Mistério contra o rival íntimo

Em novo encontro com o Peru %u2014 o oitavo da era Tite %u2014, Brasil luta por vaga na segunda final consecutiva da Copa América. Com Gabriel Jesus suspenso, treinador esconde substituto e detalhes táticos para o jogo

Finalistas da edição de 2019 da Copa América, Brasil e Peru voltam a se encontrar pela competição continental. Agora nas semifinais, as duas seleções decidem a vida, às 20h, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. Com base no excesso de confrontos com os peruanos nos últimos anos — este será o sétimo da era Tite, iniciada em 2016 —, o time canarinho optou por apostar no mistério sobre algumas peças do time que irá a campo como trunfo extra pela vaga para a segunda final consecutiva.

Uma ausência na equipe que superou o Chile nas quartas de final é certa. Expulso após entrada displicente, o atacante Gabriel Jesus irá cumprir suspensão automática diante do Peru. Sem o jogador do Manchester City, Tite tem algumas opções táticas para adotar. A mais simples é a entrada de Gabriel Barbosa na mesma função do camisa nove. Porém, Everton Cebolinha também briga pela oportunidade de começar a semifinal entre os titulares.

Uma possível mudança na formação também pode acontecer. A mais provável para o jogo é uma mudança de função de Neymar em campo, com a entrada de Lucas Paquetá — autor do gol único da classificação para as semifinais da Copa América — ou Everton Ribeiro. Todos os caminhos, porém, são considerados por Tite.

O treinador optou, inclusive, por deixar tudo em aberto, mesmo dando pistas sobre a estrutura do time canarinho contra os peruanos. “Vamos ter composição com dois articuladores e dois médios. Essa é a ideia. Se ele é de lado, de centro, não vou falar porque é estratégia nossa. O que é mais importante é enaltecer o trabalho dessa equipe toda. O que a gente procura trazer pros atletas é que mantenham um padrão”, disse.

Os bons números no retrospecto recente diante dos peruanos colocam o Brasil como franco favorito pela vaga na final, mas a equipe precisará ter cuidados. Os adversários tiveram a segunda melhor campanha do grupo B e têm o terceiro melhor ataque da Copa América, atrás dos próprios brasileiros e dos argentinos.

Ricardo Gareca também tem dúvidas na escalação. O técnico não tem no elenco um jogador com as mesmas características de Carrillo, expulso nas quartas de final durante a vitória contra o Paraguai. Entre as opções, a que se apresenta mais provável é deslocar Cueva para o setor e promover a entrada de Luis Iberico ou Marcos López no flanco esquerdo. O treinador, porém, destacou a aposta na coletividade. “Não precisamos de estrelas ou grandes jogadores. De algo bom, podemos passar para algo muito bom com o coletivo. Essa é a característica da nossa equipe”, ressaltou.

 

Torneio tem os mesmos técnicos semifinalistas em 2019

As partidas das semifinais da Copa América 2021 acabaram se transformando em encontros de técnicos que se tornaram especialistas da principal competição de seleções do continente. Ao passarem pelas quartas, Tite, do Brasil, Ricardo Gareca, do Peru, Lionel Scaloni, da Argentina, e Reinaldo Rueda, da Colômbia, conquistaram uma dobradinha pessoal e chegam pela segunda vez entre os quatro melhores do torneio.

Em 2019, os quatro comandantes haviam conquistado tal feito. No espaço de dois anos entre as edições disputadas em território brasileiro, apenas Rueda trocou de bandeira. Na primeira delas, ele ficou entre os melhores da Copa América dirigindo o Chile. Neste ano, repetiu a dose, mas com a Colômbia, seu país natal. Os demais treinadores reconduziram as mesmas seleções até as semifinais do torneio continental.

Apesar da repetição dos nomes à beira do gramado, os duelos pessoais entre eles acabaram se invertendo no chaveamento. Em 2019, o brasileiro Tite se credenciou à decisão ao levar a melhor sobre o argentino Scaloni. Do outro lado da chave, Gareca garantiu o Peru na final ao superar o Chile de Rueda. Atual campeão, o técnico tupiniquim é quem defende o título da Copa América.

Finalistas em 2019, Tite e Gareca se reencontram pela sexta vez em dois anos com um histórico amplamente favorável ao brasileiro: 100% de aproveitamento nas três primeiras partidas. “As equipes têm tradição de enfrentamento. Fizemos final, fase de grupos, Eliminatórias. Mas termina qualquer observação a partir daí, de prognóstico. Tudo é diferente“, ressaltou Tite. “O Brasil continua sendo uma equipe muito poderosa. Esse atual é muito bom. Nossa seleção também vai melhorando. Temos condições de nos superarmos”, avaliou o técnico do Peru.