Danilo Queiroz
Marcos Paulo Lima
A ameaça aos 12 clubes pioneiros da polêmica Superliga Europeia é do presidente da Uefa, Alexander Ceferin, endossada pelo mandatário da Fifa, Gianni Infantino: “Os jogadores que disputarem a Superliga Europeia serão proibidos de atuar pelas suas seleções na Copa do Mundo e na Eurocopa. Eles têm de ser banidos de todas as nossas competições”.
Como se não bastasse a pandemia, a impossibilidade de convocar e a paralisação das Eliminatórias para a Copa do Qatar-2022 devido à covid-19, Tite será refém, nos próximos meses, da guerra declarada por Arsenal, Atlético de Madrid, Barcelona, Chelsea, Inter, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Milan, Real Madrid e Tottenham contra a Uefa e a Fifa pela criação do novo torneio continental (leia arte e FAQ).
O Correio levantou que a Era Tite tem 23 convocados empregados no Clube dos 12 rebeldes. Se a Superliga saísse, hoje, do papel, e a Uefa e a Fifa bloqueassem a participação de jogadores desses times nas seleções, o Brasil não teria Firmino, Fabinho e Alisson (Liverpool); Fred (Manchester United); Thiago Silva (Chelsea); Ederson, Fernandinho e Gabriel Jesus (Manchester City); Casemiro, Eder Militão, Vinicius Junior, Rodrygo e Marcelo (Real Madrid); Philippe Coutinho e Neto (Barcelona); Danilo, Alex Sandro e Arthur (Juventus); David Luiz, Willian e Gabriel Martinelli (Arsenal); Renan Lodi e Felipe (Atlético de Madrid).
David Luiz e Marcelo estão esquecidos depois do fim do ciclo para a Copa da Rússia. Os demais formam, hoje, a base de Tite. Logo, o risco de castigo severo aos aliados dos rebeldes teria impacto devastador na Seleção.
Para sorte do técnico, não há data para o início da Superliga. Os fundadores tramam no campo das especulações. Em tese, obrigam Tite e outros treinadores de seleções a criar planos B e C em caso de emergência. Outras potências, como PSG e Bayern, finalistas da última Champions, não aprovaram a ideia.
O PSG, onde atuam Neymar e Mbappé, é bancado pelo grupo econômico Qatar Sports Investments (QSI). Não comprará briga com a Fifa a menos de 600 dias do início da Copa 2022. Atual campeão europeu, o Bayern, patrão de Douglas Costa, tem acordos com a companhia aérea Qatar Airways e estampa na camisa a marca do Aeroporto Internacional de Hamad (HIA, na sigla em inglês), em Doha, capital do país árabe.
Brecha na patinação
A possibilidade de a Superliga Europeia virar o atual sistema do futebol mundial de cabeça para baixo pode estar fundamentada em uma brecha aberta pelo Tribunal de Justiça Europeu, em 2020. Uma empresa não filiada à Confederação Internacional de Patinação pretendia organizar uma nova competição. Atletas profissionais foram impedidos de competir no evento. Em 16 de dezembro, a Justiça deu ganho de causa a dois patinadores holandeses. Ambos denunciaram a censura e ganharam. O Tribunal entendeu que a entidade não pode dissuadir atletas de participar de competições não autorizadas. Portanto, os 12 clubes da Superliga podem ter essa carta na manga para usar contra Uefa e Fifa.
A crítica mais firme contra a Superliga partiu de Milner, do Manchester City (signatário da Superliga) e da seleção inglesa. Em tese, ele seria impedido de jogar a Euro e o Mundial. “Não gosto da ideia e espero que não seja feita”, atacou o lateral-esquerdo.
Campeão da Copa 2014 no Brasil, o meia Özil desabafou. “As crianças crescem sonhando em ganhar a Copa do Mundo e a Liga dos Campeões, não uma Superliga. O prazer dos grandes jogos é que eles acontecem uma ou duas vezes por ano, não todas as semanas. Realmente difícil de entender para todos os fãs de futebol”, escreveu no Twitter. Richarlison, atacante do Everton e da Seleção Brasileira, concordou com a posição do colega de profissão. “É isso!”, enfatizou.