JUBs 2021

Conheça a geração olímpica que marca presença nos Jogos Universitários

Nove atletas com experiências em Olimpíadas desembarcaram na capital federal para a disputa da competição universitária mais importante do Brasil

Victor Parrini*
postado em 15/10/2021 22:40 / atualizado em 15/10/2021 22:41
 (crédito: Satiro Sodré/SSPress/CBDA)
(crédito: Satiro Sodré/SSPress/CBDA)

A cada ciclo olímpico que se encerra, é dito que o esporte brasileiro se renova. E 2021 está aí para provar isso. Nos Jogos de Tóquio-2020, o país conquistou 21 medalhas e superou os 19 pódios da Rio-2016, estabelecendo um novo recorde de conquistas. Parte da evolução verde-amarela em disputas de alto rendimento passa pelo investimento em jovens.

Para se ter ideia, nove competidores que participaram da 68ª edição dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), realizado em Brasília, estiveram em Tóquio-2020 ou na Rio-2016 para disputas olímpicas. O Correio separou a lista dos atletas universitários que lidam, além dos desafios dos treinamentos intensos, com o compromisso com os estudos.

Ana Carolina Vieira

A nadadora paulistana conta que iniciou sua trajetória no esporte ainda criança, quando entrou para as aulas de natação e nunca mais saiu. Hoje, aos 24 anos, Ana Carolina estuda design de interiores e explica que o desafio de conciliar as rotinas de aulas, treinos e competições. “É um pouco complicado, pois o treinamento é bem intenso. Mas nas horas livres sempre encaixo algumas horas de estudo”, compartilha.

Para Ana Carolina, ter disputado os Jogos Tóquio-2020 foi uma realização, quando competiu no revezamento 4x100m livre feminino. “Foi uma baita experiência como atleta e como pessoa. É uma sensação indescritível estar representando o esporte brasileiro."

Inserida no esporte e na educação, a nadadora reforçou a importância da caminhada conjunta entre sonhos e estudos. “Nunca deixe de estudar, mas também nunca deixe de seguir seus sonhos. É uma rotina complicada e exige muito esforço, mas se é algo que você gosta, batalhe até o final.”

André Humberto

Estudante de administração, o judoca André Humberto, 24 anos, é mais um nome do esporte brasileiro com experiência olímpica e que desembarcou para o JUBs 2021. O mineiro conta que ingressou no esporte aos cinco anos, se apaixonou e não desgarrou da prática.

Campeão brasileiro e pan-americano sub-18, André avalia que, apesar da proporção do JUBs, o Brasil ainda tem muito a melhorar no cenário esportivo geral. “Não digo isso pelos atletas, mas, infelizmente, pelo país que não valoriza e nem oferece o incentivo e o apoio suficiente. Mas eventos como esse mostram que estamos no caminho certo”, comenta.

Encontrar tempo para treinos e estudos é o maior desafio para o judoca. No entanto, ele enxerga com bons olhos os desafios cotidianos. “Minha maior gratificação é seguir a minha profissão de atleta, podendo fazer um curso superior para me agregar ainda mais conhecimento e engrandecer minha trajetória não só no esporte mas em outras áreas da minha vida”, ressalta.

Em mais um exemplo de que educação e esporte podem caminhar juntos, André encoraja os jovens que querem seguir nas práticas, mas sem abandonar a vida acadêmica. "Vai chegar uma hora que vai parecer que você precisará escolher entre um dos dois, mas estou aqui para dizer que você não precisa fazer isso”, frisa. “Hoje em dia, temos várias ferramentas que vão te ajudar nesse processo, e, com organização e dedicação, você consegue conciliar os dois”, finaliza.

Yasmin Lima

Pentacampeã da categoria meio-leve, a judoca Yasmin Lima superou alguns paradigmas para entrar no esporte. Aos quatro anos, começou a treinar na escola, mesmo contra a vontade da mãe. A atleta conta que sua mãe enxerga a prática como “esporte de homem”. Porém, a insistência da lutadora venceu e ela vem trilhando uma trajetória de sucesso.

A vontade de seguir no esporte a levou a Tóquio e proporcionou ótimos sentimentos. “Pude sentir a sensação, respirar ares Olímpicos, treinar para a Olimpíada. Sabe aquela chama acesa que tem dentro de você? A minha ficou em erupção depois disso. Agora estou ainda mais motivada para alcançar meus objetivos”, disse.

