Em vários momentos, o futebol pode perfeitamente ser comparado com uma partida de xadrez. Considerados formas de arte, os dois esportes são um misto de tática e lógica diante dos desdobramentos. Ontem, no Maracanã, as circunstâncias transformaram Flamengo e Bahia, pelo Campeonato Brasileiro, em um embate de estratégias. E, ao contrário da visão de muitos, o jogo de raciocínio também tem emoção. Em um jogo frenético com duas viradas, o rubro-negro levou a melhor sobre o time baiano e venceu por 4 x 3.
Aclamado como Rei da América na temporada mágica do Flamengo em 2019, Bruno Henrique assumiu o papel de principal peça rubro-negra aos seis minutos. Quando recebeu de Arrascaeta, o camisa 27 limpou a marcação e bateu no ângulo. Aos nove, a estratégia montada por Rogério Ceni sofreu um forte baque aos nove. Após errar passe, Gabriel ficou no chão pedindo falta no lance. Sem titubear, o árbitro Flávio Rodrigues puxou o cartão vermelho e o expulsou por suposta ofensa durante o protesto.
Com um a menos, Rogério Ceni reposicionou suas peças em campo e deu brechas para o Bahia. O tricolor vislumbrou uma possibilidade de xeque-mate e se lançou ao ataque. Os visitantes tiveram boa chance aos 22, quando Nino Paraíba chutou com força e Diego Alves fez boa defesa. Aos 30, o goleiro do time carioca apareceu novamente e pegou finalização de Gilberto. Com o esquema tático comprometido, o Flamengo voltou a ser ofensivo aos 32. E marcou. Bruno Henrique recebeu lançamento preciso de Gerson e tocou para Isla bater no canto esquerdo de Douglas.
Com 40, Juan Ramírez arriscou chute colocado, mas errou o alvo. Na jogada seguinte, Bruno Henrique recebeu de Arrascaeta e Douglas salvou o chute. Antes com espaço, o Bahia ficou acuado. Aos 47, a química entre os destaques do rubro-negro voltou a dar liga. O uruguaio fez cruzamento e o camisa 27 chegou em velocidade finalizando de primeira, mas para fora. Ciente do prejuízo, Mano Menezes fez ajustes na postura baiana, mexeu no time e teve resultado em 13 minutos. Aos cinco, Juan Ramírez recebeu na área, limpou a marcação e diminuiu.
Com 10, Gilberto empatou com um golaço ao receber na intermediária, ajeitar e mandar um chute potente no ângulo. Frenético, os visantes viraram três minutos depois. Rossi cobrou escanteio na cabeça de Gilberto. No segundo andar, o carrasco rubro-negro cabeceou sem chances para Diego Alves. Ainda desnorteado com os três golpes sofridos, o Flamengo foi ao ataque. Arrascaeta deixou João Gomes em condição de finalizar, mas o volante acertou a trave. Quando tinha a bola, o Bahia rondava a área rubro-negra com perigo.
Até então apagado, o Flamengo teve lampejos fatais. Aos 36, Bruno Henrique deu passe preciso para Filipe Luis cruzar e Pedro escorar de peito para o gol. O Bahia teve chance de matar o jogo dois minutos depois. Mas a intenção parou em Diego Alves, que pegou chutes seguidos de Rossi e Rodriguinho. Rogério foi para a cartada final e colocou Vitinho no lugar de Isla. A troca foi certeira. Aos 45, Pedro deixou Vitinho de frente para Douglas. O camisa 11 deu um toque certeiro por cima do goleiro para garantir o triunfo do xadrez carioca.
“Eu estou tentando evoluir a cada jogo, cada treino. Tudo que aconteceu foi difícil, mas não podemos nos entregar. Vamos lutar com todas as nossas forças para, se Deus quiser, comemorar em fevereiro”, comemorou Bruno Henrique. “Jogo muito difícil desde os 10 minutos do primeiro tempo. Perdemos um jogador muito importante, mas o time foi forte. Tomamos a virada, não desistimos e corremos atrás da vitória”, acrescentou Gerson.
“Eu estou tentando evoluir a cada jogo, cada treino. Tudo que aconteceu foi difícil, mas não podemos nos entregar. Vamos lutar com todas as nossas forças para, se Deus quiser, comemorar em fevereiro”
Bruno Henrique, atacante do Flamengo