Em tempos de pandemia, a saúde mental aparece em evidência nos assuntos do dia a dia. Surge uma série de perguntas. Como lidar com as emoções em meio a essa situação? Quais são os efeitos deixados em nossa mente? Afinal, o que é “ficar bem”? Para ajudar a responder a essa e outras questões, o Correio conversou com profissionais e voluntários que se dedicam a cuidar do bem-estar mental das pessoas.
Desde o começo do isolamento social, especialistas temiam uma explosão de novos diagnósticos de transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. A professora e psicóloga Hannya Herrera Cardona explica que pesquisas recentes têm mostrado como a pandemia afetou a forma das pessoas lidarem com os sentimentos. “Às vezes, não vemos o impacto a curto prazo e consideramos que isso não vai repercutir nas pessoas, na comunidade e na sociedade como um todo. Essas situações como distanciamento social, falta de perspectivas para o futuro, medo do contágio, a questão de lidar com a morte o tempo todo, vai gerando uma instabilidade emocional”, explica.
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Hannya é chefe da clínica-escola do campus do Iesb de Ceilândia. Por meio do programa Iesb em Ação, alunos do último período do curso de psicologia, professores e psicólogos da universidade atendem pessoas que precisam de acompanhamento psicológico. O trabalho é gratuito e oferecido em dois campus: Plano Piloto e Ceilândia.
O projeto acolhe todo tipo de público. “Crianças, adolescentes, idosos e adultos. A maior parte deles são atendimentos psicoterápicos individuais, mas também temos em grupo”, explica Cardona. Com a pandemia, o serviço quase sempre é oferecido on-line. Somente no semestre passado, os dois locais realizaram mais de 25 mil atendimentos.
Na avaliação da professora Jéssyca Nadia, coordenadora do programa, atos de solidariedade que priorizam a saúde mental precisam ser continuados. “Durante a pandemia, as pessoas começaram a se mobilizar de uma forma muito grande no início. Só que isso foi diminuindo e as pessoas continuam precisando desse auxílio psicológico. Os impactos começaram a se mostrar maiores”, afirma.
Jéssyca explica que os envolvidos no projeto também ganham com experiência e um olhar diferenciado sobre a população. “Essas ações são de extrema importância para a comunidade, mas, principalmente, para os nossos alunos. Eles conseguem colocar em prática o que aprenderam na aula”, ressalta. “Vão ser profissionais com olhar mais humano”, conclui.
Exercitando a solidariedade em uma corrente do bem, a psicóloga Socorro Miranda Torres firmou uma parceria com outras duas profissionais das áreas da saúde e educação física. O trabalho da Plenus Pulsare consiste em pensar em propostas que resgatem a saúde e o bem-estar, promovendo cursos e palestras. “Cada uma, com a sua experiência, pode oferecer uma proposta de promoção e prevenção à saúde”, diz Socorro.
Presidente da Sociedade Vipassana de Meditação (SVM), Régis Guimarães conhece bem as consequências de uma vida agitada. Formado em engenharia industrial, ele lembra que costumava virar noites por conta do trabalho. A rotina intensa gerou níveis de estresse. No ano de 1990, Régis decidiu embarcar em uma jornada pessoal pela busca do bem-estar mental. “Decidi procurar e estudar sobre meditação. Fui pesquisando e me deparei com a filosofia indiana, hindu e as práticas de meditação. Depois, descobri a Vipassana, de origem budista”.
A ideia deu tão certo, que o projeto cresceu e Guimarães fundou a Sociedade Vipassana para ajudar outras pessoas que estão na mesma situação. “Comecei a reunir amigos em casa para a prática de meditação. O grupo foi crescendo e, então, tivemos que alugar um espaço maior. Mas a procura continuou, as pessoas queriam o curso de meditação e aumentamos o nosso espaço mais uma vez. No total, mais de 15 mil pessoas fizeram o nosso curso”, conta, sobre o desenvolvimento da SVM.
Outro projeto de atendimento psicológico gratuito para moradores do DF é o da Ação Social Caminheiros de Antônio de Pádua (Ascap). A psicóloga Priscila Carvalho Freitas, 41, é voluntária desde 2019. O objetivo é prestar apoio para pessoas que não possuem condições financeiras para arcar com os custos de um acompanhamento psicológico. “O intuito é promover qualidade de vida e acesso a um atendimento que promova dignidade, igualdade, respeito e acolhimento”, explica.
No projeto, são realizados atendimentos semanais e cada sessão dura cerca de 50 minutos. Devido à pandemia, todo o processo é feito de maneira on-line. “Percebemos, inclusive, que a procura aumentou com a situações de falecimentos de entes queridos e pessoas que apresentam síndrome pós-covid, que são sequelas do coronavírus”, avalia a especialista.
A saúde mental é primordial para o dia a dia, pois envolve qualidade de vida. “É importante saber lidar com os próprios sentimentos, pensamentos, emoções e relações sociais. Também aumenta o autoconhecimento e pode ajudar na identificação do que o paciente está sentindo”, reitera Priscila.
Onde procurar ajuda
Sociedade Vipassana de Meditação (SVM)
» Contato: (61) 9 8481-2187
» Instagram: @sociedade.vipassana
Clínica de Psicologia Iesb
Dúvidas podem ser respondidas e horários poderão ser marcados por meio dos contatos abaixo durante o período de segunda a sexta-feira, entre 8h e 20h; e aos sábados, de 8h até 13h.
» Campus Ceilândia: (61) 3962-4748 | Celular e WhatsApp (61) 9256-6571 e (61) 99253-3032
» Campus Plano Piloto: (61) 3962-4802 | Celular (61) 99264-4227
Ascap
» Contato: (61) 3082-7324 | Celular e WhatsApp: (61) 9 9289-8079
Plenus Pulsare
» Instagram: @plenuspulsare
www.plenuspulsare.com.br
Centro de Voluntariado - Atitude Ceub
Alunos, professores e colaboradores trabalham em ações de voluntariado para ajudar a comunidade. Qualquer um pode se tornar voluntário nos projetos que a instituição auxilia.
» Contato: (61) 3966-1474 e (61) 3966-1475