barrar o preconceito tanto nas arquibancadas quanto dentro das quatro linhas.
As próprias torcidas dos clubes têm demonstrado repúdio aos atos homofóbicos entre atletas. A torcida Independente, que incentiva o Minas Tênis Clube durante as partidas, se posicionou contra as declarações recentes de Maurício. Em nota divulgada pela torcida, foi declarado rompimento do apoio ao atleta.
“Homofobia é crime inafiançável no Brasil, passível de cadeia. No ano passado, 224 LGBTQIA foram assassinados no país, um dos mais violentos do mundo. É inaceitável que tenhamos que ver, calados, atos criminosos serem cometidos por um jogador que veste a nossa camisa como se fossem normais” comentou a torcida.
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