Hoje, São Paulo e Palmeiras começam a disputar o Choque-Rei do século. A histórica rivalidade de 91 anos viverá o confronto mais importante entre ambos na Libertadores da América. Às 21h30, o tricolor e o alviverde jogam os primeiros 90 minutos do encontro caseiro nas quartas de final do torneio continental, no estádio do Morumbi, na capital paulista. Nunca os rivais haviam se encontrado em uma fase tão aguda da competição tratada como obsessão pelos dois clubes.
Opostos por natureza, São Paulo e Palmeiras honram o mantra até mesmo no momento que atravessam. Na Série A do Campeonato Brasileiro, estão distantes na tabela. Enquanto o alviverde ocupa a segunda posição, o tricolor está no modesto 16º lugar. Porém, antes de se enfrentarem na Libertadores, os rivais inverteram a lógica. O time de Hernán Crespo ganhou fôlego no fim de semana após a vitória contra o Athletico-PR. Por outro lado, a equipe de Abel Ferreira perdeu o jogo para o Fortaleza e a liderança para o Atlético-MG.
O histórico recente influencia diretamente no momento de cada time para o clássico continental. Com duas vitórias seguidas, o São Paulo chega mais leve. Nos dias finais de preparação, o elenco acumulou boas e más notícias. De positivo, Crespo terá o retorno do atacante Rigoni, suspenso no Brasileirão, e do zagueiro Arboleda, recuperado de uma contratura. Por outro lado, Luciano, Eder, William e Marquinhos devem seguir fora da equipe por lesão.
De volta ao São Paulo após 40 dias servindo a Seleção Brasileira nos Jogos Olímpicos, Dani Alves deve deixar as desavenças com o clube de lado. Após o ouro, o lateral manifestou insatisfação com o tricolor. Porém, ao desembarcar no país, ontem, adotou um discurso mais leve e irá a campo se estiver 100% fisicamente. “Ele é um grande jogador. Falarei com ele para saber a situação em que está e vamos escolher a melhor opção para escalar a equipe”, garantiu o comandante argentino.
No Palmeiras, o clima é instável pelas apresentações inconsistentes nas últimas partidas. Entretanto, para virar a chave, Abel Ferreira terá o elenco praticamente completo. Com as principais peças à disposição, o técnico português não poderá contar apenas com o terceiro goleiro Vinícius e o recém-contratado lateral-esquerdo Jorge. Ambos estão em tratamento por lesões no joelho. Assim como o São Paulo, o alviverde também terá um reforço olímpico: o volante Gabriel Menino volta após conquistar o ouro no Japão.
A meta alviverde é esquecer a perda da liderança do Brasileirão para seguir na luta pelo bicampeonato continental. “Agora, partimos para a Libertadores e queremos mudar a história. Não é a história que joga, é essa equipe. Temos um bom desafio contra grande adversário, em ida e volta, e temos que estar preparados”, prospectou Abel. O segundo duelo entre os rivais paulistas terá mando alviverde e está previsto para a próxima terça-feira, às 21h30, no Allianz Parque.
Trunfo extra
Considerado uma das maiores rivalidades estaduais do futebol brasileiro, o confronto entre São Paulo e Palmeiras é marcado historicamente pelo equilibro. Nas 326 partidas em que se enfrentaram, o tricolor ganhou 114 e o alviverde 103 vezes. Houve, ainda, 109 empates. Até mesmo em duelos com título em jogo, há igualdade: foram três para cada lado. Porém, quando o assunto é Libertadores da América, o panorama aponta ostensiva vantagem para a equipe do Morumbi, que levará um retrospecto que perdura 47 anos.
Na competição continental, o São Paulo jamais foi derrotado pelo Palmeiras. Ao longo das 61 edições da Libertadores, o Choque-Rei foi realizado oito vezes: foram seis vitórias do tricolor e outros dois empates. Em situações de mata-mata, o alviverde acabou eliminado pelo rival em três oportunidades nas oitavas de final — 1994, 2005 e 2006, data do último encontro paulista no torneio. Os primeiros confrontos foram realizados na fase de grupos da edição de 1974.