Em tempos de exaltação às gerações belga, inglesa e espanhola, o Brasil também tem seus ex-meninos de ouro. O marco é 2011. Naquele ano, a Seleção conquistou o Sul-Americano Sub-20, no Peru, e o Mundial Sub-20, na Colômbia, sob o comando do técnico Ney Franco, com uma geração que tinha, entre outros, quatro jogadores convocados por Tite para a Copa América. Danilo, Casemiro e Neymar serão titulares na final contra a Argentina, neste sábado (10/7), às 21h, no Maracanã. Alex Sandro é um dos suspenses de Tite.
Nascidos em 1991 e 1992, eles tiveram pelo menos um representante nas últimas duas conquistas do Brasil em torneios profissionais. Neymar, Fernando, Oscar e Lucas Moura, os três últimos esquecidos por Tite, estavam no elenco campeão da Copa das Confederações no Maracanã, em 2013. Danilo, Alex Sandro e Casemiro foram campeões da Copa América em 2019, também no Maracanã. Nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, Neymar foi o protagonista da conquista do inédito ouro.
“É uma geração muito talentosa que reunimos no Sub-20, quando conquistamos o Sul-Americano e depois o Mundial Sub-20. O Brasil é um país muito rico de grandes jogadores, talentos, que acabam aparecendo”, disse Neymar ao Correio na entrevista virtual organizada pela CBF na quinta-feira.
“Hoje, a gente tem o mais novo aqui, que é o Vinicius Junior, que tem tudo para ser um dos maiores jogadores também. A gente fica feliz. Entre nós, a gente só conversa sobre as histórias que passamos juntos lá no começo ao longo do caminho e hoje somos os mais coroas da Seleção Brasileira. Temos orgulho da nossa geração, que conseguiu tíutlos importantes para a Seleção”, afirmou Neymar.
Casemiro pode ser bi da Copa América. “É gostoso você ouvir que uma geração de tanto tempo vem jogando junto. Tem o Alisson, também, que não esteve nessas competições, mas frequentou as seleções de base. Isso é importante. Mostra que a base é importantíssima para nós. Você faz um bom trabalho e tem a recompensa na Seleção principal”, respondeu à reportagem.
A geração 1991 amadureceu com derrotas. Danilo, Alex Sandro e Neymar ficaram com a prata nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Perderam a final para o México. “É um motivo de orgulho ser lembrado. Essa geração fez um trabalho de excelência lá atrás, conseguiu ganhar títulos. O mais difícil no futebol de alto nível é dar continuidade aos resultados e ao nível do jogo. Destaco a força mental dessa geração para chegar em um patamar alto e se manter aqui. Eu fico muito satisfeito de chegar à final da Copa América como um dos representantes dessa geração e espero que todos se sintam representados por nós”, disse Danilo, em entrevista ao Correio.
5 pontos chave do Brasil na decisão
NEYMAR
O amigo de Messi é decisivo em jogos valendo troféu. Em 2013, fez gol no Maracanã na final da Copa das Confederações contra a Espanha. Em 2016, marcou na decisão da medalha de ouro contra a Alemanha. O último gol do Barcelona no título da Champions League de 2015 contra a Juventus foi de Neymar. Em contrapartida, há preocupação com o temperamento de Neymar. Nesta temporada, foi expulso duas vezes contra Olympique de Marselha e Lille. O controle emocional do craque é fundamental para o sucesso do Brasil.
DANILO E ALEX SANDRO OU LODI
Depois da era de Daniel Alves e Maicon na lateral direita e de Marcelo e Filipe Luís na esquerda, o Brasil aprende a ter confiança em Danilo e Alex Sandro ou Renan Lodi. O equilíbrio ofensivo e defensivo dos dois laterais do Brasil é fundamental para dar suporte ao ataque com cinco jogadores, como gosta Tite com a bola (2-3-5) e para a ajuda a Thiago Silva, Marquinhos, Casemiro e Fred no posicionamento defensivo. A defesa do Brasil sofreu dois gols nos últimos 10 jogos, mas duelará com Di María, Messi e Lautaro Martínez.
CASEMIRO
O Brasil é muito dependente do seu principal volante. Quando ficou sem ele nas quartas de final da Copa da Rússia, em 2018, em um jogo de altíssimo nível como o de hoje contra a Argentina, perdeu para a Bélgica, por 2 x 1. Casemiro e Messi são adversários nos clássicos entre Real Madrid e Barcelona. É natural que haja um duelo entre eles. Messi gosta de jogar nas costas dos volantes adversários. Casemiro precisa tomar cuidado com as faltas. Por outro lado, o volante vive sua temporada mais artilheira: 7 gols pelo Real e 1 na Seleção.
