Nos bastidores dos Jogos Olímpicos, as Seleções masculina e feminina são pura sintonia. Ontem, no hotel que serve de concentração para os times, o lateral Daniel Alves e a técnica Pia Sundhage deram mostras disso ao promoverem um show à parte. Enquanto a comandante tocava piano no hall, o capitão sentou ao lado dela e deu o tom nas palmas. Na plateia, Matheus Cunha e Diego Carlos se arriscaram na cantoria. Em campo, porém, o cenário não é tão rítmico e os times não exibiram todo o talento que têm no concerto de Tóquio. Quase classificados, terão a última chance de afinar o tom na fase de grupos no mesmo palco de Saitama. Hoje, às 8h30, as meninas duelam com a Zâmbia. Amanhã, às 5h, os meninos encaram a Arábia Saudita.
As comandadas de Pia já mostraram que atacam no ritmo que precisar e com os instrumentos que estiverem à disposição. Em dois jogos, as brasileiras maracaram oito gols. O que precisa ser afinado é a defesa, que sofreu três tentos, mas deixou evidente que ainda não está encaixada da melhor maneira. “Marcar tantos gols em dois jogos é fantástico. Então, precisamos solucionar nossa defesa de forma especial. Nós mostramos às jogadoras, conversamos com elas sobre a defesa, mas também sobre como manter a posse e criar boas chances”, alertou a treinadora.
Um empate com a Zâmbia já garante a equipe nas quartas de final. Mas a posição na tabela pode indicar um caminho mais duro do que outro. Quem avançar em primeiro da chave de Brasil e Holanda enfrentará o segundo colocado do Grupo G, dos favoritos Estados Unidos e Suécia. Já o segundo colocado pegará o segundo do Grupo E, que tem Canadá, Inglaterra e Japão, teoricamente menos cascudos. Em vez de escolher adversário, Pia prefere adotar o rodízio entre as jogadoras para manter a alta intensidade em campo. Por isso, ressaltou o poder de decisão das atletas que saíram do banco e prometeu mudanças no time titular para o jogo de hoje.
Também precisando de apenas um ponto, o time masculino ainda não é uma orquestra totalmente afinada. Alguns componentes da sinfonia precisam ser ajustados frente à exigência maior do mata-mata. Formado por bons valores, exibiu virtudes e fraquezas. A estreia promissora com vitória por 4 x 2 sobre a Alemanha e o empate em zero com um a menos contra a Costa do Marfim foram jogos em ritmos diferentes, mas com alguns tons semelhantes. A oscilação de desempenho entre os tempos de cada jogo foi algo em comum nos compromissos olímpicos.
Contra os europeus, o time deu baile nos primeiros 45 minutos, mas relaxou com a vantagem. Diante dos africanos, demorou a se adaptar à expulsão de Douglas Luiz no início, manteve a defesa firme, mas não engrenou. Na teoria, a falta de entrosamento explica a oscilação. O desafio do tenor André Jardine esbarra na falta de tempo para treinos, com jogos a cada dois dias. No ataque, a missão é maximizar a eficiência, desperdiçando menos chances. Na defesa, manter a atenção. “Não podemos facilitar, os rivais também jogam e o jogo pode complicar em alguma bobeira”, alertou Dani Alves. Fora de campo, reservas que entraram bem surgem como opções para o time evoluir a sintonia e seguir firme defendendo o ouro.
Brasil em campo
JOGOS OLÍMPICOS DE TÓQUIO
3ª Rodada - Fase de grupos
Feminino
Hoje
8h30 - Brasil x Zâmbia
Estádio Saitama 2002
Masculino
Amanhã
5h - Arábia Saudita x Brasil
Estádio Saitama 2002
República Dominicana aposta em brasileiro contra time do Zé
Após estrear nos Jogos de Tóquio com vitória, a Seleção feminina de vôlei volta hoje à quadra para enfrentar a República Dominicana pela segunda rodada do Grupo A. O treinador do Brasil, José Roberto Guimarães, encontrará do outro lado da quadra um ex-colega de trabalho, também brasileiro, o ex-auxiliar-técnico do Brasil Marcos Kwiek, que comanda o time da América Central há 12 anos.
