ELIMINATÓRIAS

Os recordes que movem os astros

Neymar retoma hoje contra o Chile perseguição à marca do Rei Pelé. Cristiano Ronaldo deixa iraniano Ali Daei para trás em exibição salvadora contra Irlanda e vira o maior artilheiro de seleções

Neymar e Cristiano Ronaldo têm mais em comum do que o idioma de Camões. Ambos falam a língua dos recordes. Um mais do que o outro. O brasileiro deixa as marcas acontecerem naturalmente. Está a nove gols de igualar o Rei Pelé na lista dos maiores artilheiros da Seleção Brasileira. O português as persegue como se não houvesse amanhã. É obcecado pelas marcas pessoais. Um narcisista daqueles de olhar o próprio reflexo na água e perguntar se alguém ainda o supera em algum quesito no futebol.

Ontem, o espelho respondeu a CR7 que não ao vê-lo balançar a rede duas vezes contra a Irlanda, no Algarve, nas Eliminatórias da Europa para a Copa do Mundo do Qatar-2022. O jogador eleito cinco vezes melhor do mundo perdeu pênalti, mas fez dois gols na vitória por 2 x 1, chegou a 111 com a camisa lusitana, superou os 109 do aposentado iraniano Ali Daei e tornou-se o maior artilheiro do mundo em partidas de seleção.

Menos ambicioso, mas tão letal quanto CR7, Neymar tentará retomar na rodada tripla das Eliminatórias para a Copa do Qatar-2022 a contagem regressiva para alcançar Pelé. O Rei tem 77 gols no levantamento da Fifa, cujo critério estabelece apenas duelos contra seleções. Neymar persegue o recordista com 68. O atual camisa 10 estreou em 2010 com a Amarelinha. Onze anos depois, a distância está abaixo de um dígito. Com a quantidade insana de jogos, é possível que o astro do PSG desembarque no Catar como novo recordista da Seleção.

Faltam 14 meses para o início da Copa do Mundo. O ciclo de Portugal para o torneio parece mais próximo do ideal do que o do Brasil. Apesar da eliminação contra a Bélgica nas oitavas da Eurocopa, o time de Fernando Santos tem, além da concessão dos ingleses para usar Cristiano Ronaldo, recém-contratado pelo Manchester United, e de uma geração talentosa, uma seleção com identidade para buscar o título inédito. Tite ainda procura a formação ideal e tem de lidar com fogo amigo e inimigo.

A CBF continua sem presidente. Edinaldo Alves é o interino da vez. A instabilidade política na entidade a deixa ao léu nos bastidores das negociações com os clubes europeus para a liberação dos jogadores. A Premier League liderou boicote às convocações das seleções da América do Sul. Ontem, foi a vez de o Zenit São Petersburgo arrancar mais dois da concentração. O argumento é o risco de infecção por covid-19 e o impacto da pandemia na temporada europeia.

Tite já não tinha os goleiros Ederson, Alisson, Gabriel Jesus, Fred, Thiago Silva, Richarlison, Fabinho, Roberto Firmino e Raphinha. Matheus Nunes abriu mão da convocação oficialmente por ainda não ter tomado vacina, mas é assediado para se naturalizar e defender Portugal. Ontem, Malcom e Claudinho decidiram retornar à Rússia depois de muita pressão do Zenit.

Tite evitou divididas com a CBF, mas admitiu a dificuldade para definir o time e fez mistério antes do embarque para Santiago. “Quero ser sincero, como sempre tem sido com vocês (imprensa). Não vou dar a equipe que vai iniciar. Vou segurar a escalação, estabelecer a estratégia para fazermos um grande jogo amanhã (hoje)”, disse o treinador.

O capitão do dia no sistema de revezamentos de Tite será o volante Casemiro. Aos 29 anos o único intocável do meio de campo verde-amarelo tem se revezado com os zagueiros Thiago Silva e Marquinhos na função de líder.


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A operação russa que prejudicou o Brasil

A preocupação do Zenit São Petersburgo com possível desequilíbrio técnico na estreia na Champions League contra o Chelsea no próximo dia 14, em Stamfortd Bridge, Londres, foi a justificativa do clube russo para exigir os retornos não somente dos atacantes Malcom e Claudinho à Rússia, mas também do volante Wilmar Barrios, da Colômbia, que enfrentará Bolívia, Chile e Paraguai nesta rodada tripla das Eliminatórias Sul-Americanas para a Coap do Qatar-2022.

O Zenit havia liberado Malcom e Claudinho, mas se vê em desvantagem em relação ao Chelsea. O clube inglês não permitiu o embarque do zagueiro Thiago Silva, um dos homens de confiança do técnico Tite. Inconformado, o Zenit exigiu a devolução imediata dos seus jogadores.

O site russo championat.com conta que o Zenit enviou carta à Federação Russa de Futebol e à Uefa reivindicando o retorno dos brasileiros sob alegação de que pode haver desequilíbrio técnico na abertura da Liga dos Campeões da Europa. Em tese, não há preocupação com questões sanitárias, mas com o jogo do dia 14.

“Neste momento existe o risco de violação do princípio desportivo neste jogo. Ao mesmo tempo, Fifa e Uefa ainda não esclareceram a situação com a admissão de jogadores para a partida. O fato é que muitos países da América do Sul, segundo as leis da Inglaterra, estão na zona vermelha e o clube de São Petersburgo arrisca ficar sem três jogadores da equipe principal: Claudinho, Malcolm e Barrios (colombiano convocado por Reinaldo Rueda)”, disse um interlocutor ao portal russo.

Em nota publicada ontem, a CBF explicou: “Os jogadores receberam constantes comunicados de seu clube, o Zenit São Petesburgo, obrigando que ambos retornassem à Rússia”, diz o texto.

O documento prossegue. “A CBF, respaldada pelas regras da Fifa, conversou com os jogadores e explicou que eles não poderiam sofrer nenhuma das sanções ameaçadas pela equipe. Ainda assim, após algumas conversas com o coordenador da Seleção, Juninho Paulista, e o técnico Tite, eles decidiram pelo retorno”. A CBF apresentou pedido à Fifa para que o clube europeu seja punido com as sanções previstas. (MPL)