TITE
O técnico da Seleção perdeu apenas quatro jogos. Dois deles justamente para Argentina nas eras Jorge Sampaoli e Lionel Scaloni. Tite precisa corrigir um problema: demora a reagir quando é surpreendido pelo sistema tático do técnico adversário. Foi assim na derrota para a Bélgica por 2 x 1 nas quartas de final da Copa da Rússia e no segundo tempo da vitória por 1 x 0 contra o Peru na semifinal da Copa América. Nos dois casos, Roberto Martínez e Ricardo Gareca surpreenderam o técnico do Brasil e conseguiram amarrar o estilo de jogo da Seleção.
GABRIEL JESUS
O Brasil não terá seu camisa 9. Gabriel Jesus está suspenso por causa da expulsão contra o Chile. O centroavante tem ocupado com sucesso a extrema direita do ataque do Brasil. O substituto dele é uma incógnita. Lucas Paquetá, autor dos gols contra Chile e Peru, Richarlison e Everton “Cebolinha” ocuparam o setor, mas nenhum deles no nível de Jesus. Gabigol também atua naquele setor, mas não parece ter a confiança de Tite. Portanto, a escolha do substituto de Gabriel Jesus é uma peça-chave do quebra cabeça da final.
5 pontos chave da Argentina na final
MESSI
O desempenho do jogador eleito seis vezes melhor do mundo é próximo da perfeição. É o artilheiro do torneio com quatro gols e cinco assistências. Participou diretamente de nove dos 11 gols da seleção. É o jogador da Copa América que mais ganhou duelos ofensivos (69), líder em passes progressivos (42) e tem precisão de 92% nos passes no último terço do campo. Vice da Copa do Mundo no Maracanã, em 2014, está motivadíssimo para quebrar o jejum pessoal e da Argentina.
INÍCIO ARRASADOR
A Argentina fez o primeiro gol do jogo em todas a seis partidas nesta Copa América. Das 11 bolas na rede, oito foram no primeiro tempo e seis antes dos 15 minutos de jogo. A seleção de Lionel Scaloni inicia as partidas tomando as rédeas. Resta saber se fará o mesmo contra o Brasil, hoje, no Maracanã. Messi e companhia têm feito pressão no campo do adversário. Messi e De Paul são os maiores ladrões de bola no último terço do campo adversário seguidos por Guido Rodríguez e o atacante Lautaro Martínez.
SOLIDEZ DEFENSIVA
A Argentina levou apenas dois gols nesta Copa América, um a mais do que o Brasil. O técnico Lionel Scaloni conseguiu conciliar poder ofensivo e defensivo. Leandro Paredes e Guido Rodríguez são os símbolos dessa pegada no meio de campo. Guido recuperou 34 bolas neste torneio, sendo 16 no campo adversário. O zagueiro Otamendi é o xerife da zaga. Ganhou 44 de 64 duelos nesta Copa América e recuperou 35 bolas. Há um detalhe curioso para o Brasil se atentar: Pezzella costuma acionar Messi com passes longos. Ele acionou o capitão quatro vezes nesta Copa América.
BOM PASSE
A evolução do trabalho de Lionel Scaloni conseguiu colocar em campo jogadores com qualidade na troca de passes. Com isso, facilitou o trabalho de Messi no time. A média de acerto da Argentina na troca de passes tem sido de 87% no torneio. A maioria dos jogadores supera a média de 80%. O zagueiro Pezzella lidera as estatísticas, seguido pelo companheiro de zaga Otamendi. Ambos garantem uma saída de jogo segura à seleção. No meio de campo, Paredes e Lo Celso mantêm o padrão alto nas trocas de passes.
MESSIDEPENDÊNCIA
Embora o jogo coletivo da Argentina esteja em evolução para a Copa do Qatar-2022, os comandados de Lionel Scaloni ainda exigem muito de Messi. Assim como Neymar no lado do Brasil, o camisa 10 continua sendo a principal arma da esquadra. As atenções da marcação voltadas para Messi devem dar espaço a Lautaro Martínez, autor de dois gols nesta Copa América. Papu Gómez, Guido Rodríguez e De Paul também constumam aproveitar os espaços. A dependência de Messi gera um outro problema. Quando marca o primeiro gol, o time recua para ajudar o craque a descansar e é pressionada. A posse de bola costuma cair para 50% e até 45%.