Líder do Campeonato Brasileiro à frente do Vasco, Ramon Menezes Hubner, de 47 anos, foi colega na sala de aula de, pelo menos, três treinadores radicados no DF que se graduaram com ele no CBF Academy, o curso de formação de técnicos da Confederação Brasileira de Futebol. O Correio conversou com eles na tentativa de decifrar o “ramonismo”, como as ideias do novo dono da prancheta cruz-maltina são chamadas.
Antes de assumir o Vasco, o ex-meia teve experiências no Anápolis-GO, Guarani-MG, Joinville-SC e Tombense-MG. Ídolo do Gigante da Colina como jogador, ganhou o Brasileirão 1997 e a Libertadores 1998.
Ex-técnico do Brasiliense, Marcos Soares era um dos colegas mais próximos de Ramon no curso da CBF. “Ramon foi da minha sala nas licenças A e Pro, mas foi na Pro que nos tornamos mais próximos, inclusive, dividindo uma casa com mais alguns amigos como o Coelho, Osmar Loss, Tiago Kosloski, Fabinho, Rafael Toledo e o Gabriel Magalhães”, lembra.
Marcos Soares aponta o perfil humilde e estudioso de Ramon. “Neste último ano (2019), sentamos o tempo quase todo ao lado um do outro, mais o Tiago Kosloski (um dos auxiliares de Ramon no Vasco). Com certeza, daí se consolidou uma bela amizade. Ramon é um cara daqueles que a gente tem orgulho de conhecer. Apesar de sempre ter os holofotes em cima, ele não deixa, em nenhum momento, ser levado pela vaidade. Trata todos da mesma forma. É humilde ao aprender, gosta de estudar e adquirir conhecimento, além de ter uma índole fantástica”, elogia.
No tempo em que esteve com Ramon, Marcos Soares participou de debates táticos com o amigo. “Claro que tivemos a oportunidade de abordar modelos de jogo ou sistemas táticos, mas não nos aprofundamos em termos das nossas preferências, e sim no que cada um poderia oferecer de positivo ou negativo”, relata.
Rafael Toledo, outro ex-técnico do Brasiliense, também conviveu com Ramon no CBF Academy. “O Ramon é muito acima da média nas questões pessoal e profissional. Uma pessoa diferenciada no trato, no respeito. Não abre mão do profissionalismo. É muito sério. Nas quatro linhas, ele tem a oferecer não só o trabalho de campo, mas a experiência como jogador de alto nível. Passou pela Seleção Brasileira, tem essa bagagem de atleta, e estuda. O Vasco sabe o que está fazendo ao dar essa oportunidade. Sigo o trabalho do Ramon desde que ele era auxiliar”.
Na opinião de Toledo, o estilo do Vasco será moldado por Ramon. “O DNA do Vasco é ofensivo, ele respeitará isso. É um cara competente, identificado com o clube e é ídolo. Espero que a torcida apoie, abrace o Ramon nesse momento em que o Vasco precisa tanto”, prega.
Analista de desempenho com passagem pelo Corinthians, atualmente no Gama, o brasiliense Gabriel Magalhães conviveu com Ramon. “É um cara moderno, estudioso, se dedicava bastante nos treinamentos, nas aulas e vem se aprimorando muito. Sem contar que ele jogou em um nível absurdo. Tem muito conhecimento de vestiário e de jogo. Todas as vezes que troquei ideia com ele, achei muito inteligente. Tem tudo para dar certo”, torce.
Por enquanto, está dando muito certo. O Vasco voltou a liderar o Brasileirão, após 12 anos. Passou o aniversário de 122 anos na ponta. Está a uma vitória de igualar a arrancada de 2012, quando venceu quatro partidas em série na largada da Série A sob a batuta de Cristóvão Borges. O time tem o melhor ataque, ao lado dos concorrentes Atletico-MG e Internacional com sete gols; e a melhor defesa, apenas um sofrido, de pênalti, no triunfo por 2 x 1 sobre o São Paulo. Dois dos quatro artilheiros são cruz-maltinos: Cano e Fellipe Bastos. Quatro meninos da base começam a se firmar entre os profissionais — Ricardo Graça, Henrique, Andrey e Talles Magno. Amanhã, o Vasco defenderaá a liderança contra o Grêmio, em São Januário, pela quinta rodada.
“Apesar de sempre ter os holofotes em cima, ele (Ramon) não deixa em nenhum momento ser levado pela vaidade, trata todos da mesma forma, é humilde ao aprender, gosta de estudar e adquirir mais conhecimento, além de ter uma índole fantástica”
Marcos Soares, ex-técnico do Brasiliense