Quando eliminou o Fortaleza em uma longa disputa de pênaltis — foram 20 cobranças —, o São Paulo não poderia imaginar que reencontraria Rogério Ceni logo na fase seguinte da competição em que busca um inédito título. Mas será exatamente o que acontecerá, hoje, a partir das 21h30, contra o Flamengo, no jogo de ida das quartas de final da Copa do Brasil, no Maracanã, na estreia do ex-goleiro à frente do time carioca.
Ceni deixou o Fortaleza na noite de segunda-feira, assumiu o Flamengo ontem e dirigirá a equipe nesta quarta-feira, em um confronto decisivo, contra o clube pelo qual se consagrou como jogador. Precisará superar o excesso de desfalques, além de arrumar a defesa. Tudo isso praticamente apenas na base da conversa.
Confiante pelos bons resultados que o colocaram na briga pelo título do Campeonato Brasileiro e na condição de time que menos perdeu pontos no torneio, o São Paulo tem oscilado nos mata-matas nesta temporada. Caiu para o Mirassol nas quartas de final do Paulista, quase deixou escapar a classificação diante do Fortaleza e foi eliminado da Sul-Americana ao levar um gol nos acréscimos do Lanús, na quarta-feira passada.
Deixar para trás essa oscilação é fundamental para o São Paulo, ainda mais diante de um adversário com o poderio ofensivo do Flamengo. Mas, coincidentemente, o time tem se dado bem diante dos cariocas, a começar pelo encontro mais recente, há 10 dias, quando goleou por 4 x 1, no Maracanã, pelo Brasileirão, um resultado que pesou para a demissão de Doménec Torrent, definida na segunda-feira, um dia após outro duro revés — 4 x 0 para o Atlético-MG.
Além disso, desde julho de 2017, o São Paulo não perde para o Flamengo. São três vitórias e três empates nesse período, um desempenho que se soma à invencibilidade do clube diante de Ceni como treinador — são dois triunfos e três igualdades para a equipe do Morumbi.
Para ampliar esse bom desempenho, o São Paulo confia na experiência de Juanfran e Daniel Alves. O espanhol está mantido no time após a boa atuação no fim de semana contra o Goiás, enquanto o multicampeão retorna ao meio-campo, após descansar no sábado, quando estava suspenso.
Daniel Alves terá a companhia de Gabriel Sara, livre de um trauma no quadril, no meio-campo, mas Tchê Tchê segue fora, em recuperação do coronavírus. De qualquer forma, o time chega ao encontro com o Flamengo menos pressionado, tanto que recebeu o apoio da torcida no embarque para o Rio.
Por enquanto, o técnico Fernando Diniz deixa de conviver com a “sombra” do ex-goleiro, que tinha o retorno aventado para próxima temporada. Ainda assim, sabe que a série pelas quartas de final pode ter se tornado ainda mais complicada, pois Ceni o conhece de duelos recentes e pode ser um ânimo para um Flamengo que tem oscilado.
O estreante treinador terá dois desafios a lidar: os muitos problemas para escalar o time, desfalcado por lesões e convocações para seleções, e a fragilidade defensiva, exposta pelos 10 gols sofridos nos últimos três jogos. Pode até fazê-lo, mas sem abrir mão de uma formação ofensiva.
“Fiquei muito tempo no gol. Quero ficar o mais longe possível. De acordo com a qualidade técnica, o Flamengo gosta da bola. Sempre tentar o gol. O importante é o gol. A favor. Gosto de jogar com o máximo de atacantes possível, com velocidade, habilidade. Essa é a área que mais gosto de mexer”, avisou na apresentação.
Para a estreia no Flamengo, Ceni perdeu o lateral-esquerdo Filipe Luís, por lesão. Além disso, Isla, Everton Ribeiro e Pedro estão nas respectivas seleções nacionais. E Rodrigo Caio, contundido, também não poderá ser aproveitado.
Arrascaeta e Diego estão em processo de transição e ainda dependem de avaliação para serem liberados, o que parece improvável. Assim, o treinador terá de recorrer a dois laterais reservas —Matheuzinho e Renê. No ataque, a aposta será Gabriel, no primeiro jogo como titular após se recuperar de lesão e em busca de uma resposta, depois de ver Pedro liderar o setor ofensivo da equipe, enquanto ele esteve lesionado, o que rendeu, inclusive, a convocação de Tite para as Eliminatórias.
Pedido de benção a Zico
Visivelmente entusiasmado, Rogério Ceni foi apresentado, ontem, no Ninho do Urubu, como o novo técnico do Flamengo até o final de 2021. Antes de iniciar a entrevista coletiva, o treinador revelou que pediu permissão a Zico, maior craque da história do clube, para assumir o cargo.
“Para mim é um dia muito especial. Completo 30 anos de futebol e vi o Flamengo de Zico e Junior jogar muitas vezes. E antes de chegar aqui mandei uma mensagem para o Zico, por quem tenho um fanatismo muito grande, talvez pelas faltas, e ele me respondeu direto do Japão. Então, sinto-me com a permissão de estar sentado nesta cadeira”, disse Ceni, que residirá por período indeterminado no Ninho do Urubu, com o intuito de conhecer o dia a dia do clube.
