Do início da carreira na década de 1970 ao fim da vida, aos 60 anos, Diego Armando Maradona foi intenso, polêmico e esteve envolvido em relações afetivas turbulentas que contaram até com acusações de violência doméstica. Entre os muitos episódios que revelaram o espírito controverso do autor do gol marcado por “La Mano de Dios”, o campeão mundial de 1986 confirmou, com um tom de deboche, em 2005, que o massagista argentino ofereceu água com tranquilizante ao jogador brasileiro Branco nas oitavas de final da Copa do Mundo de 1990. Artimanha nem talento que foram suficientes para vencer a principal adversária do maior ídolo do futebol argentino: as drogas.
A dependência química de Dieguito veio à tona quando ele tinha 31 anos. O primeiro marco público do astro pelo uso de cocaína foi em 17 de março de 1991, quando testou positivo para a substância e foi suspenso dos gramados por um ano e três meses. Pouco tempo depois, envolveu-se em uma confusão em Buenos Aires e foi preso sob efeito de drogas e com diagnóstico de depressão. Em 1994, acabou cortado da seleção argentina durante a Copa do Mundo após ter sido flagrado novamente em exame antidoping, desta vez por causa da efedrina, uma substância estimulante usada para emagrecer. Em 1996, declarou à revista Gente: “Eu era, sou e serei um viciado em drogas”.
Fora dos campos, o envolvimento com bebidas e drogas gerou episódios ainda mais graves. Em 2000, sofreu um ataque cardíaco devido a uma overdose em um resort em Punta del Este, no Uruguai. Em 2004, quando pesava 100kg, teve uma crise cardíaca e respiratória, em um novo quadro de overdose. Naquele ano, falou sobre a dependência química ao Canal 9: “Estou perdendo por nocaute”. Em 2007, voltou a ser internado, mas por causa de hepatite desenvolvida pelo consumo de álcool e, depois, passou uma temporada em um hospital psiquiátrico.
O ex-jogador fez um tratamento de dependência química em Cuba. Mas as confusões não cessaram. Na ilha caribenha, ele agrediu fotógrafos cubanos e quebrou o vidro de um carro com um soco. Em outro episódio, envolveu-se em um acidente em que destruiu a caminhonete que dirigia após uma batida com um ônibus de Havana, saindo ileso por milagre. Em 2001, quebrou o equipamento de um jornalista no aeroporto de Roma, após ter sido abordado por agentes do fisco italiano, porque estaria devendo US$ 24 milhões.
“Às vezes, me pergunto se o povo seguirá me amando”, disse, Maradona, na última entrevista concedida ao jornal argentino Clarín, quando completou 60 anos, em 30 de outubro. A dependência química não é exclusividade de Diego Maradona. No futebol, é um problema de saúde recorrente. O ex-jogador e comentarista Walter Casagrande emocionou-se ao saber da morte do astro argentino. “Joguei na mesma época que ele na Itália, com o irmão dele, tive bastante contato. Sempre me tratou muito bem. Sempre tive essa preocupação com o problema da dependência química, que eu também tenho e me tratei”, lembrou, ao Jornal Hoje, da Rede Globo. “Eu sofro muito quando morre um dependente químico. É muito duro”, completou.
Os excessos e turbulências de Diego Maradona também ocorreram na vida afetiva. Em 2014, apareceu em um vídeo agredindo com dois socos a então namorada Rocío Oliva. Na ocasião, o ex-jogador assumiu que era ele na gravação, mas minimizou as cenas: “Sim, joguei o telefone, mas juro que nunca levantei a mão para uma mulher”. Na ocasião, Rocío prestou queixa, mas não prosseguiu com o caso.
Maradona foi casado com Claudia Villafañe, de 1984 a 2003, com quem teve as filhas Dalma e Giannina. Depois, teve muitas namoradas, vendo crescer a lista de filhos reconhecidos pouco a pouco na Justiça, muitos frutos de relacionamentos fora do casamento. Um deles é Diego Junior, da relação com a italiana Cristiana Sinagra, do período que defendeu o Napoli, que assumiu a paternidade após alguma relutância. Jana e Dieguito Fernando, de romances diferentes, também entram na lista.