Esporte que mais garantiu medalhas olímpicas para o Brasil (23), o judô chega nesta segunda-feira (26/7), a partir das 23h, ao seu quarto dia de competição, com dois brasileiros na briga pelas vagas às finais. Entre os nomes, está a brasiliense Ketleyn Quadros, que fará a sua segunda participação em olimpíadas. A estreia foi em Pequim 2008, quando garantiu o bronze e entrou para a história como primeira mulher a ganhar uma medalha em esportes individuais para o país em Jogos. Outro representante verde-amarelo em Tóquio será Eduardo Yudy, filho de brasileiros e nascido no Japão, que chega para o seu debute no evento esportivo mais importante do mundo.
De Ceilândia para o mundo. O primeiro desafio de Ketleyn Quadros em solo japonês será logo nas oitavas de final, pois a então adversária na fase inicial, Cergia Daviddiante, não bateu o peso da categoria e acabou sendo desclassificada. Portanto, a brasiliense avançou e pegará a vencedora do confronto entre Prisca Awiti Alcaraz, do México, e Gankhaich Bold, da Mongólia, pela categoria até 63kg. Ketleyn é um dos grandes nomes e esperanças para garantir, depois do bronze de Daniel Cargnin, mais uma medalha na modalidade, pois, além da experiência, está entre as 10 melhores judocas no ranking da Federação Internacional de Judô.
Na preparação para Tóquio 2020, a atleta do Distrito Federal competiu no Mundial da Hungria, terminando na 5ª colocação; lutou no Grand Slam de Tbilisi, ficando com a 7ª posição; e conquistou a prata no Grand Slam de Kazan e o ouro no Pan-Americano de Judô 2021.
A expectativa para a estreia de Ketleyn Quadros no tatame japonês é alta e mobiliza não só a família que mora na Ceilândia, mas todo o Brasil. Antes da abertura oficial dos Jogos, uma faixa pendurada pela mãe da judoca em frente a casa onde mora, dizia: “Minha Filha Ketleyn Quadros está nas Olimpíadas de Tokyo”. E no último final de semana, a imagem viralizou nas redes sociais, o que trouxe ainda mais apoio para a atleta olímpica.
Cria do quadradinho, Ketleyn foi motivo de ainda mais orgulho e alegria quando se tornou a primeira judoca a carregar a bandeira brasileira na abertura dos Jogos, junto ao mestre-sala, o jogador da seleção brasileira de vôlei, Bruninho. A brasiliense não escondeu a felicidade, sambou e mostrou toda sua irreverência na cerimônia oficial.
Aos 34 anos, Ketleyn Quadros pisará no tatame lendário de Budokan madura e consciente do que precisa fazer para chegar às finais. Para ela, não ter disputado os Jogos de Londres 2012 e Rio 2016 não atrapalha em nada. “Eu olho pra minha carreira e vejo que não ter participado dos últimos dois Jogos Olímpicos me ajudou a crescer, a evoluir e a estar aqui”, avalia.
Conquistas douradas na carreira Ketleyn Quadros
Copa do Mundo de Madrid (2011); Pan-Americano de Santiago (2017); Grand Prix de Almaty (2013), de Tashkent (2013), Cancún (2017) e Pan-Americano de judô (2021)
Brasileiro competirá "em casa"
Na categoria até 81kg masculino, Eduardo Yudy, lutará praticamente em casa. O primeiro desafio do nipo-brasileiro será contra o israelense Sagi Muki, vice-líder do ranking mundial. Filho de imigrantes brasileiros, o judoca nasceu na cidade de Shimotsuma, província de Ibaraki, a 82 km de Tóquio. Yudy começou a praticar judô ainda criança, aos quatro anos de idade.
Antes de integrar a delegação brasileira, houve a tentativa de servir à seleção japonesa. “Eu não podia participar de nenhum campeonato que servia como seletiva para ingressar na seleção japonesa, porque eu era estrangeiro”, relata. O tempo passou e atleta recebeu um convite para participar de uma seletiva no Brasil. Eduardo mostrou o seu talento e em 2013 iniciou sua trajetória vitoriosa pelo Esporte Clube Pinheiros e Brasil.
Yudy diz que, apesar de ser sua primeira olimpíada, não ficará nervoso, e o fato de já ter competido em solo japonês servirá como auxílio. “A classificação para Tóquio é a principal conquista da minha vida. Já retornei ao Japão várias vezes em outras competições, o que também me ajudará a controlar o emocional. Não ficarei nervoso”, garante.
A julgar pelo ranqueamento da entidade máxima do judô mundial, o israelense é o favorito para vencer a luta. Porém, Yudy quer aproveitar o “fator casa” para surpreender e avançar na disputa por uma medalha.
No caminho até o Japão, o judoca participou de campeonatos internacionais como o Mundial da Hungria e o Grand Slam de Kazan, ambos em 2021. As principais conquistas de Eduardo Yudy são os ouros nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e Pan-Americano de Judô 2017, além do bronze no Grand Prix de Tel Aviv 2020.
*Estagiário sob supervisão de Marcos Paulo Lima