O ensino médio é etapa essencial na formação dos estudantes, principalmente diante da perspectiva de acesso ao ensino superior. Se num cenário normal a preparação para provas como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) já é cansativa, no período de quarentena os desafios se multiplicam.
De acordo com o vice-presidente de Educação do pré-vestibular on-line Descomplica, Rafael Cunha, em um primeiro momento, os estudantes pararam de estudar ou tiveram mais dificuldade de focar nos estudos. Com o tempo, no entanto, adaptaram-se, conforme as possibilidades de cada um, e apoiá-los também no sentido emocional neste momento é essencial.
“Nós focamos não só nas matérias, mas também em aulas com psicólogos, nutricionistas e educadores físicos. Até aulas de atualidades voltadas para um lado mais filosófico e existencial, para que as pessoas possam lidar melhor com esse momento. O conteúdo continua sendo dado, cercado por uma série de elementos para este novo momento”, explica.
Para manter uma rotina escolar saudável e eficiente, o educador sugere que haja organização por parte dos estudantes no alcance de seus objetivos. Em primeiro lugar, o aluno precisa ter acesso ao conteúdo, por meio de videoaulas ou vídeos gravados. A segunda etapa é assimilá-lo, o que pode ser feito ao ler anotações ou livros didáticos sobre o assunto. A última fase é colocar em prática o conhecimento adquirido, feito por meio de exercícios, apresentações e projetos.
Por parte das escolas, é importante fazer um esforço para que esse novo estilo de transmitir conhecimento tenha bons resultados. Como o momento é de emergência, muitas instituições de ensino e professores com pouca experiência em técnicas de pedagogia digital apenas passam as aulas que fariam presencialmente para o meio on-line. Tentar inovar é importante para manter o foco dos estudantes por meio das telas.
Rafael Cunha incentiva os docentes a fazerem isso com o que têm em mãos. “Existe uma pedagogia que é essencialmente audiovisual, acompanhada de material escrito, que é muito mais efetiva do que transportar a aula expositiva da sala de aula para o computador. Uma não é melhor que a outra, necessariamente. Mas o momento em que estamos agora faz com que a pedagogia digital consiga atingir melhor os alunos”, detalha.
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Vencendo obstáculos
Bruna de Mello Florêncio, 17 anos, cursa o último ano do ensino médio. Ela percebe queda no próprio rendimento e no dos colegas classe desde o início da quarentena. Além da dificuldade em se concentrar nas aulas remotas, observa que o confinamento e a falta de socialização afeta emocionalmente.
A estudante se dedica às aulas pela manhã, enquanto se prepara para o Enem no período da tarde. Uma das preocupações em relação ao exame é a experiência de fazer a prova escrita já que, no momento, os simulados só podem ser respondidos de maneira digital. Ela está inscrita para a prova presencial, em janeiro. “A prova na tela não condiz com a realidade que a gente vai ter em relação ao Enem”, relata a jovem. Apesar do momento difícil, Bruna admira a forma como os professores estão lidando com a situação de emergência. “Eles não têm culpa do que está acontecendo. Estão apenas tentando nos ajudar, e tem muita gente colocando pressão neles.”
A mesma rotina de estudos é seguida por Larissa Eduarda de Oliveira, 17. A estudante quer cursar medicina veterinária e, para isso, se inscreveu no Enem. “Está sendo mais difícil, porque está muito cansativo”, desabafa. Ela relata sentir falta de aulas mais dinâmicas e conta que alguns colegas têm enfrentado dificuldades com a modalidade de ensino remoto emergencial. “Por conta do isolamento social, muita gente tem passado por problemas psicológicos”, narra.