Líderes do Grupo A-6, Brasiliense e Gama se enfrentam, neste sábado (21/11), às 16h, pela penúltima rodada da fase classificatória da Série D do Campeonato Brasileiro, no Serejão, em Taguatinga. Dois pontos à frente do rival, o Alviverde conta com a experiência do artilheiro Nunes, com seis gols no torneio, para frear a arrancada amarela. O Jacaré, por sua vez, conta com a maturidade de Zé Love e a pontaria de Luquinhas. Cada um balançou as redes seis vezes. A bagagem e a rivalidade não ficam atrás entre os técnicos das duas equipes, que já se enfrentaram como jogadores na final do Brasileirão de 1984.
Vilson Taddei, que liderou o Gama aos 66 anos nos dois últimos títulos candangos, em 2019 e 2020, tornou-se treinador em 1991. Antes, o paulista de Urupês, município de 14 mil habitantes, atuou como ponta-esquerda nas décadas de 1970 e 1980 em 16 clubes. Entre eles, São Paulo, Grêmio, Internacional e Vasco.
Com o cruzmaltino, Taddei chegou à decisão do Brasileirão de 1984. O outro finalista era o Fluminense de Paulo Victor, Branco, Romerito, Washington e Assis. O elenco estrelar também tinha Edson Souza, volante que jogou de 1983 a 2002 e, atualmente, comanda o Brasiliense. Ambos atuavam no meio de campo, mas nenhum entrou nas duas partidas que decidiram o título a favor do tricolor das Laranjeiras.
“É por isso que eu não lembro bem do Edson Souza nesse jogo. Estávamos fora do campo”, brinca Vilson Taddei, ao saber que os dois técnicos estiveram em times opostos também na decisão do Brasileirão de 1984, mas não como titulares. Daquelas partidas decisivas, porém, o ex-jogador do Vasco lembra bem. “Foi muito legal esse embate, dois grandes jogos”, comenta Taddei. O Fluminense venceu o primeiro jogo por 1 x 0. O segundo terminou empatado por 0 x 0, mas com emoção. “No finalzinho do segundo jogo, o Artur (mais conhecido como Arthuzinho) teve a chance de fazer o gol e o Paulo Victor fez uma excelente defesa”, recorda o técnico do Gama.
“Não tive o prazer de jogar contra o Taddei, ou seria o desprazer, porque eu era mais um marcador e teria de marcá-lo. E ele foi um grande jogador”, elogia Edson Souza. O volante formado no Bonsucesso-RJ havia chegado no Fluminense naquele ano, em uma reformulação promovida no elenco. Não ficou sequer no banco na final do Brasileiro, mas participou da campanha tanto do título nacional quanto da conquista do tricampeonato carioca. “Eu tinha de 19 para 20 anos e só de estar no grupo já era uma vitória”, comemora Edson. “Me marcou porque foi a minha chegada no Fluminense e um salto de qualidade que dei na minha carreira.”
Entre as lembranças de meados da década de 1980, Edson cita as mudanças na dinâmica do jogo. “Antigamente, era um pouquinho mais previsível”, comenta o treinador de 55 anos. Os clubes vinham postados, em geral, com os zagueiros, os laterais, os cabeças de área, o meia-esquerda, o meia-direita, o ponta-esquerda, o ponta-direita e um centroavante. “Hoje, alguns clubes até voltaram a ter essa formação, mas com muita movimentação dos jogadores. Antigamente, era um jogo mais posicional”, compara o ex-jogador atual técnico do Brasiliense.
Há algumas décadas, o ambiente nos clubes também era diferente. Edson fala com saudosismo dos tempos em que a imprensa e os torcedores tinham acesso liberado aos jogadores e aos treinos. Acompanhavam o dia a dia do time. “Eu sinto falta disso. Lamento, hoje, os clubes serem tão fechados, porque as pessoas não veem o seu trabalho, não sabem o que aconteceu durante a semana, não veem como você se prepara para chegar nos jogos, por que muitas vezes não se ganha, mas desenvolve um bom papel”, lamenta Edson.