A partir da próxima terça-feira (24/8), os brasileiros voltarão a varar madrugada adentro para acompanhar a atuação da delegação verde-amarela na capital do Japão. Os Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020 começarão em 24 de agosto e vão até 5 de setembro. Embora o torneio, que entra na 17ª edição, só tenha surgido em Roma-1960, em uma vila a quase 70 km de Londres, na Inglaterra, o neurologista alemão Ludwig Guttmann (1899-1980) organizou, em 1948, a primeira competição com 16 atletas com deficiência. Os participantes foram os veteranos da Segunda Guerra Mundial com paraplegia que recebiam tratamento no hospital em que o médico trabalhava.
A partir da próxima terça-feira (24/8), começa a 17ª edição dos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020. Apesar de a primeira realização oficial do evento ter sido em em Roma-1960, a semente dele foi plantada em 1948, uma vila a quase 70 km de Londres, na Inglaterra com o neurologista alemão Ludwig Guttmann (1899-1980). Ele organizou a primeira competição para ex-solados da Segunda Guerra Mundial que tinham ficado paraplégicos no confronto e recebiam tratamento no hospital em que o médico trabalhava.
Ludwig Guttmann organizou uma competição para os seus 16 pacientes paraplégicos por lesões na medula espinhal e veteranos da Segunda Guerra Mundial na vila Stoke Mandeville, onde era coordenador do Centro Nacional de Lesões na Coluna do hospital da cidade. O torneio The Wheelchair Games (Jogos de Cadeira de Rodas, em tradução livre) era composto por tiro com arco e basquete em cadeira de rodas e foi realizado após as Olimpíadas de Londres-1948.
O neurologista tornou o evento anual e foi incluindo novas modalidades a cada ano. O torneio levava o nome de Jogos de Stoke Mandeville. A primeira edição internacional ocorreu em 1952 com 130 participantes. Em 1957, a vila distante 70 km da capital inglesa recebeu, ao menos, um representante de cada continente.
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Em 1960, o torneio saiu, pela primeira vez, da Inglaterra e foi sediado em Roma, assim como as Olimpíadas daquele mesmo ano. Com 400 atletas de 23 países, o evento ficaria conhecido como a primeira Paralimpíada. Entre os seis dias que separaram a cerimônia de abertura e de encerramento, os competidores se dividiram entre as oito modalidades que integravam o programa: tiro com arco, esgrima e basquete em cadeira de rodas, tênis de mesa, dardos, sinuca, natação e atletismo.
O torneio recebia o nome de Olimpíadas dos Portadores de Deficiência. A alteração para o termo atual só ocorreu em 1984, quando o Comitê Olímpico Internacional aprovou a troca. Mas, desde 1960, o evento passou a ser disputado nos mesmos anos das Olimpíadas. Em 1988, ficou firmado em um acordo de cooperação que Jogos Olímpicos e Paralímpicos seriam realizados em uma mesma cidade.
O modelo colaborou para o contínuo crescimento do evento. A edição das Paralimpíadas de Tóquio-2020 vai reunir aproximadamente 4,4 mil atletas de 131 países. Com parabadminton e parataekwondo como as modalidades estreantes, o programa paralímpico contará com 22 esportes.
Quem foi Ludwig Guttmann
O alemão de família judia ortodoxa nasceu em 3 de julho de 1899, em Tost (atualmente Toszek, Polônia), e faleceu em 18 de março de 1980, em Aylesbury (Reino Unido). Segundo artigo do cardiologista Lauro Arruda, do Hospital do Coração, o neurologista começou a trabalhar voluntariamente no Hospital de Acidentes de Königshütte, na Alemanha, aos 18 anos. Lá, teve o primeiro contato com pacientes paraplégicos em razão de lesão na medula espinhal.
Com a ascensão de Adolf Hitler e do partido nazista no poder da Alemanha na década de 1930, Ludwig Guttmann, que era diretor do Hospital de Breslau na ocasião, só tinha permissão para atender judeus. Em 1939, ele conseguiu escapar do regime ,ao receber um convite para viajar para Portugal e atender um amigo do ditador António Salazar. Depois, mudou-se para a Inglaterra com a família e reiniciou os estudos sobre lesões na medula espinhal.
Em 1957, a vila que fica a cerca de 69 km da capital inglesa, Londres, recebeu ao menos um representante de cada continente.
Em 1943, o neurologista foi convidado pelo governo inglês para coordenar o Centro Nacional de Lesões na Coluna do Hospital Stoke Mandeville. A instituição recebeu muitos jovens que serviram na Segunda Guerra Mundial e sofreram mutilações ou tiveram paraplegia. Desses pacientes, 18% tinham três anos. em média, de sobrevida após a ocorrência da lesão.
Ludwig Guttmann decidiu contornar essa estatística por meio do esporte. Ele contratou um treinador para desenvolver exercícios com os membros superiores, o arremesso de bola foi bastante utilizado no início. O pai dos Jogos Paralímpicos recebeu, em 1956, o prêmio Sir Thomas Fearnley Cup pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) pelo incentivo e organização dos torneios de esportes com cadeiras de rodas.
O Brasil nas Paralimpíadas
A primeira participação da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos foi na edição de Heidelberg-1972, antiga Alemanha Ocidental. Vinte atletas (todos homens) disputaram as provas de tiro com arco, atletismo, natação e basquete em cadeira de rodas. No entanto, ninguém conquistou medalha.
O primeiro pódio do Brasil veio somente em Toronto-1976, no Canadá, por meio da disputa de dupla do lawn bowls, um tipo de bocha na grama. Robson Sampaio de Almeida e Luiz Carlos da Costa conquistaram a medalhada de prata. Robson foi um dos responsáveis por difundir no país o esporte paralímpico como meio de reabilitação. Em parceria com Aldo Miccolis, ele fundou o Clube do Otimismo, no Rio de Janeiro (RJ).
Desde então, o Brasil soma 301 medalhas nos Jogos Paralímpicos, sendo 87 de ouro, 112 de prata e 102 de bronze. Somente na Rio-2016, foram 72 pódios com brasileiros presentes, 14 no primeiro lugar e 29 no segundo e terceiro lugares. Atualmente, o Brasil está entre as 20 nações que mais triunfaram no torneio, figurando na 19ª colocação do quadro de medalhas geral.
Além disso, a capital do Japão receberá a maior delegação verde-amarela a participar das Paralimpíadas fora do território nacional. Ao todo, 253 atletas (159 homens e 94 mulheres) desembarcaram em Tóquio.
*Estagiária sob supervisão de Maíra Nunes