Vôlei

Minas multa e afasta central Maurício Souza por publicação homofóbica

Após sofrer pressão das duas principais patrocinadoras, clube mineiro decidiu multar e afastar o central que também defendeu a Seleção Brasileira nas Olimpíadas de Tóquio. O atleta aceitou se retratar

O central Maurício Souza foi afastado pelo Minas Tênis Clube, nesta terça-feira (26/10), por publicações homofóbicas nas redes sociais após pressão dos dois principais patrocinadores do time. O jogador, que defendeu a Seleção Brasileira de vôlei nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, criticou o anúncio da DC Comics que divulgou, em 12 de outubro, a bissexualidade do novo Super-Homem nas próximas edições dos quadrinhos. O atleta também será multado pelo clube e terá de se retratar.

"A é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar...", comentou Maurício Souza, ao republicar a imagem de divulgação dos quadrinhos em que aparecem dois rapazes, sendo um deles o novo Super-Homem, se beijando. A atitude do central criou com o ponteiro Douglas, também jogador da Seleção, que é homossexual. 

Também na internet, Douglas Souza comemorou onovo personagem dos quadrinhos ser membro da comunidade LGBTQIA+. "Engraçado que eu não virei heterossexual vendo os super-heróis homens beijando mulheres. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito, mas eu tenho uma novidade pra sua heterossexualidade frágil. Vai ter beijo sim. Obrigado DC por pensar em representar todos nós e não só uma parte", publicou. 

Diante do caso, o Minas primeiro posicionou-se defendendo a liberdade dos atletas de se expressarem livremente em suas redes sociais". Mas a atitude branda foi confrontada pelas patrocinadoras da equipe, que pediram "medidas cabíveis" ao clube.

Após a pressão, dirigentes do clube mineiro se reuniram com Maurício Souza nesta terça-feira.  Entendendo que não havia clima para o atleta atuar nos próximos jogos, o time cogitou rescindir o contrato do central. Mas a decisão final, chegada em comum acordo, foi afastá-lo das quadras por tempo indeterminado, além de aplicar um multa. No encontro, o atleta concordou em se retratar pela publicação. 


Pressão das patrocinadoras 

A Fiat foi a primeira patrocinadora do Minas Tênis Clube a se manifestar contra as publicações homofóbicas de Maurício Souza. "A Fiat declara repúdio a toda e qualquer expressão de cunho homofóbico, considerando inaceitáveis as manifestações movidas por preconceito, ímpeto desrespeitoso ou excludente (...). A Fiat repudia qualquer tipo de declaração que promova ódio, exclusão ou diminuição da pessoa humana e espera que a instituição tome as medidas cabíveis e necessárias no espaço mais curto de tempo possível".

Depois foi a vez de a Gerdau endossar a pressão por uma atitude mais incisiva diante das publicações protagonizadas por Maurício Souza. "A Gerdau repudia qualquer tipo de manifestação de cunho preceituoso ou homofóbico. Sobre as declarações recentes do atleta Maurício Souza, jogador do Fiat/Gerdau/Minas, a empresa já pediu a posição oficial do clube sobre as tratativas necessárias ao caso para adotar as medidas cabíveis, o mais breve possível", publicou. 

A produtora de aço ainda reiterou que "decidiu patrocinar os times masculino e feminino do Minas também pelo poder de inclusão da modalidade, que inclui atletas que representam bem a diversidade brasileira". 

Após toda a repercussão do caso, com os devidos desdobramentos, o ponteiro Douglas agradeceu o posicionamento das empresas patrocinadoras. 

 

Veja a nota oficial do Minas 

“O Minas Tênis Clube está ciente do posicionamento público do atleta Maurício Souza, do Fiat/Gerdau/Minas. Todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se expressar livremente em suas redes sociais. O Clube é apartidário, apolítico e preocupa-se com a inclusão, diversidade e demais causas sociais. Não aceitamos manifestações homofóbicas, racistas ou qualquer manifestação que fira a lei. A agremiação salienta que as opiniões do jogador não representam as crenças da instituição sócio desportiva. O Minas Tênis Clube pondera que já conversou com o atleta e tem orientado internamente sobre o assunto.”