Skate

Raiz candanga: vice-campeão olímpico Pedro Barros fez do DF sua pista

Com família brasiliense, o skatista medalha de prata em Tóquio-2020 tem carinho especial pela capital. Aqui, abriu com o pai uma filial de empreendimento em que desenvolveu projeto esportivo. Familiares falam ao Correio Braziliense sobre o xodó

Júlia Mano*
postado em 10/08/2021 10:48
 (crédito: Marcelo Maragni/ Red Bull Content Pool)
(crédito: Marcelo Maragni/ Red Bull Content Pool)

Medalha de prata no Skate Park nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020, Pedro Barros tem na veia sangue de pai candango e até investimento no Distrito Federal na modalidade. É o que contam ao Correio Braziliense a avó e a tia do atleta de 26 anos que emocionou o Brasil com as manobras no Ariake Urban Sports Park. Alguns endereços do quadradinho fazem parte da trajetória de Pedro, como a pista Sukata, no Cruzeiro, ao lado do Terraço Shopping, além de um empreendimento no Setor Hoteleiro Turístico Norte, na orla do Lago Paranoá. Conheça a seguir a história da chegada dos avós de Pedro a Brasília, em 1967, do nascimento de André, pai de Pedro, e das idas e vindas do skatista catarinense à capital.

A chegada ao DF

A matriarca da família, Leopoldina Barros, mudou-se para o Distrito Federal em 1967 com o marido Manoel Barros (morreu em 2001) após aprovação dele no concurso para trabalhar no Hospital de Base. No cerrado, ela teve os quatro filhos: Marcelo, Anna Paula, Sandra e André, pai de Pedro. O único que saiu do quadradinho foi André. Ao retornar do intercâmbio nos Estados Unidos, em 1992, onde aprendeu a surfar, ele não conseguiu ficar sem o mar. Em busca das ondas, foi para o pólo do esporte no país, Florianópolis, onde viria a ter Pedro, em 1995.

Rumo ao sul do país

Instalado em Floripa, André mergulhou no desenvolvimento do Skate no bairro Rio Tavares, que atualmente é o coração do esporte na cidade catarinense. Com isso, a história de Pedro acabou se misturando com a da modalidade. A primeira pista do local foi erguida no quintal da casa do brasiliense, em 1996, uma modesta mini-rampa. No ano seguinte, os amigos do pai do medalhista de prata olímpico, Leonardo Godoy Barbosa (conhecido como Léo Kakinho) e Rafael Bandara, também natural do DF, construíram o primeiro bowl (pista côncava que lembra uma piscina) no terreno de casa. Em 2002, ela viria a ser transformada na pousada Hi-Adventure. Atualmente, diversas casas do bairro têm pistas.

Os 1.686 km que separam Brasília de Florianópolis não impactaram na união da família Barros. “Por acaso Pedro nasceu por lá, nós do DF, de uma certa forma, tivemos influência na formação dele. Eu o considero parte de Brasília e, para mim, (o skatista) é brasiliense. Só que ele é muito apaixonado (por Floripa) e não fala dessa forma”, relata Anna Paula, tia do atleta. Ela o levava para andar na pista Sukata, localiza no Cruzeiro, ao lado do Terraço Shopping, quando era criança. Adulto, o medalhista de prata olímpico migrou para a Concha Acústica e Esplanada.

Pedro Barros tem relação próxima com a grande família candanga
Pedro Barros tem relação próxima com a grande família candanga (foto: Arquivo Pessoal)

O orgulho da família Barros

Longe, mas, ao mesmo tempo, bem perto, os três tios, a avó e os primos viram Pedro decolar no esporte com pouca idade. Aos 15 anos, foi campeão de um dos maiores torneios da modalidade, o X-Games. Barros acumula mais cinco troféus do campeonato estadunidense e no Mundial: duas medalhas de prata e uma de ouro. Onze anos depois, a família brasiliense pôde assistir, na madrugada da última quinta-feira (5/8), mais uma conquista: a presença no pódio na primeira olimpíada em que o Skate foi incluído no programa. No entanto, para Pedro, o que realmente importa não são os títulos, mas transmitir aos brasileiros a crença no esporte e mostrar o potencial que o país tem em lançar grandes atletas.

Leopoldina estava tranquila e convicta de que Pedro conseguiria uma medalha para o Brasil por todo esforço empreendido. O skatista chegou a deixar a escola para se dedicar totalmente à carreira. Todavia, ao ver o neto recebendo a medalha e a bandeira brasileira subindo no mastro, a tranquilidade cedeu lugar a outro sentimento. “A emoção e alegria que senti foram tantas, que tive vontade de chorar”, desabafa, orgulhosa.

A avó Leopoldina fez questão de ir do Distrito Federal à Floripa para receber o neto medalhista de prata
A avó Leopoldina fez questão de ir do Distrito Federal à Floripa para receber o neto medalhista de prata (foto: Arquivo Pessoal)

Anna Paula compartilha do mesmo sentimento da mãe. “Ver meu sobrinho representando o país nas Olimpíadas e ainda ganhando a medalha foi uma das coisas mais emocionantes que eu já senti na minha vida, é algo que não tem como descrever. A minha vontade era que o meu pai estivesse vivo para poder presenciar esse momento”, conta.

Os feitos de Pedro e André pelo desenvolvimento do Skate não se restringiram a Florianópolis. Em 2018, pai e filho abriram, em Brasília, uma filial do Layback Park, que fica no Setor Hoteleiro Turístico Norte, na orla do Lago Paranoá. No empreendimento, foi construída uma pista de alto nível. Especialmente para o Distrito Federal, desenvolveram, em parceria com a Cia Athletica, um programa em que oferecem aulas para jovens e crianças com o intuito de formar novos campeões.


*Estagiária sob supervisão de Marcos Paulo Lima

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  • Pedro Barros tem relação próxima com a grande família candanga
    Pedro Barros tem relação próxima com a grande família candanga Foto: Arquivo Pessoal
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    A avó Leopoldina fez questão de ir do Distrito Federal à Floripa para receber o neto medalhista de prata Foto: Arquivo Pessoal
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