Tóquio sediaria pela primeira vez os Jogos Olímpicos em 1940, edição que acabou cancelada devido à Segunda Guerra Mundial. Em 1964, a capital japonesa, enfim, recebeu o maior evento esportivo do mundo numa mostra da reconstrução do país após Hiroshima ter sido alvo da bomba atômica. Na volta ao Japão, as Olimpíadas ganham novamente contorno de recomeço, desta vez, por causa da pandemia de covid-19. A doença que provocou o adiamento da competição foi ressaltada na Cerimônia de Abertura de uma edição já histórica, mesmo sem público.
Há 57 anos, um dos momentos mais emocionantes dos Jogos de Tóquio-1964 foi quando o jovem Yoshinori Sakai carregou a tocha olímpica. O rapaz com 19 anos naquele momento nasceu em Hiroshima no em 6 de agosto de 1945, dia em que a bomba atômica foi detonada sobre a cidade. Nesta sexta-feira, 23 de julho de 2021, os 68 mil assentos do estádio olímpico estavam vazios para a festa mais atípica da abertura das Olimpíadas, que assumiu um discurso de inclusão, igualdade, solidariedade e paz.
A Cerimônia de Abertura começou com uma referência à preparação isolada dos atletas durante o período mais restrito de isolamento social e à incerteza sobre a realização da competição. “Distantes, mas não sozinhos” foi o tema que abriu as coreografias, que teve como protagonista Arisa Tsubata, atleta japonesa de boxe que não conseguiu se classificar para os Jogos devido ao cancelamento das seletivas por causa da pandemia. Ela apareceu correndo sozinha em uma esteira.
Depois de mostrar a resiliência típica do esportista, o anfitrião das Olimpíadas dedicou um momento de homenagens às vítimas da covid-19 e aos atletas Israelenses que sofreram um atentado nas Olimpíadas de Munique em 1972. O minuto de silêncio evidenciou o momento delicado que também perpassa pelo esporte.
Depois a festa ganhou vez. A cerimônia fez um passeio pela história do Japão, celebrando as tradições e a cultura do país. Os Aros Olímpicos surgiram em meio a dançarinos vestidos em homenagem aos bombeiros voluntários japoneses, uma tradição de séculos do país. A coreografia se alternou com vídeos, um deles fez um paralelo entre os movimentos dos atletas aos de músicos de uma orquestra, apresentando como a arte e o esporte podem encantar e emocionar.
Ketleyn Quadros e Bruninho, porta-bandeiras com samba no pé
O desfile das delegações dos países seguiram a ordem alfabética do alfabeto japonês. O Brasil foi o 151º a entrar no Estádio Olímpico, com a brasiliense Ketleyn Quadros, do judô, e Bruninho, do vôlei, como porta-bandeiras na primeira vez que os Jogos Olímpicos permitiram dois representantes por país com objetivo de promover a igualdade de gênero, já que a maioria dos atletas historicamente escolhidos para assumir essa honraria eram homens. A delegação brasileira levou apenas quatro pessoas para o desfile como forma de precaução pela pandemia.
A brasiliense Ketleyn foi a terceira mulher, sendo a primeira negra, a levar a bandeira do Brasil nos Jogos de Verão. Ela também foi a primeira brasileira a ganhar uma medalha olímpica em esportes individuais, nos Jogos de Pequim-2008. Já o levantador, que foi capitão da Seleção Brasileira de vôlei campeã olímpica na Rio-2016 e dono de outras duas medalhas olímpicas de prata, foi o 21º homem a liderar o país na cerimônia de abertura do evento.
Com máscaras e vestidos com camisas estampadas nas cores do Brasil, bermudas e chinelos, Ketleyn e Bruninho estamparam a bandeira brasileira e arriscaram até um samba. Como o próprio jogador já havia brincado, a judoca foi a porta-bandeira e ele o mestre-sala do país que costuma comemorar suas conquistas esportivas com um bom samba.
Veja imagens da Cerimônia de Abertura dos Jogos de Tóquio abaixo:
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