Basquete

Um negócio voltado para o Brasil

Entenda por que a nova temporada começa hoje cada vez mais interessada no mercado nacional

A qualidade do jogo, o espetáculo e o glamour das estrelas da NBA seduzem homens e mulheres no Brasil. Em uma terra onde futebol é religião, a Liga dos Estados Unidos de Basquete, cuja nova temporada começa hoje e vai até 19 de junho de 2022, está avançando em um ritmo constante.

Emiliana Ramos começou seu caso de amor com o esporte na década de 1990, vendo as performances de Michael Jordan e Scottie Pippen no Chicago Bulls. Agora com 42 anos, a gerente de produto de uma empresa de tecnologia de São Paulo pensa a cada temporada por qual quinteto e jogador torcerá.

“O basquete é tratado como espetáculo, é um produto mesmo, então, ele chama a atenção porque não é só o jogo que acontece na quadra, tem toda a forma de merchandising, comercialização de camisas, há uma movimentação um pouco similar ao que acontece com o futebol aqui no Brasil”, disse à reportagem em uma quadra de um clube, na Zona Norte da capital paulista, onde joga basquete com outras mulheres.

Algumas de suas companheiras do time amador Fulaninha usam camisetas do Los Angeles Lakers ou estampas genéricas da NBA. Ramos veste a de número 1 de Zion Williams, ala do New Orleans Pelicans. Assim como ela, milhares de brasileiros se interessam cada vez mais a cada temporada pelo basquete americano. No primeiro semestre de 2021, a NBA registrou 45 milhões de torcedores no Brasil, 31% a mais que no início de 2019, segundo pesquisa do Ibope Repucom.

Prioridade
Sem atletas brasileiros renomados na liga americana, o Brasil se tornou o segundo mercado prioritário da NBA fora dos Estados Unidos, atrás da China, afirma Rodrigo Vicentini, representante da competição no território brasileiro. “O país é extremamente importante, muito estratégico para o campeonato e para o desenvolvimento do basquete”, diz o executivo. “Vamos continuar a crescer aqui, independentemente da religião do futebol”, projeta.

A NBA desembarcou oficialmente em 2004 no Brasil com o objetivo de ampliar a torcida neste país de 213 milhões de habitantes e com algumas conquistas memoráveis no basquete, como a vitória sobre os Estados Unidos na final dos Jogos Pan-americanos de Indianápolis-1987.

Desde então, organizou partidas entre times dos dois países, abriu lojas e escolas de basquete, firmou convênios com a Liga Brasileira de Basquete (NBB) e promoveu a transmissão dos jogos pela televisão. Resultado: um crescimento contínuo impulsionado, segundo Vicentini, pelo gosto brasileiro pelo esporte, pela predileção das novas gerações por consumir modalidades diversas e por uma questão aspiracional relacionada à marca NBA.

Na Avenida Paulista, em São Paulo, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, ou em Brasília não é incomum ver pessoas com camisetas, acessórios ou bonés de LeBron James, Stephen Curry ou do memorável Kobe Bryant. “Muitos deles podem não saber quem é LeBron James, mas por que usam as camisas dele? Porque acompanham o look dele”, explica Vicentini. Neymar ou Lionel Messi, estrelas do futebol, têm contribuído para quebrar a barreira entre os dois esportes ao posar com uniformes de times de basquete.

Particularidade
Alana Paludo Chiochetta, de 26 anos, veste uma camiseta roxa de Lebron James, estrela dos Los Angeles Lakers que desafia Jordan como o melhor jogador de basquete da história. A administradora paranaense se lembra de quando o viu jogar pelo Miami Heat durante viagem aos Estados Unidos, em 2011. Agora, ela o homenageia de longe com suas cores nos treinos da Fulaninha. Apaixonada pelo basquete desde os 10 anos de idade, a cada temporada Chiochetta acompanha os play-offs. “Eu me envolvi e não consegui parar”, afirma.

Ela encarna uma peculiaridade da NBA no Brasil: as mulheres são quase metade (45%) dos torcedores dessa liga e costumam ter uma forte ligação com a competição, o que se traduz em mais conhecimento do jogo e das regras do que os homens, segundo Vicentini. “É um número que chama a atenção. Tradicionalmente, existe um consumo majoritário de homens”, destaca o executivo, sem saber explicar os motivos do fenômeno.

Antes encantadas apenas com o futebol, as mulheres da família de Pedro Nunes, jogador do Corinthians , que participa do NBB, agora também assistem aos jogos de basquete. “Tem muita gente assistindo à NBA, estou cada vez mais impressionado”, diz Nunes. “Muitos nunca jogaram basquete e, agora, vêm me contar sobre isso. Às vezes, eles sabem mais do que eu.”

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Abertura
Hoje
Brooklyn Nets x Milwaukee Bucks
Golden State Warriors x Lakers
Na telinha: Band, ESPN e SporTV

“O país é extremamente importante, muito estratégico para o campeonato e para o desenvolvimento do basquete”, diz o executivo. “Vamos continuar a crescer, independentemente da religião do futebol”

Rodrigo Vicentini, representante da NBA no Brasil