Quanto ao estilo de jogo a ser adotado, Rogério disse que será aquele em busca de “gol, gol, gol” e não descartou a possibilidade de escalar Gabriel Barbosa e Pedro na mesma equipe. “Tradicionalmente, o Flamengo tem um estilo de jogo ofensivo e é isso que vamos tentar pôr em prática. Temos muitos bons jogadores em várias posições. A ideia é escalar o máximo de atacantes possível.”
O novo técnico rubro-negro afirmou que vai tentar utilizar o que de melhor foi feito pelo português Jorge Jesus, campeão brasileiro e da Libertadores no ano passado. “É um estilo de jogo que gosto muito. Marcação alta, com qualidade dos jogadores, mas isso depende da parte física dos atletas.”
Quanto aos erros defensivos, principalmente nas derrotas frente a São Paulo (4 x 1) e Atlético-MG (4 x 0), com o antecessor Domènec Torrent, Rogério afirmou que se trata de problemas coletivos. “Erros defensivos são problemas do sistema de jogo. Dez gols em três jogos é um número elevado e vamos tentar ajustar com a colaboração de todos. Gerar ideias e passar a situação para os atletas. Não se trata de um problema único.”
Pela sétima vez, Abel estreia no Inter
Ricardo Duarte/Internacional
Após seis anos, o técnico Abel Braga está de volta ao Internacional para a sétima passagem pelo clube colorado. E de uma forma diferente. Pela primeira vez, o treinador foi chamado para herdar um trabalho que coloca o time na liderança do Campeonato Brasileiro. Hoje, Abelão reestreia no comando colorado, contra o América-MG, pelas quartas de final da Copa do Brasil, às 21h30, no Beira-Rio.
O Inter passou por uma mudança de comando inesperada. Insatisfeito com a falta de reforços, em choque com a diretoria e na mira do Celta de Vigo, o técnico argentino Eduardo Coudet optou por deixar o clube, em saída anunciada na última segunda-feira. Preocupada, a diretoria agiu rápido e definiu a contratação de Abel.
Apresentado ontem, ele teve pouco tempo para iniciar o trabalho. E começará oficialmente hoje, por uma das três competições que o time almeja conquistar nesta temporada: Copa do Brasil, Libertadores e Brasileirão. “Não priorizamos nada. O Inter não ganha há muito tempo Copa do Brasil e Brasileirão. E ganhou em 2006 e 2010 a Libertadores”, avisou o treinador.
No primeiro desafio neste retorno, Abel manterá a base que vinha sendo utilizada por Coudet. A ideia é primeiro conhecer o elenco para depois realizar algumas mudanças. E até mesmo a principal aposta será a mesma de Coudet: Galhardo, que estava suspenso no fim de semana, no empate com o Coritiba pelo Brasileirão, e reassume o comando do ataque.
O companheiro no ataque é uma das dúvidas, mas Abel Hernández é o favorito para jogar, assim como Uendel desponta na briga com Moisés para ocupar a lateral esquerda do Inter, que tem oscilado nos últimos compromissos. Afinal, embora seja o líder do Brasileirão, ganhou apenas dois dos últimos seis duelos que disputou, ambos diante do Atlético-GO, pela Copa do Brasil.
A provável escalação do Inter terá: Marcelo Lomba; Heitor, Zé Gabriel, Víctor Cuesta, Uendel (Moisés); Rodrigo Lindoso, Edenilson, Patrick, Marcos Guilherme, Thiago Galhardo; e Abel Hernánde. O América-MG deve ir a campo com: Matheus Cavichioli; Diego Ferreira, Messias, Anderson, João Paulo; Zé Ricardo, Juninho, Geovane (Alê); Ademir, Rodolfo e Felipe Azevedo.
Palmeiras pega o Ceará
Um Palmeiras bastante modificado e enfraquecido enfrenta o Ceará, hoje, às 16h30, no Allianz Parque, para iniciar a disputa por vaga nas semifinais da Copa do Brasil. O técnico Abel Ferreira não deve contar com até oito titulares e, no terceiro jogo no comando da equipe, terá de encarar a dificuldade do apertado calendário, buscando soluções dentro do próprio elenco. A equipe alviverde perdeu atletas por causa de uma combinação entre lesões, caso de coronavírus e convocações para a disputa das Eliminatórias. A provável escalação alviverde terá: Jailson; Marcos Rocha, Renan, Emerson Santos, Gustavo Scarpa; Danilo, Zé Rafael, Raphael Veiga; Rony, Gabriel Veron e Willian.
Grêmio encara o Cuiabá
Caso supere o Cuiabá, na Arena Pantanal, hoje, a partir das 19h, pelas quartas de final da Copa do Brasilo, o Grêmio alcançará uma sequência de seis triunfos — algo inédito com o técnico Renato Gaúcho. No entanto, o tricolor gaúcho precisará superar alguns desfalques. O colombiano Orujuela, o chileno Cesar Pinares e o argentino Kannemann foram convocados pelas respectivas seleções. Alisson e Maicon continuam lesionados, enquanto Robinho e Luiz Fernando atuaram por outros times no mata-mata. A principal dúvida está na lateral esquerda, posição em que tem revezado Diogo Barbosa e Cortez. Jean Pyerre, fora de forma, deve ser substituído por Isaque.