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Com oposição da Europa, Fifa busca apoio para Copa do Mundo a cada dois anos

Fifa vai consultar suas 211 federações nesta quinta-feira, na esperança de emplacar sua iniciativa da Copa do Mundo a cada dois anos

Agence France-Presse
postado em 29/09/2021 14:38 / atualizado em 29/09/2021 15:17
 (crédito: AFP)
(crédito: AFP)

Diante de uma onda de reações hostis, pincipalmente do futebol europeu, ao projeto da Copa do Mundo a cada dois anos, a Fifa vai consultar suas 211 federações nesta quinta-feira, na esperança de emplacar sua iniciativa.

Oficialmente, é um primeiro debate "em torno dos calendários internacionais feminino e masculino" após 2024, para o qual o órgão dirigente do futebol mundial garante que todos os cenários estão abertos.

Mas, há algumas semanas, a Fifa vem defendendo ativamente a ideia de uma Copa do Mundo bienal, e não mais a cada quatro anos, idealizada desde 1999 por seu ex-presidente Sepp Blatter e relançada em março por seu diretor de desenvolvimento, o francês Arsène Wenger.

A questão, polêmica devido à sua influência em todos os equilíbrios esportivos e econômicos - entre clubes e seleções, ligas e competições internacionais - tem gerado uma onda de críticas do futebol europeu, mas também de representantes de competições internacionais, jogadores e torcedores.

 

 Com apoio de ídolos da bola 

Arsène Wenger defende a realização da Copa do Mundo a cada ano, alternando torneios mundiais e continentais como a Eurocopa ou Copa América, e agrupando as eliminatórias no mês de outubro, ou em outubro e março.

Em um sistema em que cada federação tem voz dentro do Congresso da Fifa, independente de seu tamanho, a perspectiva de maiores rendas pode seduzir eleitores africanos, asiáticos ou da Oceania, que obtêm grande parte de suas verbas do Mundial.

Mas a Fifa também sabe como agir em outras áreas: primeiro, convocando em Doha uma série de ex-jogadores e treinadores, "ídolos da bola" pagos como embaixadores, para apoiar esse projeto.

A entidade também divulgou o resultado de uma pesquisa online em meados de setembro que contou com a participação de 15.000 pessoas "com interesse em futebol", mostrando uma pequena maioria (55%) a favor de uma Copa do Mundo mais frequente do que da forma atual de quatro anos.

 

 Frente de oposição 

Diante dessa mobilização a favor do projeto, uma frente de oposição surgiu em poucas semanas, liderada pelas confederações europeia e sul-americana, Uefa e Conmebol, além de representantes de ligas mundiais e clubes europeus. Todos denunciaram a ausência de um motivo real, já que uma Copa do Mundo a cada dois anos atrapalharia seu próprio calendário, obrigando os clubes abrirem mão de seus jogadores convocados ainda mais tempo do que agora.

Além da saúde "física e mental" dos jogadores, à prova com a participação de várias competições simultâneas, também defendem os torneios feminino e juvenis, que perderiam visibilidade e recursos.

Por fim, a maioria acredita que o interesse despertado pela Copa do Mundo se dá precisamente por sua raridade, e que realizá-la a cada dois anos "diluiria" seu valor em vez de aumentar as receitas mundiais do futebol e, portanto, sua capacidade de redistribuição.

Várias dezenas de associações nacionais de torcedores, da Argentina à Indonésia, passando pelo Mali e por toda a Europa, também destacaram a dificuldade material de comparecer a uma grande competição a cada ano.

 

 Batalha jurídica no horizonte 


Com seu ataque montado, ninguém sabe como a Fifa vai lidar com essas oposições: o presidente da entidade, Gianni Infantino, quer uma decisão antes do final do ano e pode se contentar com o voto de suas federações.

Além disso, a poderosa Associação Europeia de Clubes (ECA) exigiu na semana passada "negociações detalhadas" com a Fifa e uma "aprovação conjunta do calendário internacional", reivindicando assim o direito de veto.

A associação, presidida pelo presidente do Paris Saint-Germain, Nasser Al-Khelaifi, falou recentemente sobre o acordo que rege as relações com a Fifa e que deverá ser renegociado para o período posterior a 2024.

Além deste acordo, os 247 clubes representados pela ECA têm, cada um, um meio de pressão: são os empregadores da maioria dos jogadores que atuam nas grandes seleções que vão para o Mundial, e podem recorrer aos tribunais sobre liberação deles para a competição.

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