Foi um gesto rápido: Cristiano Ronaldo, estrela da seleção portuguesa que disputa a Euro 2020, tirou duas garrafas de Coca-Cola da mesa onde daria uma entrevista coletiva.
"Água", disse ele, sacudindo a garrafa na mão dele. "Não Coca-Cola."
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O gesto, com o qual a estrela do futebol deu a impressão de convidar as pessoas a pararem de tomar refrigerantes, ocorreu na segunda-feira (14/6), durante a coletiva que serviu como prévia do jogo entre Portugal e Hungria, em Budapeste, pelo grupo F. A partida foi vencida pela seleção portuguesa, com dois gols de Cristiano Ronaldo.
O episódio com Cristiano Ronaldo coincidiu com uma queda no preço da ação da Coca-Cola, que passou de US$ 56,10 (R$ 280,7) para US$ 55,22 (R$ 276,3) imediatamente após a imprensa registrar o ato e o comentário do atacante da Juventus da Itália.
Foi uma queda de 1,6%, o que significa que o valor de mercado da gigante das bebidas passou de US$ 242 bilhões (R$ 1,21 trilhão) para US$ 238 bilhões (R$ 1,19 trilhão). Ou seja, US$ 4 bilhões (R$ 20 bilhões) a menos.
Analistas observaram que a queda nas ações ocorreu, muito provavelmente, por conta da ação do atacante português, mas que isso não é algo que terá impacto na empresa a longo prazo.
"É plausível pensar que o movimento das ações da Coca-Cola pode ter sido influenciado, de alguma forma, pela reação do mercado ao desprezo de Ronaldo durante a coletiva de imprensa", disse Kenneth Shea, especialista no mercado de bebidas da Bloomberg Intelligence.
Shea disse ainda que esses movimentos nos preços das ações a curto prazo não mudam necessariamente o valor da empresa no longo prazo.
"Claramente, o respaldo de celebridades é importante para muitos consumidores, ao menos no curto prazo. Mas empresas como a Coca-Cola são projetadas para o longo prazo e diversificaram seu portfólio de produtos para incluir bebidas que não contenham açúcar e calorias, assim como a água engarrafada", explicou ele.
Diego Mora, analista sênior da consultoria XTB, argumenta que "nunca se sabe exatamente por que milhões de pessoas decidem vender uma ação".
No entanto, considerando a repercussão na imprensa causada por Cristiano Ronaldo e capacidade dele de influenciar pessoas, "é altamente provável que a queda da Coca-Cola tenha acontecido por conta dos comentários do jogador", disse ele.
Mas usuários nas redes sociais lembraram de um anúncio publicitário que o português estrelou para a Coca-Cola no Japão, para o Mundial de 2006.
O assunto não para por aí. A Coca-Cola é uma das patrocinadoras oficiais do torneio, e o gesto obrigou os organizadores a explicarem nos meios de comunicação que "todos têm direito às suas preferências de bebida, que depende dos gostos e das necessidades".
A União das Federações Europeias de Futebol (Uefa) apontou ainda que, durante as coletivas de imprensa, jogadores e treinadores também recebem, além de Coca-Cola, água engarrafada da mesma empresa.
Mas o gesto de Ronaldo, que deu a volta ao mundo e atingiu os seus quase 700 milhões de seguidores no Instagram, entre outros, foi também repetido por outras estrelas que disputam a Eurocopa.
Na terça-feira (15/6), o meio-campista francês Paul Pogba, durante uma entrevista coletiva após a vitória por 1 a 0 sobre a Alemanha, tirou da frente dele uma garrafa de cerveja sem álcool da Heineken, outra marca patrocinadora do torneio. Pogba é muçulmano e não consome bebidas alcoólicas.
Recordes de Cristiano
Além das garrafas de Coca-Cola, Cristiano Ronaldo voltou a ser notícia pelos gols marcados. Ao entrar em campo no estádio Ferenc Puskas, em Budapeste, ele se tornou o único jogador a disputar cinco edições da Eurocopa.
Além disso, mais uma façanha histórica começou aos 42 minutos do segundo tempo, quando ele converteu um pênalti que significou o segundo gol de Portugal contra os húngaros.
E marcou novamente já nos acréscimos, quando fez o terceiro gol da equipe. Com isso, ele atingiu a marca de 11 gols para superar em dois gols o recorde de Michel Platini e tornar-se o maior artilheiro da história do torneio continental.
Isso ampliou ainda mais o domínio europeu do jogador português. Cristiano Ronaldo é também o maior artilheiro da história da Liga dos Campeões, com 134 gols, da seleção portuguesa, com 106, e do Real Madrid, com 311.
Ele também está a apenas quatro gols de superar o lendário atacante iraniano Ali Daei e se tornar o jogador com mais gols já marcados pela seleção de um país.
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