Nascido, criado e motivo de orgulho de Sobradinho, Caio Bonfim é um nome importante na popularização da marcha atlética no Brasil. Um dos eventos que mais contribuíram para isso foram os Jogos Olímpicos, que Caio vivenciou pela primeira vez aos 21 anos, em Londres-2012, quando ficou na 39ª colocação. Na Rio-2016, o brasiliense saltou para o quarto lugar, ficando a 5 segundos do pódio.
Após um ciclo olímpico mais longo, pelo adiamento em um ano das Olimpíadas de 2020, Caio casou-se, teve um filho e parte para brigar por uma medalha olímpica nos 20km, com o segundo filho a caminho. O brasileiro entra em ação amanhã, a partir das 4h30 da madrugada (horário de Brasília), em Sapporo, no norte do Japão.
Qual é a expectativa para a sua terceira Olimpíada?
Olimpíada é diferente de tudo, então não tem como dizer que sou um atleta experiente porque estou na minha terceira participação. Depois dos Jogos do Rio-2016, eu queris estar em Tóquio no mesmo nível competitivo. O ciclo de quatro anos virou um ciclo de cinco anos. Estou muito contente pela forma que consegui chegar, mesmo nesses dois anos diferentes, com menos competições, acredito que eu posso chegar bem. Estou muito feliz de poder ver esse crescimento para me manter em alto nível.
Como o lado família se reflete no Caio Bonfim atleta de hoje?
Quando eu fui para a Olimpíada de Londres, nós namorávamos. E nos casamos no ano das Olimpíadas do Rio. Tem tudo a ver, eu estar nas Olimpíadas seguintes com filho e a mulher grávida. Às vezes, estudar, casar, constituir uma família são obstáculos na vida de um atleta para manter o nível. Eu consegui agregar isso tudo na minha vida, crescer como pessoa, ter a minha família e estar entre os melhores do mundo. Eu casei, mudei de casa e ganhei medalha mundial no outro ano. Quando nasceu meu filho, eu ganhei uma medalha de prata inédita nos Jogos Pan-Americanos. Eu sou treinado pelos meus pais. Então, toda a minha vida esportiva foi ligada à família, e quando ela vai crescendo traz mais motivação para treinar e me dedicar.
Em 2017, você foi bronze nos 20km do Mundial de Atletismo. Qual a importância dessa conquista para a sua carreira?
É difícil chegar e se manter nesse nível. Fui sexto colocado no Mundial de 2015, quarto lugar nas Olimpíadas de 2016 e conseguir uma medalha no Mundial de 2017 coroou todo esse trabalho, pensando no ciclo olímpico para 2020. Aquele Mundial de 2017 foi importante para continuar abrindo portas para ter estrutura e um olhar diferente para a marcha.
Depois, você ganhou a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019, e bateu o recorde sul-americano (1h20min13s68) em abril de 2021, no Torneio de Bragança Paulista. Como está a expectativa por uma medalha em Tóquio?
Com toda a experiência que acumulei, tenho trabalhado para manter o alto nível e ajustar os detalhes. Espero que seja suficiente para trazer um bom resultado. Sabemos que é um evento muito difícil, do mais alto nível, mas temos trabalhado e nos dedicado muito para olhar para trás e falar que dei tudo que podia.
O Brasil terá outros três representantes na modalidade em Tóquio: Érica Sena, Lucas Mazzo e Matheus Corrêa (todos nos 20km). Como vê a marcha atlética brasileira atualmente?
São meus amigos. É bom ver a marcha atlética bem representada. Na minha primeira Olimpíada, só havia eu, era um momento difícil para a modalidade no Brasil, em 2012. A Érica Sena está entre as melhores do mundo, tem chance de medalha, enquanto o Mazzo e o Matheus fazem a primeira Olimpíada deles. Mostra que a marcha atlética continua crescendo, que tem um legado sendo deixado.
Você segue treinando no Caso, em Sobradinho, clube que se tornou referência da marcha atlética no Brasil, por meio do trabalho dos seus pais, João Sena e Gianetti Bonfim. Como é essa relação com a cidade e com a família?
Tudo gira em torno dos meus pais. Eles fundaram essa equipe, é o sonho deles: do meu pai, como treinador, e da minha mãe, primeiro como atleta e, depois, como treinadora. Deus deu um presente a eles de dar um filho que, como atleta, pode ajudar a equipe. A nossa vontade é sempre fazer o projeto crescer, porque é o sonho deles, que virou o meu sonho. Eu cresci assistindo e participando daquilo, faz parte de mim. E eu fico muito feliz, porque hoje o clube tem outros atletas campeões nacionais e sul-americanos.
Perfil
Nascimento: Sobradinho (DF)
Idade: 30 anos (19/03/1991)
Altura: 1,68m
Peso: 55 kg
Clube: Caso (Brasília)
Olimpíadas anteriores: Londres-2012 e Rio-2016
Pan-Americanos: Guadalajara-2011, Toronto-2015 e Lima-2019.