Um projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) quer alterar o nome do Maracanã. Pela proposta, o “Estádio Jornalista Mario Filho” passaria a se chamar “Estádio Edson Arantes do Nascimento – Rei Pelé”. A possível mudança está causando polêmica nas redes sociais – é rechaçada pela maioria esmagadora – e gerou indignação na família de Mario Filho, apontado como um dos grandes responsáveis pela construção do antigo “maior do mundo”.
O projeto foi protocolado na quarta-feira pelo presidente da Alerj, André Ceciliano (PT). A intenção é batizar o complexo esportivo com o nome de Mario Filho e alterar o nome do estádio para homenagear Pelé.
Mario Rodrigues Neto, que é neto de Mario Filho, mostrou-se indignado com a proposta. “Eu acho isso ridículo, uma falta do que fazer”, afirmou. “É o fim da picada. As pessoas que entendem do assunto me ligam, solidarizam-se comigo. E eu até sou contra responder o que eu penso disso, porque não quero perder a linha.”
Mario Neto lembrou a importância do avô para a história do Maracanã e para o próprio futebol brasileiro. “Esse metido a gênio (Ceciliano) deveria entender o seguinte: se não houvesse meu avô, talvez o Pelé jamais tivesse vindo jogar no Rio, porque, em vez de um estádio para mais de 150 mil pessoas, construiriam um para 60 mil. O Morumbi, naquela época, recebia 80 mil pessoas. O Pacaembu, mais de 60 mil. Por que o Santos viria ao Rio de Janeiro para jogar num estádio menor?”, indagou.
Ele contou que, no período que antecedeu a construção do Maracanã, havia uma série de projetos de estádio, mas nenhum com capacidade superior a 70 mil pessoas. O então vereador Carlos Lacerda defendia a construção de um ainda menor, para até 60 mil. “Ele dizia que não fazia sentido ter um estádio para 100 mil pessoas, que o Brasil ainda engatinhava no futebol. Meu avô, então, discutiu com Lacerda por três meses, mas em alto nível, sobre a importância de se construir um estádio ainda maior, para até 200 mil, porque teria Copa do Mundo”, recordou Mario Neto.
Na avaliação dele, a proposta de alterar o nome do estádio, agora, só surgiu porque André Ceciliano não conhece a história de Mario Filho. “Ele não conhece. Ele deveria ler O Negro no Futebol Brasileiro ou tantas outras coisas que meu avô escreveu. Meu avô foi o primeiro jornalista a colocar esporte na capa de um jornal brasileiro, usou meia capa do jornal para escrever sobre um Flamengo x Vasco. O pai dele, que era dono do jornal, ficou um mês sem falar com ele por causa disso”, citou.
“Mas ele (Ceciliano) não deve saber quem foi meu avô. Se não sabe, que procure na Wikipedia, no Estadão, no Globo, que vai encontrar, no mínimo, seis páginas sobre quem ele foi.”