Atualmente a data já é cediça e trivial em terra brasilis, porém, tão aguardada tanto pelos comerciantes quanto pelos consumidores, a Black Friday não é um evento nacional, tampouco é um tradição que remonta há muitas décadas. Pelo contrário, essa chuva de ofertas só viera respingar em solo brasileiro no ano de 2010, em um esforço de fomentar o ainda não tão utilizado e-commerce.
Somente dois anos depois, em 2012, que demais empreendimentos começaram a adotar a data no país, face aos animadores números de 2010.
Tal distância de dois anos entre 2010 e 2012 não foi à toa.
Para a melhor aplicação de algo tão delicado e perigoso como descontos de até 70%, existe um estudo de mercado e análise precisas, feita por equipes internas das empresas interessadas ou empresas especializadas na realização de consultorias de vendas que planejam cuidadosamente tais ações.
Um passo em falso e a estratégia que alavancou um segmento do comércio em 2010 poderia ser a derrocada de uma empresa em 2012, então, em um território tão volátil e inconstante, todo cuidado é necessário, e episódios históricos de grandes empresas são um bom exemplo disso.
Prejuízo Relâmpago
Sim, grandes empresas também fazem pequenos negócios, e não no sentido de estratégias mais domésticas de abordagem comercial, ou até compra de empreendimentos mais contidos. Pequenos no termo de sucesso/proveito econômico mesmo, ou, se for para ser um pouco mais duro no termo, um grande fracasso que quase quebra uma multinacional já consagrada no mercado.
Nas Olimpíadas dos Estados Unidos de 1984, o McDonald 's viu um dos maiores casos de fracasso de sua longa estrada.
A estratégia por si só já era ousada o suficiente, todavia, fatores externos levaram a gigante do ramo de fast foods a um dos maiores prejuízos de sua história, se não o maior.
A campanha era a seguinte: a cada produto comprado no McDonald 's, o cliente ganhava uma raspadinha, e caso encontrasse duas medalhas iguais, das três que vinham impressas no papel, levava uma bolada de dinheiro para casa. Porém, o que realmente deixou os criadores do Mc Lanche nada felizes, foi a segunda parte dessa promoção e o seu desgringolar.
Para cada medalha que os Estados Unidos levassem para casa, os clientes levavam um prêmio junto: “U.S. wins, you wins”.
Lindo, patriótico, convidativo e um completo desastre.
A estimativa feita pelos executivos da empresa quanto ao desempenho estadunidense nas últimas Olimpíadas chegou a um número de, em média, 35 medalhas para cada metal, totalizando 105 somando ouro, prata e bronze.
Para cada lugar no pódio vinha um prêmio diferente, no ouro era um Big Mac, na prata uma porção média de batatas fritas e, no bronze, um copo de refrigerante.
A grande questão que gerou um prejuízo, estimado, nos valores atuais, de mais de um bilhão de reais, só contando os Big Macs, é que a maior força dos jogos olímpicos, a URSS não participou dessa edição, como forma de resposta ao boicote estadunidense na Olimpíada de Moscou, sendo acompanhada no boicote por outras forças graúdas da competição, como Alemanha Oriental e vários outros países do leste europeu.
Os Estados Unidos ganharam 83 ouros, 61 pratas e 30 bronzes, o que causou o desaparecimento de Big Macs em mais de 6.000 agências da rede nos Estados Unidos.
U.S. wins, We lose.
Melhores Preços Do Ano
O McDonald 's não foi a única empresa a ter um insucesso de campanha publicitária.
Erros são comuns, e por mais que eventualmente sejam soterrados na memória da população face a rápida rotatividade de informações, memes, campanhas e casos do dia a dia, alguns ficam marcados na história das empresas como uma lição sobre a importância que um bom marketing tem, mesmo para empresas de grande porte e de grande confiança.
A mudança de logo da GAP, em 2010, o lançamento da NEW COKE da Coca-Cola, a foto retirada do Getty Images da campanha publicitária da Samsung, são claros exemplos do que não se faz em uma campanha publicitária. E face a tais insucessos é que se tem um panorama claro da importância do marketing nas vendas nos dias de hoje.
A estratégia não basta ser boa, ela tem que ser oportuna, de tempestividade irretocável e com uma abordagem correta para o nicho específico do público que se procura agradar.
Para tal, especialistas em marketing e consultores de venda estão sempre antenados e conectados com as tendências do mercado e das buscas em sites de pesquisa.
Bruna Bozano, especialista em SEO, explica que é por isso que os engenheiros de otimização para buscadores estudam e elaboram estruturas de conteúdo voltadas para as tendências do mercado durante todo o ano, porém, existem momentos específicos, em que até mesmo um vendedor popular, sem investimento em estudo de marketing, consegue alavancar suas vendas.
As datas comemorativas sempre tiveram um cunho comercial, porém o marketing soube fazer um amálgama entre o sentido social e afetivo de um número no calendário com o ímpeto de esvaziar os números das contas bancárias que o trabalhador tem em determinadas épocas do ano.
As datas de maior relevância comercial são:
- Natal
- Black Friday
- Dia dos namorados
- Dia das mães
- Dia dos pais
E nestas datas, deve, não somente o consumidor, se atentar às melhores ofertas, como, também, as empresas, às melhores estratégias de marketing para conseguir decolar alguma campanha que deseje.
Obviamente, existe a necessidade de ter uma ação de marketing nessas datas específicas, tanto para manter a boa relação com o consumidor quanto a credibilidade alcançada no decorrer dos anos, porém, hoje, essas ações não precisam ser engessadas ao escopo padrão. Podem ser apresentadas alternativas criativas, parcerias com influenciadores e outras marcas rivais, campanhas utilizando memes, além de tendências e músicas de sucesso.
O céu é o limite, mas também pode gerar uma queda alta, por isso que se deve ter tanto cuidado e respeito ao consumidor.
Todo Dia É Um Bom Dia Para Fazer Negócio
Apesar da sua relevância comercial, o comerciante não pode somente se apegar a datas especiais, até porque não são todos os produtos que têm uma data específica para ser comercializado.
Não existe o dia do fone de ouvido gamer, ou o dia do tênis esportivo.
Não pode o vendedor de aparelhos digitais, receptores athomics connect, ou dos televisores de LCD, aguardar o ano todo para vender todo seu estoque de uma vez.
É justamente essa simples certeza que enviesa o marketing digital como a melhor estratégia de vendas atualmente, seja numa pequena loja de shopping ou em uma grande empresa, já que o acesso a tudo é muito mais dinâmico no mundo atual.
Segundo estimativa da Global Web Index, em pesquisa realizada em 2016, 87% dos usuários de internet possuem smartphones, o que gera uma dinamicidade do consumo que vai além do que chegar em casa e pesquisar algo. Uma compra por impulsividade pode ser feita no caminho de volta para casa ou na ida ao banheiro.
Por esses motivos é que os dados da pesquisa feita pela Semrush, que aponta que 84% das agências de marketing por eles entrevistados têm alguma estratégia de marketing de conteúdo, não impressiona.
Esse tipo de abordagem é o caminho mais sincero e consciente com o consumidor para alavancar as vendas em qualquer época do ano.
Este texto não reflete a visão do Correio Braziliense