As segundas-feiras, não importa de qual ano, mês ou clima do dia, seguem a mesma rotina para Gracilda Maria Duarte da Costa, 77 anos, moradora da Asa Norte e artesã. Há 21 anos, Cilda, como é conhecida, se levanta pontualmente e, cheia de alegria, vai prestar serviço voluntário ao Movimento de Apoio ao Paciente com Câncer (MAC). A artesã é responsável por contribuir com parte do café da manhã doado pelo MAC aos pacientes da Oncologia do Hospital de Base.
Os preparativos começam no domingo à noite. Cilda vai até uma horta do condomínio, no qual estão plantados a cidreira e capim-santo, colhe as folhas e as separa, coloca em uma jarra de água e escolhe a panela na qual, na manhã de segunda-feira, vai preparar 5 litros de chá. Enquanto o conteúdo ganha fervura, Cilda monta 40 pães recheados com requeijão. Após tudo pronto, embala os pãezinhos em sacos plásticos, higieniza tudo e leva o café da manhã para o MAC, onde a equipe de voluntários chega às 8h.
Além do chá e pães preparados por Cilda, há sucos, leite, café e bolos, que são doados por outros integrantes do movimento. Devido à pandemia, e por ser do grupo de risco, Cilda não participa do momento de entrega dos kits de café da manhã preparados por ela e por outros voluntários, mas o seu trabalho é recebido com muita alegria pelos pacientes que aguardam uma consulta ou tratamento. Missão cumprida!
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“É um serviço muito gratificante, e todos nós chegamos muito alegres, felizes. Na Páscoa, por exemplo, o grupo preparou ações especiais para os pacientes. Ainda me lembro do dia em que comecei, foi em 3 de março de 1999 e, desde lá, nunca parei. O MAC é um lugar especial, com pessoas muito especiais. Não vejo a hora de a pandemia acabar e eu poder voltar a entregar pessoalmente, a realizar as ações presenciais. Por enquanto, a gente fica nos bastidores ajudando como pode”, conta Cilda.
Mas o trabalho de Cilda não para no café. A a voluntária entregou para o MAC mais de 500 máscaras de tecido confeccionadas por ela mesma, para a proteção da covid-19, todas doadas para pacientes do Hospital de Base. “A gente tem como ajudar e fazemos o possível, damos aquele agrado, escutamos, pegamos na mão, damos alento. E eles agradecem e muito, estão muito felizes com o nosso trabalho. O nosso café da manhã é conhecido em todo o hospital quando a gente chega, vem logo enfermeiro, médico, paciente, todo mundo para conversar, aproveitar essa conexão amorosa. É uma delícia”, ressalta.
O movimento nasceu em 1992 e atua em diversas frentes do hospital. Além de levar lanches para pacientes e acompanhantes, o grupo recolhe doações e distribui cestas básicas para as famílias em vulnerabilidade social. “Somos uma instituição filantrópica que ajuda pacientes oncológicos mais vulneráveis, buscamos a melhor maneira de ajudar”, explica a presidente do MAC, Regina Selma de Sousa.
Regina conta que o grupo faz também distribuição de 120 cestas básicas por mês, além de contribuir com a passagem dos pacientes, medicamentos e auxiliar nos exames. “A situação deles é muito complicada, nem sempre conhecem o caminho mais fácil para conseguir um exame, por exemplo. A gente age nessa parte. O Base recebe muitos pacientes, até mesmo de outros estados, para a quimioterapia e radioterapia. Muitos ficam internados. Nós distribuímos kit de higiene, roupas, barbeador, toalhas e xampus”, enumera.
Experiência e suporte
Do outro lado da capital do país, em Ceilândia, Adson Montalvão, 47, presta também serviços voluntários. A rotina é seguida em três dias da semana: segunda, terça e sexta-feira. Às 6h40, Adson está na parada para pegar o ônibus que o levará até o Hospital Regional de Brazlândia (HRBz), onde atua como enfermeiro. O voluntário se formou em enfermagem em 2018 e atua no HRBz desde maio de 2020. Por volta das 7h30, Adson já começa a atuar no regional, onde é responsável pela triagem dos pacientes. O voluntário é um auxílio fundamental para aliviar a sobrecarga sentida no sistema de saúde devido à crise sanitária causada pelo Sars-CoV-2.
“No hospital, fico classificando os pacientes. Se eles estão com saturação abaixo de 92%, a gente já encaminha para a internação. Mas também fazemos outras atividades, como ajudar na intubação, por exemplo. E essa é a profissão que eu escolhi. Gosto de atuar nessa área”, conta o enfermeiro.
“É uma oportunidade de conseguirmos experiência e é muito gratificante. Quando nos formamos, ainda conhecemos pouco, estamos perdidos, e, de repente, eu estava atuando na linha de frente de combate à covid-19. Para o enfermeiro, é fundamental que mais pessoas entendam o trabalho voluntário. “Todo mundo que está lá é muito dedicado, doamos nosso tempo e esforço, e tudo que fazemos é com amor”, esclarece.
Outra voluntária do HRBz é Priscilla de Souza Barreto, 39, moradora de Brazlândia e tecnóloga em radiologia. “Eu conheci o programa de voluntariado por intermédio de uma amiga que trabalha no hospital. Foi uma oportunidade para que eu tivesse uma experiência na área, pois sempre que procuramos emprego, eles exigem experiência. Aqui está sendo um aprendizado, tanto profissional como humanista, muito grande”.
Como funciona
Ao lado de Núbia Andrade e Margarete de Oliveira, Layane Ribeiro é responsável pela coordenação do voluntariado nos hospitais regionais de Ceilândia (HRC) e Brazlândia (HRBz). Layane explica que existem dois tipos de atuações de voluntários nas regionais. “Temos o voluntariado composto por profissionais formados em diversas áreas que pretendem auxiliar o hospital na área da sua formação. E temos também o voluntariado social, que desenvolve a função de apoio, com atividades lúdicas e outras atividades feitas dentro dos hospitais para acolher os pacientes”.
Os voluntários têm a liberdade de escolher os dias e horários em que podem atuar. Depois disso, se organiza uma escala com os profissionais.
Contatos
MAC
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