Marcados pela retomada das competições presenciais, os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) 2021, realizados em Brasília, são mais uma prova do crescimento dos esportes eletrônicos. Disputado pela quinta vez nos JUBs, os e-Sports tornaram-se também uma alternativa de ingresso no ensino superior. “As instituições de ensino superior investiram em atletas e em equipes, melhoraram a estrutura de treinos e ofereceram bolsas de estudos não só para atletas de modalidades tradicionais, mas também para e-atletas”, observa Sérgio Medeiros, coordenador de e-Sports na Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU).
Segundo Medeiros, a ampliação dos Jogos Universitários e o grande sucesso das modalidades de esportes eletrônicos tornou cativo o público, que desconhecia o potencial dos e-Sports. Os jogos eletrônicos chegaram ao JUBs na edição de 2016. À época, aconteceram somente as competições de futebol eletrônico com o uso do jogo Fifa 2016. Na edição seguinte, de 2017, foi incluído o League of Legend (LoL).
Segundo o coordenador de streaming da CBDU, André Pimentel, um ponto de virada para a popularização dos torneios de esportes eletrônicos nos Jogos Universitários foi a migração das transmissões do Facebook para a Twitch. A nova plataforma foi usada na primeira edição dos JUBs e-Sports de 2020, período que o mundo já enfrentava a pandemia de covid-19. Devido ao isolamento social e à migração de muitas atividades para o meio digital, a modalidade ganhou ainda mais força.
A consolidação
Após a inclusão de mais jogos eletrônicos nos eventos universitários e em razão das normas sanitárias e da impossibilidade da realização de eventos presenciais, a modalidade ganhou um torneio independente em 2020, batizado de JUBs eSports. De acordo com Sérgio, a CBDU aproveitou o sucesso dos Desafios de e-Sports, que ocorreu no primeiro semestre de 2020, e remodelou a maneira de promoção de eventos para fazer o primeiro de forma totalmente on-line.
A primeira edição da competição reuniu 450 atletas, já a segunda teve um salto para 1058 players, disputando a fase classificatória. “Acho importante destacar o JUBs eSports 2021, porque foi um evento que serviu para validar a importância dos e-Sports no calendário de competições da CBDU. Ele fugiu do modelo federativo de seletivas e bateu o martelo na aceitação do público e de atletas acerca dos esportes eletrônicos”, afirma André Pimentel. O JUBs Brasília 2021 recebeu as tradicionais competições de futebol eletrônico, com o Fifa 2021, e de LoL. Clash Royale, Counter Strike GO, Free Fire e Poker também estiveram presentes na programação.
“Ter o e-Sports no JUBs é uma forma do cenário ter cada vez mais visibilidade e prestígio. Tenho certeza que é a principal porta de entrada para, no futuro, vermos os players nas Olimpíadas ou em outros torneios pelo mundo. É um dos mercados que mais cresce em relação ao esporte”, projeta Ulisses Selles, estudante de engenharia de produção na Universidade Anhembi Morumbi de São Paulo. Ele ficou com o terceiro lugar do pódio do futebol eletrônico. O atleta joga desde 2013, mas mergulhou no mundo das competições somente em 2020.
Os jogos eletrônicos na UnB
A Universidade de Brasília (UnB) tem a tradição de lançar atletas para o mundo em razão do espaço da instituição, que é apropriado para a prática de diversas modalidades, do constante investimento no esporte e do incentivo às comunidades acadêmica e externa para exercitar-se. Os esportes eletrônicos vem seguindo a mesma tendência dentro da instituição de ensino da capital federal.
Assim como o JUBs, a prática de esportes dentro da UnB foi impactada pela pandemia de covid-19. Com os primeiros casos confirmados no Distrito Federal, a universidade paralisou todas as atividades presenciais da instituição. Em busca de integração, a comunidade acadêmica se organizou em alguns momentos entre 2020 e 2021 para promover torneios de e-Sports.
A Faculdade de Comunicação já recebia anualmente torneios de esportes eletrônicos, organizados pela Atlética Hermética. A última edição, batizada de On-limpíadas, ocorreu em março deste ano.
A Liga das Atléticas (LAUnB) organizou duas edições da Copa Solidária que movimentou todos os cursos de graduação. “Fizemos transmissões e várias pessoas que nunca tiveram contato com nenhuma das modalidades se interessaram e se divertiram muito. Várias atléticas ainda puderam descobrir talentos que não tinham ideia”, conta a diretora administrativa da liga, Iris Moraes. Segundo ela, nas duas edições, a organização conseguiu patrocínio para os ganhadores, o que deu aquele gostinho dos campeonatos mais tradicionais.
O último torneio da UnB foi organizado pelos Centros Acadêmicos em parceria com a Diretoria de Esportes e Atividades Comunitárias/DAC/UnB. O Festival de Esportes Eletrônicos e Atividades Comunitárias (FEAC) fez parte das atividades de boas-vindas aos calouros de 2021. Lucas Moraes, estudante de jornalismo, comemora que jogos praticados por ele e outros tantos jovens comecem a entrar no cenário competitivo estudantil brasileiro.
“Pelo mundo, há vários campeonatos grandes de jogos eletrônicos com diversas possibilidades profissionais. Ficamos felizes de ser agregados nos JUBs e poder competir com diversos brasileiros. Fora que a pandemia de covid-19 ajudou a dar visibilidade ao mundo virtual e digital, pela impossibilidade de esportes de contato físico”, completa o estudante que participou dos torneios na UnB.
*Estagiários sob supervisão de Maíra Nunes
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