Futebol feminino

Após grito por liberdade, jogadoras do Afeganistão são retiradas do país

Federação das Associações de Jogadores Profissionais (FIFPro) e ex-capitã da seleção do país celebram voo que tirou 75 profissionais do país. Fundada em 2007, seleção afegã tem compromissos em setembro pelas Eliminatórias da Copa da Ásia

Marcos Paulo Lima
postado em 25/08/2021 00:32 / atualizado em 25/08/2021 11:58
Ex-capitã da seleção do Afeganistão, Khalida Popal participou da operação que alocou jogadoras em voo de evacuação -  (crédito: Daniel LEAL-OLIVAS / AFP)
Ex-capitã da seleção do Afeganistão, Khalida Popal participou da operação que alocou jogadoras em voo de evacuação - (crédito: Daniel LEAL-OLIVAS / AFP)

O grito de socorro do futebol feminino do Afeganistão reverberou nos apelos da Fifa e da Federação das Associações de Jogadores Profissionais (FIFPro) e ganhou asas de liberdade em um voo que tirou um grupo de 75 profissionais do país nesta terça-feira (24/8). O regime do Talibã voltou ao poder na nação e os direitos são cada vez mais restritos, com relatos de perseguição por parte das afegãs.

A seleção do país nasceu em 2007 e tem como melhor campanha a presença nas semifinais do Campeonato do Sul da Ásia, em 2012. Elas disputaram as semifinais do torneio contra a Índia e perderam por 11 x 0. O combinado feminino tem jogo previsto para 23 de setembro, no Tajiquistão, contra o Vietnã, pelo Grupo B das Eliminatórias para a Copa da Ásia. Na sequência, enfrenta Tajiquistão e Maldivas. Japão, Austrália, China e a anfitriã Índia estão classificadas antecipadamente para a fase final da competição continental.

A saída dos profissionais do Afeganistão foi complexa. A engenharia contou com o apoio de autoridades de Austrália, Estados Unidos e Reino Unido. Com isso, elas entraram na lista de evacuação. "Os últimos dias foram extremamente estressantes, mas hoje conquistamos uma importante vitória. As jogadoras de futebol mostraram força e coragem em um momento de crise e esperamos que tenham uma vida melhor fora do Afeganistão, embora ainda haja muito a fazer. O futebol feminino é uma família e temos de garantir a segurança de todos os membros", disse a ex-capitã da seleção do Afeganistão Khalida Popal, em entrevista ao site da FIFPro depois do resgate de algumas companheiras.

O Secretário-Geral da FIFPro, Jonas Baer-Hoffmann, comemorou a operação. "Estamos tranquilos em saber que esse grupo de jogadoras de futebol e atletas conseguiu deixar o Afeganistão hoje (24/8). Tem sido um processo incrivelmente complexo para todos os envolvidos na garantia da evacuação. Não podemos parar de lamentar por aqueles que continuam presos no país contra sua vontade", comentou o dirigente.

Em uma carta aberta disponibilizada no site, a FIFPro agradeceu aos envolvidos na saída das jogadoras. "Expressamos nossa gratidão ao governo australiano pela evacuação de um grande número de futebolistas e atletas do Afeganistão. Essas jovens, como atletas e ativistas, estão em perigo e, em nome de seus colegas de profissão ao redor do mundo, agradecemos à comunidade internacional por ter vindo em seu auxílio", diz o texto.

A entidade também destacou alguns nomes. "Gostaríamos de expressar nosso apreço pelo trabalho incansável que muitas pessoas têm feito dia e noite; incluindo Khalida Popal, Kelly Lindsey, Nikki Dryden, Alison Battisson, Haley Carter e Craig Foster, ajudando a encontrar uma rota segura fora do Afeganistão.

A carta conclui. "Ainda há muito a fazer para ajudar e estabelecer essas jovens, e instamos a comunidade internacional a garantir que recebam toda a ajuda possível. Muitos atletas continuam em risco no Afeganistão e todos os esforços devem ser feitos para ajudar".

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