O ensino superior abre portas e proporciona oportunidades diversas, além de contribuir para a qualidade de vida. De acordo com a pesquisa Você e o Mercado de Trabalho, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para cada ano de estudo, o brasileiro ganha um aumento de 15% no seu salário. Mas a realidade é que, para cursar uma faculdade, sempre haverá um determinado custo. Mesmo que seja uma universidade pública e não seja preciso pagar mensalidades, o estudante terá que arcar com transporte, material e outras despesas. É por isso que, apesar de grande parte dos inscritos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) preferirem tentar vagas em uma universidade pública, alguns optam pelas faculdades privadas, que aceitam notas do Enem para ingresso nos cursos disponíveis.
A nota do Enem pode ser usada para ingressar em faculdades particulares tanto de forma direta como indireta. Para ingresso direto, o resultado no Enem é considerado suficiente para efetuar a matrícula, sem necessidade de passar pelo vestibular tradicional. Mas, para aqueles que pretendem conseguir uma bolsa de estudos, há programas do governo que podem auxiliar os candidatos. É o caso do Programa Universidade para Todos (ProUni), que oferece bolsas parciais (50%) ou integrais (100%) em faculdades particulares, e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), que concede empréstimos a juros baixos para pagar as mensalidades da faculdade privada.
A estudante Vitória Alice Silva, 21 anos, utilizou a nota do Enem para conseguir uma bolsa de 50% pelo ProUni e cursar comunicação social do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb). Ela conta que não tinha condições financeiras, e optou pelo Iesb por ser um curso de boa colocação no mercado."No terceiro ano do ensino médio, a minha escola participou de um evento do Iesb, aqueles que a faculdade faz para promover os cursos. Na época, eu visitei o stand do curso e me apaixonei pela grade, ambiente e didática. Depois pesquisei mais e vi que o centro universitário é uma referência no ramo da comunicação. Isso me ajudou a decidir", conta.
Ela pensou em tentar uma vaga na Universidade de Brasília, porém, não conseguiu ingressar. "Meses depois, as inscrições para o ProUni abriram e foi aí que eu decidi logo ir para o Iesb tentar uma chance de bolsa", diz. Porta de entrada no universo acadêmico, Vitória acredita que o programa beneficia muitos jovens. "Digo por mim mesma, pois as minhas únicas opções eram a federal ou uma bolsa na particular. Com a bolsa de 50%, a minha mãe consegue arcar o meu estudo sem muitas dificuldades", diz. "Ganhar a bolsa, para mim, foi um grande alívio e uma grande ajuda. Se eu não tivesse conseguido, teria persistido na UnB e continuaria prestando vestibulares para bolsas. Então a importância é essa, é uma oportunidade para a população de baixa renda", reitera.
O que define o tipo de bolsa do ProUni é a renda familiar do candidato. A bolsa integral é destinada a quem tem renda familiar bruta mensal de até 1,5 salário mínimo por pessoa. Já a bolsa parcial vai para quem tem renda familiar bruta mensal de até três salários mínimos por pessoa. A concorrência por uma bolsa do programa se dá entre os candidatos que escolheram as mesmas opções de curso, faculdade, campus, turno e modalidade de concorrência (cotas ou não). As vagas disponíveis vão sendo preenchidas por quem tem as maiores notas no Enem.
Fies
Há, ainda, duas intersecções entre o ProUni e o Fies. De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a primeira diz respeito à prioridade na distribuição dos recursos do Fies às instituições participantes do programa, conforme estabelece o art. 14 da Lei 11.096/05, que instituiu o ProUni. A segunda é a possibilidade de todos os bolsistas parciais de 50% contratarem, junto ao Fies, o financiamento de metade da parcela da mensalidade que não é coberta pela bolsa. "As regras do Fies são as mesmas para todos os estudantes, bolsistas do ProUni ou não. Para que o bolsista do ProUni possa contratar financiamento, a instituição de ensino deve aderir a processo específico do Fies".
Anualmente, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) realiza o Censo da Educação Superior, pesquisa sobre as instituições de educação superior que ofertam cursos de graduação e sequenciais de formação específica, além de seus alunos e docentes. Os dados mais recentes são de 2019, e mostram que 17.556 pessoas ingressaram em uma instituição privada de ensino no Distrito Federal, a partir do Enem, sendo que 86 candidatos foram selecionados para vagas de programas especiais.
Muitos desses estudantes ingressam fazendo uso do Fies. Isso porque não falta oportunidade para quem deseja fazer uso do benefício: 27 instituições de ensino particulares do DF aceitam o0 financiamento, segundo dados do Ministério da Educação. De acordo com as regras do programa, o estudante selecionado que firmar contrato terá parte de seu curso custeado por um contrato de financiamento estudantil e, ao final do curso, terá que pagar o financiamento.
Organização Financeira
Cursar uma faculdade exige custos. Desde as mensalidades, até transporte, material, alimentação e outras despesas. É por isso que o estudante precisa se planejar financeiramente. De acordo com o presidente do Conselho Regional de Economia do DF (Corecon-DF), César Bergo, manter todos os compromissos financeiros em dia é fundamental para que o período de estudo no ensino superior seja proveitoso e despreocupante.
"A pessoa, às vezes, não tem emprego, e a sua sobrevivência depende da família. Em um período em que os orçamentos das famílias já estão bem apertados, recomenda-se que a pessoa pense em alguma forma de conseguir trabalho para, pelo menos, reduzir o impacto do pagamento das mensalidades escolares", diz. Ao conseguir a renda, é preciso haver, ainda, um planejamento, conforme explica o economista. "Deve-se priorizar o que é mais importante para conseguir avaliar se pode assumir o compromisso. Às vezes, ele pode conseguir uma bolsa também, ou pensar em formas mais acessíveis, como cursos técnicos e a distância, que costumam ter um valor menor e trazem retorno a curto e médio prazo", diz.