Tóquio — Os primeiros escritos sobre a história pré-Moderna dos Jogos Olímpicos remontam à Grécia Antiga. Por volta do século 8 a.C., a cidade de Olímpia via Corobeu, em 776 a.C., vence a primeira prova — uma corrida, conhecida à época como drómos. Ali nascia a principal disputa esportiva do planeta, que ganharia novo formato em 1896, em Atenas. Nesses dois momentos, o atletismo foi o ponto de partida para o evento que conhecemos atualmente. Ao longo dos séculos de competições, vários homens e mulheres se destacaram nas pistas. O principal deles — Usain Bolt — se despediu há cinco anos, ao ser um dos grandes nomes da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016. Agora, o ex-velocista jamaicano passará de vez o bastão de protagonista da modalidade.
Em Tóquio, vários nomes surgem como potenciais estrelas do atletismo — nenhum deles, é claro, com o mesmo vigor físico e o carisma do “raio, octacampeão olímpico (três vezes nos 100m, três nos 200m e duas no 4x100m).
O atletismo estreia na edição atual dos Jogos hoje, às 21h, com preliminares das provas mais curtas. Serão 10 dias consecutivos com finais diárias no Estádio Olímpico de Tóquio até 8 de agosto, data da Cerimônia de Encerramento.
Entre os velocistas, a principal estrela é uma compatriota de Bolt e velha conhecida dos amantes de esporte: Shelly-Ann Fraser, bicampeã olímpica e tetracampeã do mundo nos 100m rasos.
A jamaicana de 34 anos tem seis medalhas em Jogos Olímpicos e chega a Tóquio em grande fase. Apesar da idade considerada alta, ela fez, um mês antes da Olimpíada, o melhor tempo das últimas três décadas na prova. Shelly também vai disputar os 200m e o revezamento 4x100m com a equipe da Jamaica.
O sueco Armand Duplantis, de 21 anos, é o recordista mundial do salto com vara e favorito incontestável ao ouro olímpico. O jovem iniciou a trajetória na modalidade aos quatro anos e foi empilhando medalhas e conquistas expressivas. Fenômeno da modalidade, vem de uma família de esportistas: o pai é saltador como ele, enquanto a mãe é uma heptatleta.
“Desde os meus três, quatro anos de idade, que eu sonhava me tornar recordista mundial. Sonhava com muitas medalhas de ouro também. Sempre sonhei alto, pois vivo em um ambiente competitivo desde pequeno”, afirmou Mondo em entrevista ao site da World Athletics. Em Tóquio, terá a oportunidade de ser campeão numa Olimpíada pela primeira vez.
A venezuelana Yulimar Rojas é outra candidata a estrela nos Jogos de Tóquio. Aos 25 anos, ela vive o auge da carreira no salto triplo, mas chegou a aproveitar a estatura (1,92m) para ser jogadora de vôlei. Trocou de modalidade e, agora, faz história. É tetracampeã mundial no atletismo e foi prata no Rio de Janeiro. No Japão, é favorita a subir ao lugar mais alto do pódio.
“Todas as minhas conquistas são para a Venezuela. Tem sido difícil, mas não impossível. Se eu tivesse focado nas minhas dificuldades, não teria sido campeã do mundo. Eu quero que as pessoas saibam que nós podemos alcançar tudo o que queremos”, disse, em 2020, ao El Diario.
As provas com obstáculos têm a queniana Beatrice Chepkoech (recordista e campeã mundial dos 3.000m) e a norueguesa Karsten Warholm (duas vezes vencedora do Mundial nos 400m) como principais atletas.
Outros nomes importantes são o também queniano Eliud Kipchoge (campeão olímpico e primeiro atleta da história a correr a maratona em menos de duas horas), a britânica Katarina Johnson-Thompson (heptatlo), o ugandês Joshua Cheptegei (quebrou recordes dos 5.000m e dos 10.000m mesmo durante a pandemia) e a holandesa Sifan Hassan (favorita ao ouro nos 1.500m e 10.000m rasos).
Alison Santos
O Time Brasil está em Tóquio com 53 competidores no atletismo (20 mulheres e 33 homens). O grande nome do atletismo brasileiro atualmente é Alison Santos. Poucos dias antes do início dos Jogos Olímpicos, ele quebrou o recorde sul-americano dos 400m com barreiras pela quinta vez no ano, com 47s34. O resultado fez com que ele chegasse à terceira posição do ranking mundial.
O revezamento 4x100m masculino também pode brilhar em Tóquio. Em 2019, o quarteto brasileiro ficou na quarta posição do Mundial e bateu o recorde sul-americano. Paulo André e Felipe Bardi lideram a equipe e chegam após terem feito suas melhores marcas individuais nos 100m rasos.
Erica Sena é a principal candidata entre as mulheres. Ela foi a quarta colocada no Mundial da marcha atlética, em 2019, e tem chances de chegar. Núbia Soares, Almir Cunha (salto triplo) e o atual campeão olímpico Thiago Braz (salto com vara) podem surpreender.