Estudante de educação física e administração de empresas, Yasmin compartilha que seu foco está em competir em mundial e olimpíadas, mas que também se dedica para fazer bonito na vida acadêmica. "Eu prefiro aprender de verdade e assim conciliar e ir me formando enquanto foco no meu sonho”, complementa.

Impactada pelos desafios da rotina de atleta e estudante, a judoca de 24 anos diz que o esporte teve um papel ainda mais fundamental na sua vida. “O esporte literalmente te prepara para vida, eu não teria condições de fazer uma faculdade se eu não tivesse decidido ser atleta e lutar todo dia pelos meus sonhos”, declarou.

Milena Ribeiro

Inserida em uma família de judocas, a trajetória de Milena Ribeiro com o esporte não poderia ser diferente. Aos seis anos, ela teve o primeiro contato com a modalidade que carrega consigo até hoje. Porém, os desafios vão além dos tatames, a atleta encontra maneiras de encaixar as rotinas de treinos, competições e os estudos do curso de fisioterapia.

“É bastante complicado, principalmente em semana de prova e competição. Perco alguns dias de aula. Mas é bom ter uma rotina e ocupar a cabeça com outra coisa além do esporte”, conta. “Amo meu curso. Então, mesmo cansada, tenho prazer em ir para a faculdade e chegar no final do dia com a sensação de dever cumprido”, compartilha.

A judoca diz que uma rotina cansativa, feita com excelência, dá resultados. “Não desistam dos seus sonhos, o esporte também abre grandes portas para o estudo”, reforçou.

Um dos resultados recentes do esforço de Milena foi a presença em Tóquio, como apoio para os colegas judocas que competiram nas olimpíadas. “Mesmo sem ter ido à vila olímpica, foi uma experiência incrível, poder ajudar os atletas e sentir aquela energia foi surreal. Voltei para casa com a bagagem cheia de aprendizado”, disse.

Paulo André Camilo


Incentivado pelo pai, o velocista Paulo André Camilo é um dos grandes do atletismo e do esporte universitários brasileiro. O atleta de 23 anos esteve nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas não conseguiu grandes resultados. No entanto, desembarcou em Brasília para fazer bonito no JUBs 2021.

Na disputa dos 100m rasos, o capixaba confirmou o favoritismo ao finalizar a prova na marca de 10.52s. A performance o levou ao seu bicampeonato no JUBs. "Saio feliz, é a minha primeira competição pós-Tóquio. O Japão foi muito especial, eu saí um pouco triste com meu desempenho, mas voltei às pistas e estou mais motivado para chegar em Paris-2024 e trazer uma medalha para o nosso país”, declarou.

Alexsandro Melo

Atleta do salto triplo, Alexsandro Melo está no atletismo desde 2008 e conta que optou trocar a corrida pelo salto em distância. “Eu cheguei na pista e fiz alguns testes. De primeira, eu me destaquei nas provas de velocidade. Comecei a disputar provas de velocidade e fazia algumas provas de salto. Quando eu tive que escolher, eu preferi o salto”, disse.

Estudante de educação física, em Tóquio, Alexsandro participou do salto triplo e do salto em distância. Os resultados não foram suficientes para pódios, mas a experiência e a visibilidade recebida foram animadoras.

Thiago Julio

Representante do Brasil no salto em altura em Tóquio, Thiago Julio concilia os compromissos esportivos com a pós-graduação em docência no ensino superior. Para ele, competir nos JUBs tem uma particularidade. “A preparação é um pouco diferente, porque os JUBs são fora do nosso calendário. Eu vim para o JUBs com treinos muito fortes acumulados, mas eu vim para procurar meu melhor desempenho”, disse na chegada a Brasília.

Brandonn Almeida

Experiente, Brandonn Almeida conta com experiências valiosas no currículo, como a disputa dos Jogos Olímpicos Rio-2016. O nadador paulistano de 24 anos é um dos nomes de sucesso da natação brasileira. Ele conta com medalha de bronze nos 400m medley no Mundial 2018; ouro nos 400m medley e bronze nos 1500m livre, ambas no Pan-Americano de Toronto 2015; além de um 3º lugar nos 400m medley Jogos de Lima 2019.

Guilherme Basseto

Estreante nos Jogos Universitários Brasileiros, o nadador de 24 anos é, também, estudante de educação física e já possui grandes experiências na carreira. Em Tóquio-2020, competiu pelo 4x100m medley e 4x100m medley misto.

Para o paulista, estar nos JUBs é uma grande oportunidade. “É uma experiência bem bacana. É sempre legal estar em um ambiente diferente e experimentar coisas novas”, avalia.

*Estagiário sob supervisão de Danilo Queiroz

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