Jornal Correio Braziliense

FUTEBOL

O que falta para a CBF oficializar Supercopa no Mané Garrincha?

Finalistas, Palmeiras e Flamengo locam a arena candanga para Recopa e Carioca; e Santos agenda jogo da Pré-Libertadores. Justiça deixa pacote em xeque ao ordenar lockdown

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, deu aval para a realização da Supercopa do Brasil no Mané Garrincha, em 11 de abril, mas deixou a CBF numa fria ao sugerir a distribuição de ingressos para agentes de segurança vacinados contra a covid-19, como antecipou o blog Drible de Corpo, no último dia 25. O Correio apurou que esse é um dos motivos da demora na oficialização de Brasília como palco do duelo entre os campeões do Brasileirão, Flamengo; e da Copa do Brasil, Palmeiras.

A reportagem perguntou a uma fonte da CBF o que falta para a oficialização. A primeira resposta foi objetiva: nada. Questionado sobre a presença de público limitada a 10% da capacidade do Mané Garrincha, ou seja, 7 mil torcedores, o mesmo interlocutor afirmou que não há nenhuma conversa sobre isso e, portanto, a entidade máxima do futebol tinha de conversar com o governador. O problema é a montagem de um plano infalível de segurança, capaz de controlar desde a distribuição dos tíquetes e/ou credenciamentos e combater falsificações e aglomerações na arquibancada, como aconteceu na final da Libertadores, com plateia, em janeiro, no Maracanã.

Uma segunda fonte da CBF consultada pela reportagem banca que a Supercopa será em Brasília. Ponderou, apenas, que a cúpula acompanha o abre-frecha do momento mais dramático da pandemia a fim de evitar desgastes como anúncio e cancelamento do evento. Na terça-feira (30/3), a Justiça determinou que o GDF retome lockdown a partir de quinta-feira (1/4). Ibaneis Rocha se poscionará nesta terça. Diante disso, a CBF esticará a oficialização ao prazo mínimo de 10 dias antes Supercopa.

O Palácio do Buriti e a Arena BSB dão o jogo como certo. O GDF diz até que, a partir de agora, a conversa é entre a CBF e a Federação do DF, responsável por receber a documentação dos jogos locais e nacionais. O presidente Daniel Vasconcelos nada recebeu.Está prevista vistoria no Mané antes do anúncio do local.

Enquanto a CBF age com cautela para evitar desgastes, Palmeiras e Flamengo articulam a logística, em Brasília, para a semana decisiva. Impedido de atuar no Allianz Parque devido às restrições a eventos esportivos em São Paulo, o atual campeão da Libertadores, Palmeiras, disputará a partida de volta da finalíssima da Recopa Sul-Americana, em 14 de abril, no Mané Garrincha. O adversário é o Defensa y Justicia, da Argentina, campeão da Copa Sul-Americana. A tendência é de que a delegação fique no DF por uma semana, incluindo treinos e as duas partidas.

Mandante do Clássico dos Milhões de 15 de abril pelo Carioca, o Flamengo pretende mandar o jogo contra o Vasco no Mané Garrincha. É proibido jogar no Rio e em Niterói. No sábado, o time rubro-negro enfrentou o Boavista, em Bacaxá. Nesta quarta-feira (31/3), duelará com o Bangu, em Volta Redonda. Assim como o Palmeiras, o Flamengo ficaria uma semana no DF. A testagem nos dois elenco será mais rígida, inclusive com reuniões específicas com médicos dos clubes candidatos ao título.

Santos

Classificado para a terceira fase preliminar da Libertadores contra o San Lorenzo, da Argentina, o Santos, atual vice-campeão do torneio, espera apenas o sim da Confederação Sul-Americana de Futebol para enfrentar o time do coração do Papa Francisco no Mané Garrincha, em 13 de abril.

Em entrevista ao Correio na terça-feira à tarde, o presidente Andrés Rueda revelou ter encaminhado o pedido à Conmebol. “Já foi pedido. Solicitamos na segunda-feira e estamos aguardando a resposta”, afirmou. Contatada pela reportagem, a Conembol confirmou o recebimento e publicou a mudança às 21h27 de terça.

Concessionária responsável pelo Mané Garrincha, a Arena BSB considera-se pronta para receber quatro jogos em cinco dias. “Ficamos vários meses vendo a grama crescer e, agora, o trabalho foi recompensado”, comentou o CEO da Arena BSB, Richard Dubois, em entrevista ao Correio.

No ano passado, o executivo ficou aborrecido com a reviravolta no local da partida entre Brasil e Venezuela pelas Eliminatórias para a Copa. À época, a Comissão Nacional de Inspeção de Estádios (CNIE), órgão da Diretoria de Competições da CBF, deu nota 6,1 ao gramado do Mané Garrincha em uma vistoria realizada pela equipe técnica da entidade. Consequentemente, a CBF levou a partida para o Morumbi, cuja nota do gramado era 9,5.

 

Agenda

Quatro jogos em cinco dias

11/4 – Flamengo x Palmeiras (Supercopa do Brasil)

13/4 – Santos x San Lorenzo (Pré-Libertadores)

14/4 – Palmeiras x Defensa y Justicia (Recopa Sul-Americana)

15/4 – Flamengo x Vasco (Carioca)

 

 

Sem a melhor arena pública

Enquanto a arena privada festeja a aquisição de jogos de fora, os clubes do DF perdem — por questões humanitárias — o melhor estádio público da cidade. Como publicou o Correio na edição de ontem, um desnível de 2,4m no estacionamento externo do estádio, reinaugurado em 2008, fez com que o GDF optasse pela montagem do Hospital de Campanha no gramado da arena. A área será ocupada por 180 dias.

Principais usuários da arena, o Gama e o time feminino do Minas Brasília estão sem teto. A Secretaria de Esporte decidiu levar os jogos do Bezerrão para o Rorizão, porém, o gramado da arena de Samambaia, inspecionada, ontem, por especialistas, está longe de oferecer as condições de jogo do gramado do Bezerrão.

A reportagem apurou que o orçamento da Novacap para construção do Hospital de Campanha inclui o replantio do gramado do Bezerrão. A empresa Paleta Engenharia e Construções Ltda. venceu a licitação com uma proposta de R$ 6.875.000.

Especialistas em gramados apontam que, dificilmente, o campo do Bezerrão voltará a ser o mesmo. Em 2019, a Fifa aplicou mais de R$ 1 milhão no piso a fim de deixá-lo um brinco para o Mundial Sub-17. A estimativa é de que a arena fique sem receber partidas por pelo menos um ano.

Sem o Bezerrão, os times de futebol masculino e feminino ficarão reféns de estádios públicos muito aquém do Mané e do Bezerrão. Alguns maquiados a toque de caixa. Nos últimos 12 anos, o Bezerrão recebeu amistoso entre Brasil e Portugal, com Kaká e Cristiano Ronaldo em campo; o jogo do título do São Paulo no Brasileirão 2008, treinos das seleções que disputaram as copas das Confederações, do Mundo e dos Jogos Olímpicos do Rio-2016 e o Mundial Sub-17, em 2019.