BRASILEIRÃO

Adeus, ano velho

Flamengo se despede de 2020 com atuação irreconhecível contra o Fortaleza. Pedro escorrega em cobrança de pênalti anulada por causa de dois toques na bola e time não encontra forças para sair do 0 x 0

Há uma nova lei do ex no futebol brasileiro: a de Rogério Ceni. O técnico do Flamengo não consegue vencer os times que comandou. Não derrotou o Cruzeiro quando retornou ao Fortaleza no ano passado. Jamais ganhou do São Paulo. Ontem, não conseguiu passar pelo Fortaleza, na Arena Castelão, em um amargo empate por 0 x 0.

O resultado é terrível para o atual campeão brasileiro. O Flamengo perdeu a vice-liderança para o concorrente Atlético-MG e se complica na corrida contra o líder São Paulo pelo título. O sonho do bicampeonato consecutivo, que não acontece desde a era Zico, em 1982 e 1983, é cada vez mais remoto.

Se tudo deu certo no ano passado, com direito a conquistas da Libertadores e do Brasileirão em menos de 24 horas, neste deu quase tudo errado, principalmente no que diz respeito às cobranças de pênalti. Ontem, o centroavante Pedro poderia ter creditado mais três pontos na conta do Flamengo. Porém, escorregou na cobrança, tocou duas vezes na bola, mas, mesmo assim, acertou a rede do goleiro tricolor Felipe Alves. Porém, o árbitro anulou o lance sem perceber uma outra irregularidade. Os jogadores do Fortaleza invadiram o gramado na cobrança, ou seja, ele deveria ter mandado voltar, e não cancelar a batida.

Apesar da série de lambanças, o Flamengo não mereceu vencer. Eliminado da Copa do Brasil e da Libertadores, Rogério Ceni vem tendo uma semana inteira para trabalhar e o Flamengo não consegue evoluir. A exibição de ontem não teve a mesma gana apresentada na virada com uma jogador a menos por 4 x 3 sobre o Bahia, no domingo passado, no Maracanã.

O time inteiro esteve abaixo da crítica. Everton Ribeiro e Arrascaeta pareciam não estar em campo. Bruno Henrique errava praticamente todas as ideias. Isla tomou cartão amarelo cedo demais e teve de ser substituído no segundo tempo por João Lucas a fim de diminuir o risco de expulsão. O time ficou comum sem os laterais. Consequentemente, Everton Ribeiro e Bruno Henrique sentiam-se órfãos nas pontas, sem ter com quem tramar as jogadas. Willian Arão e Gerson também estavam off. Totalmente desligados em um jogo tão importante.

Depois da partida, o centroavante Pedro, que também havia desperdiçado pênalti na derrota por 4 x 1 para o São Paulo, no Maracanã, lamentou a infelicidade de ontem. “Foi um resultado ruim, queríamos a vitória. Fizemos de tudo, mas não conseguimos. Tive duas oportunidades. Na primeira, o gramado prejudicou e acabei escorregando, mas sei da responsabilidade. Na segunda, o goleiro fez uma grande defesa. Bati bem, acertei o chute. Temos que aprender com os erros. Temos muito campeonato ainda, muitos jogos, e vamos fazer de tudo para vencer esse campeonato”, discursou.

O pênalti desperdiçado por Pedro é apenas mais um na coleção rubro-negra neste ano. Além dele, Bruno Henrique, Vitinho e Willian Arão fracassaram em cobranças. O time foi eliminado pelo Racing da Libertadores na decisão por pênaltis, no Maracanã. Um ano para ser esquecido pelo clube.


Galo vence jogo de paciência

O Atlético teve muitas dificuldades para superar a retranca do vice-lanterna Coritiba, ontem, no Mineirão. Mas, graças a uma jogada individual e finalização perfeita do meia Hyoran e um lance de puro oportunismo do atacante Eduardo Sasha, venceu por 2 x 0 e segue vivo na luta pelo título do Campeonato Brasileiro. Com o triunfo, o Galo tem 49 pontos.

Sem volantes para escalar na equipe titular, Sampaoli apostou no trio Zaracho, Nathan e Hyoran no meio-campo. O argentino atuou mais recuado para auxiliar na saída de bola. Na defesa, Réver voltou na vaga de Gabriel.

Com Zaracho em campo, o Atlético conseguiu criar algumas boas oportunidades nos primeiros minutos. O argentino, com boa qualidade no passe, achou boas jogadas no início. Mas, ele deixou o campo rapidamente. Com lesão muscular, foi substituído por Calebe, aos 14 minutos.

Antes disso, o Galo já tinha acertado o travessão, em cobrança de falta de Hyoran, e obrigado Wilson a fazer grande defesa, em cabeceio de Vargas.

Depois da mudança, o alvinegro passou a encontrar mais dificuldades. O Coritiba se fechou, com os 11 jogadores dentro da própria intermediária. O Coxa buscava uma bola no contra-ataque. E teve chances. Giovanni Augusto, duas vezes, e Matheus Galdezani, também duas vezes, tiveram excelentes chances para balançar as redes.

O Galo, sem espaços, abusou dos cruzamentos. Bem marcado, Keno foi muito acionado, mas pouco produziu e o time da casa não conseguiu mexer no placar.

O Atlético voltou para a etapa final com as mesmas dificuldades. Sampaoli mexeu na equipe, colocando Alan Franco na vaga de Calebe, que não teve boa atuação. O Atlético foi para cima, seguiu com dificuldades e abriu o placar. Hyoran carregou a bola, abriu espaço na lateral da área e, em finalização de média-distância, acertou o ângulo de Wilson.

O técnico Pachequinho mexeu no Coritiba. Acionou peças ofensivas. Robson, um dos suplentes, finalizou com força, mas Everson fez milagre para evitar o empate.

Pouco depois, Sampaoli mexeu no time. Colocou Eduardo Sasha e Igor Rabello em campo. O atacante, no primeiro lance, recebeu a bola de Guilherme Arana e finalizou rasteiro, sem chances para o goleiro Wilson: 2 x 0 e vitória do Galo em jogo duro no Mineirão.