O grito de socorro do futebol feminino do Afeganistão reverberou nos apelos da Fifa e da Federação das Associações de Jogadores Profissionais (FIFPro) e ganhou asas de liberdade em um voo que tirou um grupo de 75 profissionais do país nesta terça-feira (24/8). O regime do Talibã voltou ao poder na nação e os direitos são cada vez mais restritos, com relatos de perseguição por parte das afegãs.
A seleção do país nasceu em 2007 e tem como melhor campanha a presença nas semifinais do Campeonato do Sul da Ásia, em 2012. Elas disputaram as semifinais do torneio contra a Índia e perderam por 11 x 0. O combinado feminino tem jogo previsto para 23 de setembro, no Tajiquistão, contra o Vietnã, pelo Grupo B das Eliminatórias para a Copa da Ásia. Na sequência, enfrenta Tajiquistão e Maldivas. Japão, Austrália, China e a anfitriã Índia estão classificadas antecipadamente para a fase final da competição continental.
A saída dos profissionais do Afeganistão foi complexa. A engenharia contou com o apoio de autoridades de Austrália, Estados Unidos e Reino Unido. Com isso, elas entraram na lista de evacuação. "Os últimos dias foram extremamente estressantes, mas hoje conquistamos uma importante vitória. As jogadoras de futebol mostraram força e coragem em um momento de crise e esperamos que tenham uma vida melhor fora do Afeganistão, embora ainda haja muito a fazer. O futebol feminino é uma família e temos de garantir a segurança de todos os membros", disse a ex-capitã da seleção do Afeganistão Khalida Popal, em entrevista ao site da FIFPro depois do resgate de algumas companheiras.
O Secretário-Geral da FIFPro, Jonas Baer-Hoffmann, comemorou a operação. "Estamos tranquilos em saber que esse grupo de jogadoras de futebol e atletas conseguiu deixar o Afeganistão hoje (24/8). Tem sido um processo incrivelmente complexo para todos os envolvidos na garantia da evacuação. Não podemos parar de lamentar por aqueles que continuam presos no país contra sua vontade", comentou o dirigente.
Em uma carta aberta disponibilizada no site, a FIFPro agradeceu aos envolvidos na saída das jogadoras. "Expressamos nossa gratidão ao governo australiano pela evacuação de um grande número de futebolistas e atletas do Afeganistão. Essas jovens, como atletas e ativistas, estão em perigo e, em nome de seus colegas de profissão ao redor do mundo, agradecemos à comunidade internacional por ter vindo em seu auxílio", diz o texto.
A entidade também destacou alguns nomes. "Gostaríamos de expressar nosso apreço pelo trabalho incansável que muitas pessoas têm feito dia e noite; incluindo Khalida Popal, Kelly Lindsey, Nikki Dryden, Alison Battisson, Haley Carter e Craig Foster, ajudando a encontrar uma rota segura fora do Afeganistão.
A carta conclui. "Ainda há muito a fazer para ajudar e estabelecer essas jovens, e instamos a comunidade internacional a garantir que recebam toda a ajuda possível. Muitos atletas continuam em risco no Afeganistão e todos os esforços devem ser feitos para ajudar".