O Ginásio Nacional Yoyogi recebe as Leoas do handebol feminino brasileiro neste sábado (24), às 23h (de Brasília), contra o Comitê Olímpico Russo (ROC), para a primeira partida nos Jogos de Tóquio. A estreia será desafiadora para a Seleção por enfrentarem as campeãs da edição disputada no Rio, em 2016. As russas são novamente favoritas para conquistar a medalha de ouro. No entanto, o time verde-amarelo pode ser uma surpresa. A motivação é a seguinte: as meninas do país quererem se consagrar no único torneio que falta no currículo da equipe.
O passe para Tóquio foi carimbado nos Jogos Pan-americanos de Lima-2019. As brasileiras triunfaram no país vizinho ao conquistar a medalha de ouro e o hexa na competição. Além dos Pans, as Leoas foram campeãs do Mundial de Handebol da Sérvia, em 2013, com decisão eletrizante contra as anfitriãs. Consequentemente, as meninas chegaram ao Rio-2016 como favoritas ao primeiro título olímpico, mas amargaram o quinto lugar após derrota para a Holanda.
Dos deslizes à redenção em Tóquio
A equipe comandada pelo espanhol Jorge Dueñas não participou de torneios neste ano. O Mundial de 2021 está marcado para dezembro, na Espanha. A última edição foi a de 2019, em que o Brasil ficou na 17ª posição. Sofreram derrotas para Alemanha, Coreia do Sul e Dinamarca, empataram com a França e golearam a Austrália por 21 x 9 na fase de grupos.
O Mundial de Kumamoto-2019 funcionou no sistema Main Round. Na fase classificatória, há quatro grupos em que os três melhores avançam para a etapa seguinte,na qual novamente se formam duas chaves e os dois primeiros vão para as semifinais.
O Brasil terminou em quinto na primeira fase de grupos e competiu pela President’s Cup para definir as posições a partir do 13º lugar. O time verde-amarelo duelou contra a Eslovênia e Senegal para disputar da 17ª à 20ª posição, e venceu as duas seleções.
“Eu acredito que a seleção surpreenda positivamente. É uma Olimpíada diferente por todo o contexto que estamos vivendo. A falta de preparação e de jogos não foi algo que se resumiu ao Brasil”, analisa em entrevista ao Correio Braziliense a ex-pivô e capitã da equipe que conquistou o Mundial de 2013, Dara Diniz.
A preparação da equipe feminina começou em março deste ano, quando Jorge Dueñas fez a primeira convocação para viajarem a Portugal e começarem os trabalhos. As atletas ainda tiveram a oportunidade de treinar com as europeias.
A Seleção ficou cerca de um mês em solo português. De lá, seguiu para rumo à Croácia para participar do HEP Croácia Cup, torneio amistoso preparatório para as Olimpíadas. O Brasil venceu a Holanda por 25 x 19 e perdeu para as donas da casa (21 x 24).
Para fechar a lista com as 15 atletas que estão em Tóquio e fazer os últimos ajustes, o Brasil participou de mais três amistosos. Foram dois contra a Hungria, em que perderam por 31 x 34, no primeiro jogo, e 23 x 24, no segundo.
Diante de Montenegro, as Leoas venceram com um ponto de diferença (22 x 21). Por fim, Elaine Gomes Barbosa (KH Balonmano Granollers), Gabriela Moreschi (Fleury Loiret), Thais Adrielle Fermo (Fag Cascavel) foram cortadas da relação de Jorge Dueñas.
A contar do Mundial de 2019, a Seleção participou de 12 partidas oficiais e ainda teve um confronto no treino com Portugal. Foram cinco vitórias, um empate e seis derrotas.
“Sabemos que uma Olimpíada, com todo o peso que tem, não é fácil, e acredito que qualquer uma das seleções que estão lá podem chegar ao pódio, inclusive o Brasil”, afirma Dara. A ex-capitã destaca que as Leoas enfrentarão desafios importantes na fase de grupo diante das russas, atuais campeãs olímpicas, e das francesas, que ficaram com a prata na Rio-2016.
Contudo, Diniz pondera que a força das adversárias não diminui a do verde-amarelo. Para ela, o time dará trabalho às oponentes e pode conquistar a primeira medalha olímpica do handebol brasileiro.
Impasses na CBHb
Assim como a seleção masculina, as meninas foram prejudicadas pela desordem na diretoria da Confederação Brasileira de Handebol (CBHb). O comandante do título inédito no Mundial da Sérvia, Morten Soubak, foi demitido no fim de 2016, após sete anos à frente da seleção.
A CBHb levou mais de seis meses para contratar Jorge Dueñas e restou pouco tempo para o técnico preparar a equipe para o Mundial da Alemanha-2017. A campanha brasileira no torneio foi uma das piores, finalizando a participação na fase de grupos. O país ficou em 17º lugar. O resultado se repetiu no Japão, em 2019.
A confusão na CBHb começou na gestão de Manoel Luiz Oliveira. O dirigente ficou no comando da entidade por 30 anos até ser afastado pela Justiça ,em 2018. Ricardo Luiz de Souza, então vice-presidente, assumiu o cargo.
Oliveira conseguiu retornar à Confederação, mas foi afastado e Ricardinho reassumiu. No entanto, à época, estava suspenso pelo Conselho de Ética do Comitê Olímpico do Brasil (COB) por denúncia de assédio moral e sexual contra ele. O imbróglio encerrou no fim de 2020, quando renunciou ao cargo. O atual presidente é Felipe Rêgo Casão.
As Leoas do Brasil
Adriana Cardoso (Bera Bera)
Alexandra do Nascimento (Bourg-de-Péage)
Dayane Pires da Rocha (CB Salub Tenerife)
Larissa Araújo (Minaur Baia Mare)
Ana Paula Rodrigues (Chambray Touraine)
Patricia Matieli (Mks Zaglebie Lubin)
Bruna de Paula (Nantes Atlantique)
Gabriela Bitolo (CB Elche)
Eduarda Amorim (Rostov-Don)
Samara Vieira (Krim)
Bárbara Arenhart (ZRK Buducnost)
Renata Arruda (Bera Bera)
Tamires Morena Lima (HC Dunarea Braila)
Lívia Martins Horácio Ventura (Madeira Andebol Sad)
Giulia Guarieiro (KH-7 Balonmano Granollers)*
Técnico: Jorge Dueñas de Galarza
*Atleta alternativo, ela pode entrar na condição de competidor se for escalado por Tatá no decorrer do torneio.
Próximos jogos
26/7 - Brasil x Hungria - 23h
28/7 - Brasil x Espanha - 23h
31/7 - Brasil x Suécia - 4h15
1/8 - Brasil x França - 23h
Todos os horários estão no fuso de Brasília (DF).