Kwiek participa de sua segunda Olimpíada como treinador da República Dominicana e tem a missão de conquistar a primeira vitória em Tóquio. Na estreia, perdeu para a Sérvia por 3 sets a 0. O Brasil vem de vitória contra a Coreia do Sul e aproveita a confiança para garantir mais três pontos.
Para isso, no entanto, tem que vencer o time de Kwiek, que ajudou o Brasil, ao lado de José Roberto, a conquistar o vice no Mundial, em 2006, ano em que foi convidado para assumir a República Dominicana. Em sua segunda Olimpíada como técnico das caribenhas, o treinador contará com jogadoras experientes e outros nomes mais novos, como as irmãs Brayelin e Jineiry Martínez. Ambas também são conhecidas dos brasileiros. Jogam pelo Dentil/Praia Clubes
Apesar de ter um adversário comandado por alguém que conhece de perto o trabalho da Seleção, as brasileiras são favoritas. No último encontro entre o Brasil e a República Dominicana, na Liga das Nações, em maio deste ano, o time de Zé Roberto venceu por 3 sets a 0.
O Brasil lidera o Grupo A com Japão e Sérvia, que também venceram na estreia. Coreia do Sul, Quênia e República Dominicana ainda não pontuaram. No Grupo B, o topo é da Turquia, ao lado dos Estados Unidos e da Itália. China, Argentina e o Comitê Olímpico Russo ainda não venceram.
Zé Roberto e Kwiek não são os únicos técnicos brasileiros. Além deles, a seleção do Quênia é comandada por Luizomar de Moura, treinador do Osasco. Ele conhece algumas das jogadoras brasileiras, como a oposta Tandara e a líbero Camila Brait, que atuam no time paulista.
Ontem, a Seleção masculina sofreu para vencer a Argentina na segunda rodada do torneio masculino. Os atuais campeões olímpicos perdiam por 2 sets a 0 para os rivais, igualaram o placar e forçaram o tie-break. O set desempate foi disputado ponto a ponto, mas deu Brasil.
Curtas esportes
» Vela
Os velejadores brasileiros Robert Scheidt e Patrícia Freitas reagiram, ontem, e subiram nas classificações das classes Laser e RS:X, respectivamente, nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Lenda do esporte olímpico, Scheidt obteve um quarto lugar e subiu para o 8º lugar nas disputas realizadas na Baía de Enoshima. Ele mostrou evolução e registrou um 10º posto e 4º lugar nas duas regatas do dia, avançando para a oitava colocação geral, com 25 pontos perdidos.
» Badminton
O badminton brasileiro somou uma vitória e uma derrota, ontem, nos Jogos Olímpicos de Tóquio. Ygor Coelho venceu na sua estreia no torneio simples masculino, enquanto Fabiana Silva perdeu na sua primeira partida na competição. Carioca, de 24 anos, Ygor, atual campeão pan-americano, derrotou Georges Julien Paul, da Maurícia, por 2 a 0, com parciais de 21/5 e 21/16, em 31 minutos de jogo, válido pelo Grupo I, que conta também com o japonês Kanta Tsuneyama.
» Taekwondo
Milena Titoneli ficou muito perto de conquistar a medalha de bronze na categoria até 67kg do taekwondo do nos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Ontem, a brasileira de 22 anos foi derrotada pela marfinense Ruth Gbagbi por 12 a 8, na disputa pelo terceiro lugar da competição, na Makuhari Messe Hall. Ela tentava igualar o melhor resultado do País na modalidade, depois dos bronzes de Natália Falavigna, em Pequim-2008, e Maicon Andrade, no Rio-2016.
» Boxe
O boxe brasileiro perdeu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Tóquio, ontem, após a derrota da peso pena (até 57 kg) Jucielen Romeu para a britânica Karriss Artingstall, em decisão unânime dos jurados. Valente, Jucielen tentou o ataque desde o início, mas encontrou uma rival muito técnica, canhota e com precisão nos golpes. O próximo brasileiro em ação será o peso pesado (até 91 kg) Abner Teixeira, que vai ter pela frente, hoje, às 6h18, o britânico Cheavon Clake.