Falta uma semana para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Às vésperas das provas, as aulas não param: os participantes aproveitam os dias restantes para tirar as dúvidas das disciplinas. Agora, a meta é conseguir uma nota capaz de garantir uma vaga na universidade. Especialistas alertam: o que tinha para estudar, já foi feito ao longo do ano, é hora de acalmar o coração e aproveitar para revisar o conteúdo.
A professora de sociologia do Centro de Ensino Médio Setor Leste, Júlia Gasparetto, explica que nos dias que antecedem o Enem, os candidatos devem aproveitar para relaxar. "Não é o momento de ficar apavorado e tentar estudar aquilo que ainda não estudou. Os estudantes devem focar na revisão daqueles conteúdos que já estão consolidados. Devem, ainda, ficar atentos quanto aos principais assuntos do momento, como pandemia, retomada econômica, questões sociais. É o momento de se concentrar em fazer o link, a ponte, do que já estudaram ao longo do ano com o que está passando nos jornais, podcasts", diz.
De acordo com o professor de matemática Henrique Barros, a prova do Enem é interpretativa, demanda atenção. "As questões são bem contextualizadas, quer dizer que dependem da leitura. Nem sempre as questões de matemática dependem de cálculo. Se o aluno souber interpretar, ele vai saber calcular", ressalta.
Henrique reforça que os estudantes devem se atentar à revisão dos conteúdos de anos anteriores. "O estudante deve encontrar, no Enem, conteúdo de que já tem domínio, só que com outro enfoque", pontua. "Faça questões de provas anteriores para já ir se habilitando. O Enem costuma cobrar conteúdos semelhantes", diz. "Brasília está em uma boa colocação, então, por mais que se sinta despreparado, o aluno foi preparado em relação ao âmbito nacional", diz.
Estratégia
Fazer provas antigas do Enem e praticar a partir dos exercícios dão oportunidade para criar estratégias que muitos não possuem. O estudante do terceiro ano do ensino médio do Centro de Ensino Médio (CEM) do Setor Leste, Gustavo de Matos Oliveira, 17 anos, que planeja cursar direito na Universidade de Brasília (UnB), se dedicou no Enem dos últimos dois anos, em busca de experiência, e conseguiu criar sua própria estratégia de prova.
De acordo com Gustavo, as edições anteriores o ajudaram a compreender melhor como funciona a prova. "Aprendi a começar pela redação e administrar meu tempo escrevendo o texto. Descobri que nas questões do Enem sempre haverá três itens que podem ser eliminados. Isso não quer dizer que as duas estão certas, mas, sim, que uma está mais certa do que a outra. Tem que entender o que a prova quer de você. Por isso, é importante ler muito", pondera.
Outra estratégia criada pelo estudante foi a leitura da prova. "Leio primeiro a questão e depois volto pra ler o texto. Desse jeito, já sei o que preciso achar para responder a questão", explica. Por isso, a dica do estudante para os colegas é que façam questões da prova ao longo da semana. "A partir de agora, não dá mais tempo de aprender para fazer a prova. Então, estou revisando o que sei pra garantir e fazendo bastante exercício", completa.
O professor de língua portuguesa Nilo Mendes da Silva diz que a estratégia é de fundamental importância para quem vai fazer o Enem. "Eu costumo comparar o Enem com uma guerra, como no filme Gladiador, em que há uma guerra entre romanos e bárbaros. Dá pra perceber que os romanos estão em menor número, mas organizados, e o general faz uma estratégia de guerra. Enquanto isso, os bárbaros são fortes, estão armados, mas extremamente desorganizados. Quando o general dos romanos diz o que deve ser feito, eles saem vencedores. Isso porque para vencer uma guerra, é preciso estratégia. No caso do Enem, é essencial, porque o fator tempo é extremamente importante", ressalta.
Ansiedade
A contagem regressiva para o Enem também é responsável pela ansiedade em muitos candidatos. A professora do curso de psicologia do Centro Universitário Iesb Karen Geisel Domingues explica que no momento pré-Enem é comum ver jovens pouco motivados e com dificuldade em manter foco e atenção, além de muitos também apresentarem sintomas de depressão e ansiedade. Por isso, é necessário haver interações sociais e o retorno às atividades fora de casa. "Estudo, lazer, família, espiritualidade auxiliam nos processos de equilíbrio emocional. As colocações que criticam ou corrigem os comportamentos podem ser evitadas. Quando a família se junta à empreitada Enem, deve propor, surpreender, evitar discussões, observações de menos valia sobre o adolescente, comparações", pontua.
Para as vésperas da prova, a psicóloga reforça que o estudante deve nutrir-se em assuntos leves, reconfortantes e companhias acolhedoras. "Evitem tudo que gere ansiedade. Evitem excesso de doces, de bebidas alcoólicas. Nesse momento, a capacidade de foco e concentração deve estar em alta. Por vezes, alívio momentâneo gerará ansiedade posterior. Existem produtos e substâncias que, quando ingeridos, provocam bem-estar somente no momento", reitera.
Já para o dia da prova, Karen dá a dica: "É bom levantar cedo, tentar dormir bem e não deve haver pressa para se arrumar ou para se dirigir ao local da prova. Quanto mais tranquilidade for gerada no processo antes da prova, menos ansiedade haverá no início dela", garante. "Durante os primeiros minutos da prova, até mesmo durante os primeiros 30 minutos, poderão ser sentidos aceleração do coração, suor excessivo, boca seca, falta de ar, dificuldade na leitura e interpretação de questões. Não há necessidade de pânico, durante alguns minutos, é bom respirar profundamente e se utilizar de algum pensamento, lembrança ou sentimento agradável. Isso deve auxiliar ao retorno a uma situação menos acelerada", completa.