O silêncio das arquibancadas do Estádio Nacional Mané Garrincha, ocupadas apenas por membros da imprensa, staff dos clubes e funcionários envolvidos na partida, gerou um ambiente bem diferente daquele que Flamengo e Palmeiras se acostumaram a ver quando jogam no Distrito Federal. Válido pela 31ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro, o jogo de ontem tinha um certo ar de mata-mata. Colados na tabela, os dois times iniciaram os 90 minutos com a intenção de colar no líder Internacional. Ao apito final, somente o rubro-negro carioca alcançou o objetivo ao vencer por 2 x 0.
Acostumado com a movimentação frenética de jogos do Brasileirão, o Mané Garrincha estranhou a paz do pré-jogo, quando era possível ouvir, sem esforço, cada toque na bola durante o aquecimento e os cliques dos registros feitos pelos repórteres fotográficos. Porém, foi só a bola rolar para a principal arena candanga reviver, em parte, o clima de um jogo com status de decisivo entre dois grandes times do cenário nacional. A última vez havia sido em 16 de fevereiro de 2020, quando o Flamengo venceu o Athletico-PR, por 3 x 0, na final da Supercopa do Brasil, competição que a arena vislumbra ser sede fixa.
Posse de bola
Quando o juiz apitou o início do jogo, o gramado ficou agitado. O Flamengo começou trocando passes, mas sofreu o primeiro susto quando Vinã cruzou e Willian, livre, chutou por cima. Isso foi suficiente para o rubro-negro melhorar. Aos cinco minutos, em bela tentativa, Arrascaeta emendou uma bicicleta e parou em Weverton. Sem espaço para sair com a bola, o Palmeiras limitou-se a tentar marcar as investidas do rival em busca de um contra-ataque. Aos 23, os cariocas dominavam com 73% de posse de bola.
Aos 28, nova chance do Flamengo. Gabriel recuperou a bola, que chegou aos pés de Everton Ribeiro, mas o meia chutou para fora. Conforme a partida esquentava, os bancos de reserva de cada um dos times, somados aos staffs, incorporavam o papel de torcedores em cada jogada. Foi assim aos 33, quando Rodrigo Caio precisou ser substituído pelo contestado Gustavo Henrique. Melhor na marcação, o Palmeiras lançou-se ao ataque e teve duas chances em cruzamentos de bolas paradas na lateral esquerda, mas o time de Abel Ferreira não aproveitou.
Porém, aos 45, uma trapalhada da zaga jogou água fria na evolução palmeirense e o rubro-negro chegou ao gol. Após Gabigol pressionar a saída alviverde e roubar a bola, Bruno Henrique passou para Arrascaeta, que tocou por baixo das pernas de Weverton. Na tentativa de cortar, Kuscevic chutou em cima de Luan, que marcou contra. “Foi um azar do Luan. Ainda chegou a saltar para desviar da bola, mas ela acabou batendo nele”, lamentou o atacante Luiz Adriano na saída de campo. “O perde e pressiona está funcionando. Isso é fruto de treinamento. O Gabi roubou a bola ali e deu certo”, comemorou Willian Arão.
“Trabalhei para essa oportunidade, fiquei praticamente um ano e meio só treinando, mas sabia que minha hora chegaria. Foi uma vitória importantíssima, que nos coloca na briga pelo título”
Pepê, meia do Flamengo