Yeltsin Jacques é o protagonista da centésima medalha de ouro do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos. Na noite de ontem, no Brasil, início da manhã de hoje no Japão, o atleta cruzou a linha de chegada em primeiro nos 1.5000m masculino T11 (para cegos) com recorde mundial: 3min57s60. É a segunda medalha dele no evento. Antes, havia sido o melhor nos 5.000m T11. Ele ainda disputará a maratona.
O atleta falou sobre possibilidade da centésima medalha do Brasil. “O Bira (guia) me falou isso, e me deu motivação, ele me falou: “Ó, a gente tem chance de fazer história mais uma vez, centésimo ouro do Brasil na história. Eu falei: “É por duas coisas. Primeiro, para subir o Brasil no quadro de medalhas; e segundo, é para construir essa história”, contou Yeltsin ao SporTV.
Nascido em Campo Grande (MS), o brasileiro tem 5% de visão como resultado de uma condição retiniana congênita. Ele liderava a prova até ser ultrapassado pelo japonês Karaswaya a 400m da linha de chegada, mas conseguiu reagir e retomou a dianteira.
O nome de Yeltsin Jacques é uma homenagem ao ex-presidente da Rússia, Boris Yeltsin. “Meu pai era militar na época, era terceiro sargento do exército, e ele fala que o Bóris Yeltsin foi um pacifista. Eu nasci em 1991, época do fim da União Soviética e da guerra fria”, explicou.
Formado em educação física pela Universidade Estácio de Sá, Yeltsin nasceu em 1991. Iniciou no atletismo aos 16 anos na capital de Mato Grosso do Sul. Em 2013, estreou em competições pelo Brasil no Campeonato Mundial de Lyon, na França. Três anos depois, contraiu caxumba e sofreu uma lesão que o impediu de treinar durante quatro meses. Ele retornou às competições nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio.
Talento no atletismo, Yeltsin tentou outro esporte antes do atletismo. Praticou judô, mas desistiu. “Comecei a correr com um amigo que era cego e gostava de correr como preparação para o judô. Apaixonei, larguei o judô e comecei o para-atletismo”, disse.
Fã do maratonista medalhista de bronze em Atenas-2004 Vanderlei Cordeiro de Lima, Yeltsin era cotado ao pódio em Tóquio. Confirmou as apostas nos 1.500m, nos 5.000m e pode se tornar o nome do Brasil nos Jogos se vencer, também, a maratona.