Às vésperas do fim das medidas de restrição, o Reino Unido vem registrando um aumento acentuado de novos casos de covid-19 devido à variante Delta.
Um importante fator nesse cenário de aumento do número de infecções também é motivo de orgulho para os ingleses: as vitórias da seleção nas partidas da Eurocopa.
Ao vencer a Dinamarca na semifinal, a Inglaterra vai disputar, pela primeira vez, uma final, que será no domingo (11/7), em Wembley (Londres), algo inédito desde o título da Copa do Mundo desde 1966.
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Dados da universidade Imperial College London indicam que o avanço da Inglaterra na Euro pode explicar o aumento mais rápido das infecções entre homens do que entre mulheres nas últimas duas semanas.
O estudo React, que testou mais de 47 mil voluntários em toda a Inglaterra entre 24 de junho e 5 de julho, confirma uma "terceira onda substancial de infecções". E, segundo a pesquisa, os homens tinham 30% mais probabilidade do que as mulheres de que seu teste desse positivo para covid.
"Pode ser que assistir futebol esteja resultando em homens tendo mais atividades sociais do que o normal", disse o autor do estudo, professor Steven Riley.
No entanto, a pesquisa aponta que as infecções não se traduziram em um grande número de pessoas hospitalizadas ou de mortes. Além disso, homens e mulheres vacinados tinham muito menos probabilidade do que outros de contrair o vírus.
"Apesar do sucesso do programa de vacinação, ainda estamos vendo um rápido crescimento das infecções, especialmente entre os mais jovens. No entanto, é encorajador ver uma prevalência de infecção mais baixa em pessoas que receberam as duas doses da vacina", disse o diretor do programa React, professor Paul Elliott, da Escola de Saúde Pública do Imperial College.
Quase dois terços dos adultos (64%) receberam as duas doses da vacina contra a covid e as autoridades têm feito campanha para que as pessoas que não tomaram a primeira ou a segunda dose busquem se vacinar assim que possível.
"Peço a todos que tomem a primeira e a segunda dose quando forem convidados, pois cada dose ajuda a conter a transmissão e casos graves", disse o ministro responsável pelas vacinas, Nadhim Zahawi.
Variante Delta e aumento dos casos
Em julho, os casos de coronavírus no Reino Unido subiram para mais de 30 mil pela primeira vez desde janeiro, segundo os números oficiais. Na quarta-feira, foram mais de 32,5 mil casos confirmados.
Com a retirada de mais medidas de distanciamento, a previsão é que o forte aumento continue. O próprio governo já falou em um aumento de casos que pode chegar a 100 mil por dia, à medida que as restrições forem suspensas.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que é "certamente verdade" que houve uma "onda de casos por causa da variante Delta" do vírus. "Mas os cientistas também estão absolutamente certos de que cortamos a ligação entre a infecção e as doenças graves e a morte", disse ele.
Na segunda-feira, no entanto, o principal conselheiro científico do governo, Patrick Vallance, tinha sido mais cauteloso, dizendo que as vacinas "enfraqueceram o vínculo entre os casos e as hospitalizações - mas é um vínculo enfraquecido, não um vínculo completamente rompido".
Fim das restrições em 19 de julho
Boris Johnson anunciou nesta semana que o uso de máscaras e as regras de distanciamento não serão mais obrigatórios na Inglaterra.
O fim dessas medidas deve ser adotado em 19 de julho, segundo o governo. Elas estavam inicialmente previstas para junho, mas foram adiadas diante do aumento do número de casos. A confirmação do fim dessas ocorrerá na próxima semana, após o governo avaliar os dados mais recentes.
"Se não prosseguirmos agora (com a flexibilização), com o programa de vacinação avançando, quando iremos em frente?", disse Johnson.
Para defender o fim das restrições, ele também citou o clima quente do atual verão na Inglaterra como um dos motivos para a flexibilização.
"Corremos o risco de reabrir em um momento muito difícil, quando o vírus tem uma vantagem nos meses frios ou novamente adiando tudo para o próximo ano", disse.
A previsão do governo é suspender as restrições de distanciamento que ainda restaram, incluindo os limites legais na quantidade de pessoas que podem se encontrar em ambientes internos e em grandes eventos e apresentações.
Ao mesmo tempo, as máscaras, que hoje são obrigatórias em ambientes fechados - como lojas e transporte público -, deixarão de ser exigidas.
Críticas ao fim das medidas de distanciamento
A Associação Médica Britânica (BMA, na sigla em inglês) defendeu nos últimos dias que algumas medidas devem ser mantidas em vigor após 19 de julho. A entidade pede o uso contínuo de máscaras e novos padrões de ventilação.
Segundo ela, é fundamental proteger o sistema público de saúde (NHS), a saúde e a educação em meio ao que chama de um aumento alarmante de casos.
A oposição ao governo critica a medida de Boris Johnson. O líder do partido trabalhista, Keir Starmer, disse que o primeiro-ministro está levando o país a um "verão de caos e confusão", ao comentar os planos de flexibilizar as últimas medidas de distanciamento.
Ele defendeu que o Reino Unido deveria fazer a abertura "de uma forma controlada" e pediu a Johnson para garantir que máscaras ainda sejam usadas no transporte público.
'Cuidado para não perder os ganhos'
Na Organização Mundial da Saúde (OMS), o diretor de emergências, Mike Ryan, disse que os países devem agir com extrema cautela ao reabrir suas economias após restrições necessárias devido à covid para "não perder os ganhos que obtiveram".
Questionado em uma entrevista coletiva se o Reino Unido estava visando a imunidade coletiva, Ryan disse: "Desconheço que essa seja a lógica que motiva nossos colegas no Reino Unido, suspeito que não."
Ele acrescentou que o argumento de que seria melhor infectar mais pessoas era moralmente vazio e epidemiologicamente estúpido.
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