O Dream Team teve estrelas como o cestinha Damian Lillard (21 pontos) e Devin Booker (16) inspiradas na vitória dos Estados Unidos por 120 x 66 contra o Irã na segunda rodada do torneio masculino de basquete dos Jogos de Tóquio, mas a estrela da partida para o Brasil não era nenhum dos 12 jogadores da NBA — a liga norte-americana de basquete. A árbitra paulista Andreia Silva, nascida em Bauru, tornou-se a primeira mulher a apitar um jogo de basquete dos marmanjos na história das Olimpíadas.
Aos 22 anos, Andreia Silva trocou o interior de São Paulo pela capital para fazer o curso de árbitros da Federação Paulista. Mediava duelos de basquete universitários e das categorias de base. Acumulou experiência e passou a apitar partidas de torneios profissionais masculinos e femininos. Em 2010, passou a ter oportunidades em competições internacionais.
Há três anos, Andreia conseguiu a licença black, a mais importante da Federação Internacional de Basquete (Fiba) e se credenciou para apitar jogos de ponta como o desta quarta-feira dos Estados Unidos. O escudo foi obtido com certa dose de machismo. Para ganhar a licença, Andreia foi submetida a testes físicos nos quais deveria atingir marcas masculinas.
A brasileira é a primeira a apitar um jogos masculino de basquete na Olimpíada, mas não a pioneira do país no evento. Antes dela, Tatiana Steigerwald (Atenas-2004) e Fátima da Silva (Pequim-2008) participaram dos Jogos, mas não apitaram no torneio dos homens. Além de Andreia Silva, Guilherme Locatelli representa o país em Tóquio. As seleções feminina e masculina não se classificaram para esta edição das Olimpíadas.
Além de Andreia Silva, outras quatro mulheres foram selecionadas para a Olimpíada: Maripier Malo (Canadá), Maj Forsberg (Dinamarca), Amy Bonner (Estados Unidos) e Viola Gyorgy (Noruega). "Estou muito feliz com a oportunidade. Estou focada e pronta. A Olimpíada não é meu ponto final, mas um teste de alto nível", disse a brasileira em entrevista ao site da Federação Internacional de Basquete.
Em quadra, Andreia Silva não teve muitas dificuldades para controlar os astros da NBA. Depois da derrota para a França na estreia, os Estados Unidos passaram facilmente pelo Irã, o único dos 12 candidatos a medalha que não tem ao menos um jogador empregado na liga de basquete mais badalada do mundo. Algoz do Dream Team na estreia, a França tinha cinco.
Em ritmo de treino, os EUA fecharam o primeiro quarto com vantagem de 28 x 12. Questionado depois das derrotas para Nigéria e Austrália na pré-temporada e o revés diante da França na estreia, o Dream Team acelerou o jogo e concluiu o primeiro tempo com 60 x 30. O domínio foi mantido no terceiro quarto com 82 x 43 e consumado por 120 x 66.
A partida foi tão fácil que os comandados de Gregg Popovich anotaram 20 cestas de três, ou seja, exatamente metade dos pontos dos Estados Unidos conta o Irã, melhor seleção da Ásia. Sob pressão em Tóquio, o Dream Team voltará a jogar no próximo sábado contra a República Tcheca no encerramento da fase de classificação. O Irã terá pela frente a França.