Rio de Janeiro — Obsessivo por um título com a Argentina, Lionel Messi, enfim, conseguiu alcançar a meta, ontem. Depois de 15 anos — ou 5.806 dias —, 151 jogos e eliminações doloridas em 10 competições, com direito a quatro vice-campeonatos, a sonhada taça do camisa 10 pela seleção nacional veio no Maracanã, diante do Brasil. A alviceleste venceu o clássico, por 1 x 0, e volta a conquistar a Copa América para sair de uma seca de 28 anos.
A conquista será eternamente lembrada pela importância e o apelo para o principal jogador de uma geração. Messi é dono de recorde invejáveis pela seleção. É ele quem tem mais gols, assistências e jogos com a camisa do país vizinho. Porém, o protagonista do duelo foi outro nome não menos importante no conjunto da obra argentina.
Válvula de escape portenha diante de um camisa 10 anulado tecnicamente pela ferrenha marcação brasileira, o atacante Di María se destacou nas melhores chances argentinas.
Dos pés dele, aos 21 minutos do primeiro tempo, nasceu o gol do título da Argentina. De Paul fez lançamento certeiro, Renan Lodi bobeou na tentativa de domínio e deixou Di María de frente para Ederson. O camisa 11 deu uma cavadinha precisa para encobrir o arqueiro brasileiro e causar a explosão dos argentinos nas arquibancadas do Maracanã.
Àquela altura, o gol não fez justiça ao visto em campo. O time verde-amarelo estava longe de ter ampla superioridade, mas tinha domínio da posse de bola e alugava o ataque. Não bastou.
A desvantagem despertou no Brasil a necessidade de partir para o tudo ou nada desde o primeiro minuto, quando Tite começou a distribuir atacantes pelo campo. A Seleção terminou o jogo com cinco, ao mesmo tempo, no gramado.
O time até balançar a rede nos minutos iniciais da etapa final com Richarlison. O lance, porém, foi impugnado por impedimento. No fim, Gabigol parou em Martínez em chance valiosa. Os brasileiros pararam, ainda, na famigerada catimba rival.
A noite era mesmo argentina e nem mesmo os gols claros perdidos por Messi e De Paul impediram a chegada do esperado momento de triunfo.
Principal esperança do bicampeonato consecutivo para o Brasil, Neymar, assim como Messi, foi cercado pela marcação rival. Muitas vezes, de forma desleal, com chegadas duras. A ineficiência dos demais pares de criação ofensiva, porém, foi fundamental para concretizar o fim de uma escrita vencedora. Essa foi a primeira vez, em seis oportunidades, que o país perdeu a principal taça de seleções da América do Sul jogando em casa.
A conquista é a 15ª Copa América da Argentina. A seleção alviceleste se junta aos uruguaios como os maiores vencedores. Vice da Copa no Maracanã em 2014, Messi encerrou o calvário.
FICHA TÉCNICA
BRASIL 0
Éderson; Danilo, Thiago Silva, Marquinhos, Renan Lodi (Emerson); Casemiro, Fred (Roberto Firmino), Lucas Paquetá (Gabigol); Neymar, Éverton Cebolinha (Vinícius Jr.) e Richarlison. Técnico: Tite
Amarelos: Fred, Renan Lodi, Lucas Paquetá e Marquinhos
ARGENTINA 1
Martínez; Montiel, Romero (Pezzella), Otamendi, Acuña; Paredes (Guido Rodríguez), Lo Celso (Tagliafico), Dí Maria (Palácios); De Paul, Messi e Lautaro Martínez (Nicolás González). Técnico: Lionel Scaloni
Gol: Di María
Amarelos: Paredes, Lo Celso, De Paul, Otamendi e Montiel
Estádio: Maracanã, Rio de Janeiro (RJ)
Público: Não divulgado
Árbitro: Esteban Ostojich (URU)
“Sonhamos muito com o título. Muita gente nos criticava, mas seguimos lutando. Hoje, comemoramos a conquista que tanto estávamos buscando”
Di María, autor do gol
“Não conseguimos fazer o nosso jogo no primeiro tempo e melhor no segundo. Temos que tirar como aprendizado um início de partida como essa”
Thiago Silva, zagueiro