Lenda do esporte paralímpico mundial e o maior medalhista do Brasil nos Jogos Paralímpicos, Daniel Dias se despedirá das competições na noite desta terça ou na manhã de quarta-feira (1º de setembro). Após chegar à 27ª medalha paralímpica nos Jogos de Tóquio, o nadador pula na piscina para disputar os 50m livre da classe S5, a última prova dele antes da aposentadoria das competições. As classificatórias estão marcadas para as 22h34. Se o paulista se classificar para a final, vai travar a última briga por pódio às 7h36.
O maior ícone do esporte paralímpico brasileiro encerrará uma trajetória que começou a dar mostras do fenômeno que seria há 13 anos, quando estreou nos Jogos Paralímpicos de Pequim-2008 subindo nove vezes ao pódio, façanha que desbancou o nadador compatriota Clodoaldo Silva, que havia conquistado sete medalhas em uma mesma edição dos Jogos. Durante a carreira, Daniel Dias disputou quatro Paralimpíadas e somou 14 medalhas de ouro paralímpicas, sete de prata e seis de bronze, totalizando 27.
Nos Jogos de Tóquio-2020, ele ampliou a coleção de medalhas em Paralimpíadas com mais três bronzes: os 100m livres S5, nos 200m livres S5 e no revezamento 4x50m livres misto de até 20 pontos. O nadador também disputou as finais em outras duas provas, terminando na 6ª colocação dos 50m peito da classe S5 e na 5ª dos 50m costa S5. E se despedirá da competição aos 33 anos, após a disputa de seis provas.
Acostumado a comentar as conquistas dentro da água após a saída da piscina, Daniel Dias manteve a tradicional concentração nas entrevistas que concedeu na capital japonesa, mas, por vezes, a voz trêmula entregou que a emoção pela despedida tornou tudo mais especial. A opção por ter mais tempo para dedicar-se à esposa Raquel e aos três filhos, Asaph, Daniel e Hadassa foi anunciada em janeiro deste ano.
Além do clima saudosista, Daniel encarou um desafio inédito dentro d'água. Uma reclassificação realizada a partir de 2018 com base em novas estratégias de classificação igualou a classe de adversários que antes estavam em classes destinadas a menores comprometimentos físico-motores.
Os reflexos foram percebidos nos tempos dentro da piscina, como os seis recordes mundiais de Daniel que foram batidos por novos nomes da classe S5. Ainda assim, o paulista subiu ao pódio quatro vezes no Mundial de Natação Paralímpica de Londres-2019 e tem a chance de subir pela quarta vez no pódio das Paralimpíadas de Tóquio-2020.