Yeltsin Jacques é o protagonista da centésima medalha de ouro do Brasil na história dos Jogos Paralímpicos. Na noite desta segunda-feira no Brasil, início da manhã de terça no Japão, o atleta cruzou a linha de chegada em primeiro nos 1.5000m masculino T11 (para cegos), com direito a recorde mundial: 3min57s60. É a segunda medalha dele no evento. Antes, havia sido o melhor, também, nos 5.000m T11.
O atleta falou sobre a medalha histórica depois do triunfo. "Hoje de manhã o Bira me falou isso, e me deu motivação, ele me falou: "Ó, a gente tem chance de fazer história mais uma vez, centésimo ouro do Brasil na história. Eu falei: "é por por duas coisas. Primeiro, para subir o Brasil no quadro de medalhas; e segundo, é para construir essa história", contou Yeltsin em entrevista ao SporTV.
Nascido em Campo Grande (MS), o brasileiro tem 5% de visão como resultado de uma condição retiniana congênita. Ele liderava a prova até ser ultrapassado pelo japonês Karaswaya a 400m da linha de chegada, mas conseguiu reagir e retomou a dianteira.
O nome de Yeltsin Jacques é uma homenagem ao ex-presidente da Rússia, Bóris Yeltsin. “Meu pai era militar na época, era terceiro sargento do exército, e ele fala que o Bóris Yeltsin foi um pacifista. Eu nasci em 1991, época do fim da União Soviética e da guerra fria”, explicou o Yeltsin, em 2019, numa entrevista ao Correio do Estado, de Mato Grosso do Sul.
Formado em educação física pela Universidade Estácio de Sá, Yeltsin começou nasceu em 1991. Iniciou no atletismo aos 16 anos na capital do Mato Grosso do Sul. Em 2013, estreou em competições pelo Brasil no Campeonato Mundial de Lyon, na França. Três anos depois, contraiu caxumba e sofreu uma lesão que o impediu de treinar durante quatro meses. Ele retornou às competições nos Jogos Paralímpicos de 2016, no Rio de Janeiro.
Talento no atletismo, Yeltsin tentou outro esporte antes de decidir correr atrás de medalha. Praticou judô, mas desistiu. "Comecei a correr com um amigo que era cego e gostava de correr como preparação para o judô. Apaixonei, larguei o judô e comecei o para-atletismo", revelou o atleta antes do embarque para o Japão.
Fã do maratonista medalhista de bronze em Atenas-2004 Vanderlei Cordeiro de Lima, Yeltsin era cotado ao pódio em Tóquio. Em 2019, conquistou ouro nos Jogos Parapan de Lima nos 1500m. Antes, em Toronto-2015, pendurou a medalha dourada no pescoço nos 5000m. A coleção tem, ainda, prata nos 1500m e bronze nos 800m no Mundial de 2013 da França.
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