Impedidos de abrigar a Copa América 2020, adiada em um ano devido à pandemia do novo coronavírus, os ex-anfitriões Colômbia e Argentina se enfrentarão nesta terça-feira, em Barranquilla, pela oitava rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo do Qatar-2022, em circunstâncias no mínimo contraditórias em tempos insanos no continente.
O jogo desta noite terá público em uma ação parecida com a que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, tentou fazer na final da Supercopa do Brasil entre Flamengo e Palmeiras, em abril. Por sinal, insistiu ao tentar trazer a final do Campeonato Carioca entre Flamengo e Fluminense para o Mané Garrincha. O acesso ao estádio será para portadores do cartão de vacina contra a covid-19. Os torcedores terão de comprovar as duas doses.
O movimento é no mínimo contraditório. A Colômbia deixou de ser uma das sedes da Copa América devido à convulsão social causada pelo aumento da carga tributária proposta pelo presidente Iván Duque Márquez. A Argentina ficou temporariamente sozinha como sede única, mas também abriu mão do torneio devido ao aumento do número de infectados pela covid-19 no país. Em uma articulação na calada da noite da Conmebol com o presidente afastado da CBF, Rogério Caboclo, o presidente Jair Bolsonaro autorizou o torneio no Brasil.
Enquanto a Colômbia celebra a volta do público ao estádio em um jogo contra a ex-parceira Argentina na recepção à Copa América, o Brasil pega fogo em meio à polêmica transferência do evento da Conmebol para o Brasil. O presidente da CBF foi afastado devido a denúncias de assédio sexual e moral contra secretária. A Seleção ameaçou boicotar a competição e promete se manifestar na noite desta terça em conjunto com o técnico Tite. Fiador do torneio, o presidente da República, Jair Bolsonaro, teme por um fiasco em seu país.
A decisão da Colômbia de receber a Argentina com público no estádio escandalizou o técnico da Argentina, Lionel Scaloni. “Na verdade, não tenho muito a dizer. Seguramente tomaram as medidas necessárias para isso, ainda que seja estranho porque toda a América do Sul está atravessando um momento complicado. Esperamos que tomem as medidas para preservar a saúde dos torcedores e de todos nós que estaremos ali”, disse em entrevista coletiva.
Recentemente, a Colômbia recebeu jogos tensos pela Libertadores. Em visita ao país, Atlético-MG e River Plate tiveram partidas paralisadas várias vezes devido aos conflitos no lado externo do estádio. Enquanto a bola rolava no interior da arena, bombas explodiam do lado de fora. Na partida do Galo contra o América de Cáli, o gás lacrimogêneo chegou ao gramado.
“Está claro que não é uma situação agradável. Esperamos que tudo seja controlado sem problemas. Nos disseram que está tudo bem e que não acontecerá nada do que vimos na partida entre River Plate e Junior Barranquilla”, ponderou Lionel Scaloni.
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