F ernando Diniz merece celebrar a liderança do Campeonato Brasileiro. Um dos técnicos há mais tempo no cargo no país, ontem ele comandou o São Paulo na vitória por 3 x 0 sobre o lanterna Goiás, em Goiânia, e viu o clube chegar aos 44 pontos na tabela, dois a mais que o vice-líder Atlético-MG, com um jogo a menos. O confronto era adiado da primeira rodada devido à covid-19.
Diniz sempre viveu sob olhares de desconfiança da torcida e de parte da própria diretoria. Apoiado quase que exclusivamente pelo diretor Raí, o treinador colhe os frutos do seu trabalho, que várias vezes, na temporada, esteve a ponto de ser interrompido por uma demissão.
O técnico amadureceu nos últimos meses e criou casca. Se, antes, a equipe insistia em sair jogando dentro da sua área, mesmo quando sua defesa era pressionada, agora, o time parece encontrado um ponto de equilíbrio entre o chutão e o toque de bola, necessário para qualquer time que tenha em mente a conquista de um título.
Durante a temporada, no momento de maior pressão (após a eliminação no Paulistão, com derrota para o Mirassol, no Morumbi), o técnico trocou a defesa e apostou em Brener como principal atacante. Aos poucos, o time encorpou. Ganhou, ainda, mais força após vencer o então favorito a todos os títulos do ano, o Flamengo. No Maracanã, em dia de exibição de gala, o São Paulo fez 4 x 1 pelo Brasileirão e mostrou que poderia chegar à liderança da competição.
Ontem, a missão não era das mais difíceis quando a análise é em cima do adversário. O Goiás é um arremedo de time, que troca poucos passes e está fadado ao rebaixamento à Série B. O lado psicológico era o que mais poderia pesar para os jogadores do time paulista.
Equilíbrio
Muito bem entrosado e bem distribuído em campo, o time de Diniz começa a ganhar confiança para buscar a taça e encerrar o incômodo jejum de títulos do clube. A experiência dos mais rodados e a juventude dos garotos da base (os chamados “Made in Cotia”) deram liga.
Mas nem isso os jogadores sentiram. Marcando o rival no campo de ataque, o São Paulo começou o jogo empurrando os goianos para a sua própria área.
Aos poucos, os donos de casa começaram a errar. Aos 11 minutos, Brenner arriscou, mas a bola explodiu na defesa. Aos 19, o primeiro gol do jogo saiu. Em boa recuperação no campo de ataque, a bola sobrou para Igor Gomes, que, livre na entrada da área, teve tempo para dominar, ajeitar e chutar forte no canto direito do goleiro Tadeu.
O gol e a fragilidade do adversário, por incríveis que pareçam, fizeram mal ao São Paulo e esse é o problema do time de Fernando Diniz. A equipe poderia ter acelerado para tentar definir o resultado ainda na primeira etapa, mas optou por um futebol burocrático, pouco inspirado, desanimado — nem parecia que o jogo estava valendo a liderança da competição.
O intervalo fez muito bem ao São Paulo. O time voltou com ânimo renovado e, logo aos três minutos, ampliou o placar após linda triangulação entre Luciano, Gabriel Sara e finalização precisa de Brenner — foi o 18º gol do atacante em 31 jogos na temporada.
O São Paulo, desta vez, não desacelerou. Perdeu alguns gols, mas chegou ao terceiro, aos 37. Vitor Bueno entrou na área com a bola, tocou para Tchê Tchê, que rolou para Hernanes tocar na saída do goleiro Tadeu.
Fernando Diniz mereceu chegar à liderança do Campeonato Brasileiro. Agora, resta saber se ele também merecerá continuar com o time no topo da tabela e conquistar o título. O Goiás estacionou nos 16 pontos, na última colocação da tabela.
“É um dia especial para mim. Eu fico feliz de marcar. Resta manter a liderança, aproveitar os jogos e abrir vantagem. Não tem nada ganho, mas precisamos melhorar”
Brenner, autor do segundo gol