Finalistas da Eurocopa, hoje, às 16h, em Londres, Inglaterra e Itália planejaram a decisão inédita em Wembley de formas distintas. Os donos casa investiram em uma revolução nas divisões de base para conquistar um título pela primeira vez desde 1966. A Squadra Azzurra apostou no mancinismo para reconstruir uma seleção marcada pela ausência na Copa da Rússia em 2018.
Vinte e cinco de outubro de 2017. Kolkata, Índia. Inglaterra e Brasil se encontram na semifinal do Mundial Sub-17. Naquele dia, a geração nascida a partir de 1º de janeiro de 2000 mostrou ao mundo que o projeto da Football Association (FA) era muito sério.
Em 2013, o então presidente da entidade máxima do futebol inglês, Greg Dyke, profetizou: “Os nossos objetivos são chegar às semifinais da Euro 2020 e ganhar a Copa do Mundo em 2022”.
O Mundial Sub-17 foi um dos degraus para os súditos da rainha Elizabeth irem além da meta. A Inglaterra se impôs. Eliminou o Brasil por 3 x 1. Na final, goleou a Espanha, por 5 x 2. Phil Foden (Manchester City) e Jadon Sancho, vendido nesta janela de transferências pelo alemão Borussia Dortmund ao inglês Manchester United por R$ 506 milhões estão na Eurocopa.
O triunfo contra o Brasil foi mais uma peça no quebra-cabeça da ambição. Também em 2017, a Inglaterra conquisitou o Mundial Sub-20 contra a Venezuela. Calvert-Lewin é o representante daquela geração na Eurocopa.
Ainda em 2017, a Inglaterra arrematou a Euro Sub-19 por 2 x 1 contra Portugal. A safra tinha Reece James e Mason Mount.
A fusão de gerações tem, ainda, Ramsdale, Kane, Stones, Pickford, Shaw, Sterling, Grealish e Chilwell. Todos foram comandados pelo técnico Gareth Southgate na seleção sub-21 antes de ele assumir a esquadra principal.
Em 2018, Southgate levou a Inglaterra ao quarto lugar na Copa. Três anos depois, eliminou a Alemanha nas oitavas da Euro e voltou à semi depois de 25 anos, como profetizara Greg Dyke. A geração teen com média de 25,3 anos pode superar a meta e trocar no troféu pela primeira vez.
Do outro lado, Itália apostou em Roberto Mancini depois do pesadelo da eliminação na repescagem para a Copa. O técnico assumiu o cargo estabelecendo uma identidade. Escolheu o sistema 4-3-3. Contra o País de Gales, mudou oito peças, mas a configuração continou intacta.
O mancinismo também formou um grupo. Talentos como Immobile e Belotti disputam a mesma posição, mas se abraçam quando um ou outro faz gol. Rivais no Napoli e na Juventus Insigne e Bernardeschi formam dupla de cantores nas redes sociais. Bonucci disse nesta Euro que, antes de Manici, as convocações eram peso. Agora, uma diversão.
O treinador também inovou. O laboratório para a Euro teve 77 convocados em três anos. Ele testou 67. Assustou com algumas escolhas, mas não se intimidou. O brasileiro Jorginho, por exemplo, é um dos homens de confiança.
Outro sucesso do mancinismo é a meritocracia. Berardi iniciou a Euro como titular no ataque, mas Chiesa recuperou a posição nas quartas contra a Bélgica.
Invicta há 33 jogos, a Itália está a dois de igular o recorde do Brasil, de Zagallo (1996), e da Espanha, de Vicente del Bosque (2009). A Itália não abriu mão do catenaccio, mas, agora, defende agredindo. Busca o bi com o segundo melhor ataque (12 gols) e a segunda melhor defesa (3 sofridos), atrás apenas da Inglaterra 91).